9 de julho de 2016

Dimension Data: o renascer dos ciclistas

Stephen Cummings conquistou pelo segundo ano consecutivo
uma etapa no Tour (Fotografia: Team Sky)

Confirmou-se: dia para cumprir por parte dos favoritos (os que ainda o são) e uma fuga que acabou por ter uma animação de Greg Van Avermaet que voltou a integrá-la, aproveitando para ganhar mais uns segundos na defesa da sua camisola amarela. Vamos ver se nos Pirenéus há mais acção. Porém, não se pode dizer que não houve entretenimento no Col d'Aspin, uma das subidas que mais vezes é integrada no Tour. O responsável é um homem que tem por hábito marcar uma etapa no seu calendário e se mete na cabeça que vai ganhar, então cuidado. Stephen Cummings é mais um exemplo como na Dimension Data, a anterior MTN-Qhubeka, alguns ciclistas reencontraram o seu melhor, mesmo quando a idade começa a dar sinais de pesar.

Com este triunfo, a equipa sul-africana soma quatro na Volta a França em sete etapas, além de ter Mark Cavendish de camisola verde. Este projecto, que nasceu com a missão de contribuir para a promoção do ciclismo em África, está a tornar-se num dos casos mais interessantes desde que a Sky chegou ao pelotão internacional e transformou todo um método de treino e de corrida.

Quando começou (2008), a MTN-Qhubeka tentou mostrar que também em África é possível encontrar ciclistas com talento e qualidade para estar no World Tour. O crescimento foi feito de ano para ano, sem loucuras e com os resultados a colocarem a equipa no radar do ciclismo internacional e a começar a ser muito falada. As 25 vitórias em 2012 ajudaram, tal como as boas temporadas que se seguiram. Os eritreus Daniel Teklehaimanot e Natnael Berhane tornaram-se referências.

Mas foi em 2015 que a equipa sul-africana deu sinais que tinha chegado a altura de "dar o salto", ainda que continuasse no escalão Profissional Continental. Contrata Stephen Cummings e Edvald Boasson Hagen, dois nomes respeitados e experientes do pelotão. O primeiro estava na BMC, mas já tinha passado pela Sky onde corria o norueguês. Parecia ser um passo atrás na carreira, mas a verdade é que ambos redescobriram a liberdade de perseguir os seus resultados e não ter de trabalhar em prol de um líder apenas. O ponto alto da MTN-Qhubeka chegaria com um triunfo fantástico de Cummings na etapa 14 do Tour, em Mende. Enquanto Thibaut Pinot e Romain Bardet se marcavam mutuamente, o britânico apareceu de rompante e ganhou. E não se pode esquecer que Teklehaimanot chegou a liderar a classificação da montanha.

Voltando a Cummings, o britânico, de 35 anos, somou em Lac de Payolle a quarta vitória do ano e todas elas em provas importantes: Tirreno-Adriático, Volta ao País Basco, Critérium du Dauphiné e agora na Volta a França. Começa a ser difícil pensar que Cummings não vai aos Jogos Olímpicos perante estes resultados.

Para a Dimension Data, a contratação de Cummings mostrou-se tão acertada, como a de Boasson Hagen e claro a de Mark Cavendish. Este último chegou na altura que a equipa passou para o World Tour, mas todo o investimento feito está a ter retorno, mesmo que no caso de Cavendish tenha sido preciso esperar pela Volta a França para o comprovar.

Um insólito para animar a etapa

Enquanto Stephen Cummings pedalava para a vitória, o grupo dos favoritos estava tranquilamente a caminho da meta quando esbarrou no insuflável que marca o último quilómetro. Adam Yates (Orica-BikeExchange) levou mesmo com ele e teve como brinde uns pontos no queixo. O próprio britânico já garantiu que irá continuar em prova e como a organização resolveu registar os tempos aos três quilómetros do fim - devido ao incidente - Yates até subiu ao segundo lugar e lidera agora a classificação da juventude.


Um espectador terá inadvertidamente tirado um parafuso de um dos suportes, provocando que o ar deixa-se de entrar no insuflável. O insólito traz à memória o autocarro da Orica preso nos placares da meta na 100ª edição do Tour.



Para Thibaut Pinot (FDJ) a decisão dos três quilómetros não o salvou do descalabro. O francês está a mais de três minutos de Froome, Quintana e companhia, da qual também não fazem parte Alberto Contador (Tinkoff) e Richie Porte (BMC). A montanha ainda agora começou e a grande esperança francesa já nem ao pódio tem aspirações de chegar.

Quanto a Greg Van Avermaet, quer fazer o impossível? Certamente que não pensa que vai ganhar o Tour, mas quer andar o máximo tempo possível de amarela e com os 5:50 de avanço, até é possível que saia dos Pirenéus com ela vestida.

Para terminar, é oficial: ao fim de uma semana nenhum ciclista desistiu, algo inédito na Volta a França. Até Michael Morkov (Katusha), que sofreu uma aparatosa queda na primeira etapa já perto da meta, continua a terminar em grande esforço as etapas, fazendo constantemente companhia ao carro vassoura, mas sem entrar nele.


Résumé - Étape 7 (L'Isle-Jourdain / Lac de... por tourdefrance

Etapa 8: Pau - Bagnères-de-Luchon (184 quilómetros)


Não é dia para poupanças. Se se é candidato então há que mostrá-lo, seja a atacar ou a defender-se. A etapa é marcada por uma das subidas míticas da Volta a França: o Tourmalet. Serão 19 quilómetros de categoria especial, que levará o pelotão aos 2115 metros de altitude, numa pendente média de 7,4%, que chega a ter mais de 10% de máxima. Mas o Tourmalet será apenas para começar, pois esperam ainda os ciclistas mais três dificuldades, uma de segunda e duas de primeira, antes de descerem até à meta. Há quem considere esta etapa como a mais difícil devido ao percurso que não permite qualquer descanso entre as subidas.

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