(Fotografia: Federação Portuguesa de Ciclismo) |
Segurança acima de tudo, mas este caso foi bastante insólito. Aconteceu no Prémio de Ciclismo "Força Minho", corrida para a categoria cadetes e juniores, que se realizou no último sábado, dia 10 de Junho. A Associação de Ciclismo do Minho tinha organizado um protesto contra o aumento dos custos de policiamento em nas competições de ciclismo e revelou os números de agentes que estavam destacados para a corrida em causa. O pelotão de jovens era composto por 56 ciclistas, numa prova com 40 quilómetros, mas no total estiveram de serviço 59 agentes e 18 veículos da PSP e GNR. Ou seja, houve mais polícia do que corredores, algo inédito.
A partida simbólica, em Guimarães, ficou marcada por apitos que os ciclistas utilizaram para se fazerem ouvir no protesto. O aumento de custos com o policiamento está na agenda da FPC. A forma de destacar agentes provoca, segundo o organismo, uma duplicação de meios que aumenta não só os custos, mas também leva a "uma perda de eficiência na qualidade da segurança". "A FPC já expôs a sua posição junto do Secretário de Estado da Administração Interna, sugerindo que o destacamento eventual de trânsito para as provas ciclismo fosse desempenhado por uma única força de segurança, da partida à chegada, independentemente da área territorial de cada força", salientou Delmino Pereira, citado pela FPC. O presidente do organismo que tutela a modalidade acrescentou que se tem "vindo a assistir, com frequência, a esta nova e inédita forma de criação de dois destacamentos eventuais de trânsito para uma mesma prova, provocando uma duplicação desnecessária de meios humanos e logísticos". "Essa duplicação de custos é acrescida de uma perda de eficiência na qualidade da segurança prestada aos ciclistas e à população no decorrer das provas", alertou.
Delmino Pereira espera que o Ministério da Administração Interna possa "clarificar" e de uma forma "mais sensata" a organização do policiamento nas corridas. "A nossa modalidade pratica-se na via pública e teremos sempre de organizar as nossas actividades numa total e boa colaboração com as forças de segurança", reforçou o dirigente.
Na sua página de Facebook, a Associação de Ciclismo do Minho publicou a imagem, que mostramos ao lado, quando anunciou o protesto marcado para o início da corrida. E mais deverão seguir-se. "Depois deste primeiro protesto e até que o assunto seja efectivamente resolvido serão promovidas mais manifestações noutros pontos do país", lê-se no site da associação.
"Explicámos previamente que o evento desportivo não era uma corrida de agentes da autoridade mas uma corrida de ciclismo amador, afigurando-se absolutamente desproporcionado e inexplicável o destacamento de um contingente total de 59 agentes da autoridade e de 18 viaturas”, frisou José Luís Ribeiro, presidente da associação. O dirigente deixa ainda alguns exemplos como os custos aumentaram para quem quer organizar provas de ciclismo, além do policiamento, como este: “Em provas de ciclismo amador do Campeonato do Minho em que, por exemplo, participe um atleta da Galiza (o que é frequente), por integrar um atleta estrangeiro é aplicada a tabela mais cara. Nas provas amadoras de âmbito regional que integrem actividades de iniciação para os mais pequenos experimentarem a modalidade é aplicada a tabela mais cara porque é permita a participação do público em geral.”
José Luís Ribeiro deixa ainda um lamento, nas declarações publicadas no site da associação: “Tristemente, mais evidenciadas ficam as injustiças se relembrarmos que o Estado assume integralmente (não comparticipa, paga mesmo na totalidade) o acompanhamento policial de claques de futebol e o policiamento em redor dos estádios.”
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