11 de outubro de 2016

Superou uma meningite que a deixou em coma, um cancro na pele, fracturas de stress e ainda uma acusação de doping. Aos 41 anos voltou a ser campeã do mundo

(Fotografia: Facebook UCI Doha 2016)
Aos 41 anos Amber Neben voltou ao topo do ciclismo depois do desgosto de ter ficado de fora dos Jogos Olímpicos. Porém, a americana tem uma história de vida que vai muito além da desilusão de não ter competido no Rio de Janeiro. Não surpreende que apesar de ter planos para continuar em 2017 a participar em algumas corridas, queira começar a preparar o futuro e esse passe por ajudar os mais jovens a superar as adversidades que a vida pode trazer.

Foram duas horas sentada naquela cadeira do meio que é suposto ser sinal de glória, mas que para Neben tornou-se sinal de ansiedade. "O meu coração estava a saltar batimentos", confessou. A longa espera piorou quando as principais candidatas se fizeram à estrada, mas uma após outra cortou a meta sem conseguir bater o tempo da americana. A holandesa Ellen van Dijk e a australiana Katrin Garfoot assustaram, mas foram cinco e oito segundos a separar as ciclistas do tempo de Neben, que completou os 28,9 quilómetros em 36:37 minutos.

Este é o segundo título mundial de contra-relógio para Amber Neben. Em 2008 sagrou-se campeã um ano depois de ter combatido com sucesso um melanoma. Porém, a história de superação começou aos quatro anos quando uma meningite a deixou em risco de vida. Esteve em coma e os médicos previam que pudesse ficar com danos cerebrais. Neben tornar-se-ia uma atleta. Jogou futebol, mas enveredou pelo atletismo, que lhe valeu uma bolsa de estudo na Universidade de Nebraska. No entanto, mas uma vez teria de lutar contra problemas de saúde. Fracturas de stress obrigaram-na a abandonar o atletismo e ao terminar a universidade virou-se para o ciclismo.

Começou no BTT, mas era claramente na estrada que podia explorar todo o seu potencial como atleta. Em 2003 foi campeã nacional e na sua carreira soma várias vitórias principalmente em provas de um dia. Mas precisamente nesse ano, Neben enfrentou uma acusação de doping. Alegou que a ingestão tinha sido feita através de suplementos alimentares e a decisão final acabou por determinar que Neben não se dopou intencionalmente, tendo cumprido, ainda assim, seis meses de suspensão e durante 18 foi regularmente testada.

Amber Neben já vai pensando no final da carreira e o título mundial não estava bem nos seus planos, pois o percurso plano não era muito ao seu jeito. Contudo, mais uma vez, Neben ultrapassou as expectativas e tem a camisola do arco-íris novamente vestida.

Em 2017 não a vamos ver muito na estrada. Neben diz que estará apenas em alguns eventos, em algumas corridas mais importantes. "Gostava também de começar a minha equipa nos EUA, fazer uma parceria com a minha equipa UCI e assim ajudar jovens ciclistas e também falar sobre alguns assuntos a alunos das escolas secundárias, como a depressão ou distúrbios alimentares. Gostaria de conseguir encorajar jovens a estabelecer objectivos, a serem perseverantes e a trabalhar arduamente." Em suma, Neben quer agora colocar a sua experiência pessoal ao serviço das novas gerações.


João Almeida o melhor dos portugueses

(Fotografia: Twitter UCI Doha 2016)
O dia começou com o contra-relógio de juniores masculinos (28,9 quilómetros). Brandon McNulty (EUA) sagrou-se campeão do mundo com o tempo de 34:42 minutos. A 35 segundos ficou o dinamarquês Mikkel Bjerg e a 53 o também americano Ian Garrison. Dos portugueses, foi João Almeida quem alcançou o melhor resultado, numa manhã de muito calor que não facilitou em nada a performance dos ciclistas. João Almeida foi 26º a 2:57 minutos do vencedor, enquanto Daniel Viegas foi 45º a 3:54.

Esta quarta-feira é dia de novo contra-relógio, com a elite masculina a fazer-se à estrada. A prova começa às 13.30 locais (menos duas horas em Portugal Continental) e terá transmissão na RTP2. As atenções centram-se em Nelson Oliveira, que apesar de não ter um percurso que assente às suas características, irá tentar somar mais um bom resultado, depois do sétimo lugar nos Jogos Olímpicos e o quarto nos Europeus.

Além do calor - 38 graus de temperatura máxima - o vento poderá também ser um problema para os 40 quilómetros da distância.

Sem comentários:

Enviar um comentário