5 de julho de 2016

A Volta a França de Rui Costa

Fotografia (Facebook Rui Costa)
Em 2013 a carreira de Rui Costa chegou a um ponto tão alto que teve poder de negociação para escolher uma equipa World Tour na qual pudesse ser líder. A opção da Lampre-Merida aconteceu ainda antes da sua maior vitória: nos Mundiais em Firenze, Itália. De camisola do arco-íris e número um da equipa, Rui Costa colocou como grande objectivo de carreira um top dez na Volta a França, a única competição de três semanas em que participou e na qual conquistou três etapas, duas precisamente naquele ano glorioso.

Os dois anos seguintes não correram bem. Não terminou o Tour, não conquistou etapas e o apoio da equipa nunca foi o esperado, com excepção de um leal Nelson Oliveira, que entretanto mudou-se para a Movistar, de onde veio Rui Costa. Em 2016 o ciclista português volta, de certa forma, às origens, ou seja, é altura de ser novamente um candidato a vencer etapas. Um top dez? Logo se vê o que a corrida proporciona, mas é altura de voltar a ver Rui Costa ao ataque e o próprio admitiu essa ambição numa entrevista.

E é uma boa altura para realçar este facto, é que esta quarta-feira é um dia à Rui Costa. É o primeiro de montanha da Volta a França, sem que seja a alta-montanha. Entre terceiras e segundas categorias, este tipo de dificuldades costumam agradar ao ciclista português e com mais de 200 quilómetros. Depois de dois anos frustrantes, há um grande desejo de voltar a ver Rui Costa mostrar-se entre os melhores do mundo, recordando que também ele pode ser um deles. Já se sabe que uma vitória no Tour é uma consagração para a vida e o português merece a quarta depois do muito que tem lutado numa Lampre que tanto o deixa abandonado à sua sorte.

Há outra questão a ter em conta. Em final de contrato, o futuro de Rui Costa é ainda uma incógnita. É um ciclista com mercado, sem dúvida, mas um bom resultado no Tour poderá novamente dar-lhe poder de negociação, seja para continuar, ou tentar outra equipa, pois não se poderá esquecer que há um outro objectivo por alcançar: o monumento Liège-Bastogne-Liège. Se nas três semanas ainda estamos por perceber se realmente Rui Costa consegue manter-se na luta até ao fim, já em certas provas de um dia, como a Liège, o português é exímio.

É dia de Rui Costa na Volta a França - que teve uma queda sem consequências na segunda etapa -, que terá como um dos adversários Alejandro Valverde (Movistar), o ciclista que perdeu contacto com o pelotão devido ao vento, em 2013, com a equipa a dar ordem a Rui Costa para ficar para trás e ajudar o espanhol. As críticas em Portugal foram muitas, mas também foi a oportunidade para ganhar duas etapas e provavelmente dar-lhe o empurrão para seguir o seu caminho como líder.

Nelson Oliveira, o outro português no Tour

Num papel bem mais discreto continua e vai continuar Nelson Oliveira. Rui Costa bem gostaria de continuar a tê-lo a sua lado, mas é Nairo Quintana o privilegiado. O português muito trabalhado nas primeiras etapas, já perdeu tempo e vai perder muito mais. Talvez na etapa 13, dia de contra-relógio, seja possível vê-lo destacar-se na sua especialidade. Com a Movistar completamente dedicada ao sueño amarillo de Quintana, só Valverde deverá ter ordem para "furar" a união do grupo.

Sérgio Paulinho, Tiago Machado e José Mendes eram nomes que se esperava terem a possibilidade de também estar no Tour. Por diferentes razões não foram chamados, mas deverão estar na Vuelta que deverá ter um forte contingente português.

Etapa 5: Limoges - Le Lioran (216 quilómetros)


Chega o primeiro teste para os homens da geral. Será que vão atacar? Será que vão aproveitar para tentar tirar um debilitado Contador da equação? O espanhol admitiu que ainda não consegue pedalar bem de pé na bicicleta, como tanto gosta, mas Froome e Quintana também poderão querer esperar antes pelo fim-de-semana. Já de um Vincenzo Nibali a precisar de recuperar tempo e de um ambicioso Fabio Aru, ambos da Astana, nunca se sabe, assim como de Richie Porte (BMC) a precisar de recuperar quase dois minutos perdidos por causa de um furo na terceira etapa.

Ainda antes dos considerados grandes momentos do Tour, esta etapa já deverá proporcionar muita animação, com os ciclistas a enfrentar cinco subidas nos últimos 60 quilómetros. As segundas categorias em Pas de Peyrol e Col du Perthus podem não ser muito longas, mas tem pendentes médias a rondar os 8%. E depois ainda esperam aos ciclistas umas descidas que podem ser aproveitadas para ganhar distância. Ninguém vai ganhar a Volta a França neste dia, mas também ninguém poderá distrair-se e perder tempo.

Sprinters muito emocionados neste Tour

(Fotografia: Etixx-QuickStep)
Na quarta etapa já se voltou a velocidades normais e também a um vencedor anunciado... ainda que não se esperasse que ganhasse em Limoges. Não era uma chegada para Marcel Kittel, devido ao sobe e desce que a antecedia e também porque a meta estava precisamente numa subida. Peter Sagan (Tinkoff) e Bryan Coquard (Direct Energie) eram os favoritos, com André Greipel (Lotto Soudal) a ter muito em conta. Mas não, foi um Kittel enraivecido por ainda não ter ganho que enfrentou as dificuldades e os adversários com aquele poderio tão próprio. Coquard foi o único que tentou ombrear (literalmente) com o alemão e perdeu por milímetros.

Depois de já termos visto um Mark Cavendish (Dimension Data) muito emocionado na primeira etapa, foi a vez de Kittel mostrar o seu lado mais emocional, ao ponto de admitir que sentia como se fosse a primeira vez que vencia no Tour. Foi a nona e principalmente um alívio para a Etixx-QuickStep, que vai agora concentrar-se em Julian Alaphilippe - outro nome a ter em atenção para a etapa de quarta-feira - e Daniel Martin, antes de regressar aos sprints de Kittel.

Peter Sagan foi terceiro, manteve a camisola amarela que provavelmente irá perder já na próxima etapa, mas é novamente líder da classificação por pontos, o seu objectivo do Tour.


Résumé - Étape 4 - Tour de France 2016 por tourdefrance

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