30 de setembro de 2018

Finalmente Valverde

(Fotografia: © BettiniPhoto/Facebook Mundiais de Innsbruck-Tirol)
Valverde tinha acabado de cortar a meta em Innsbruck quando cai uma mensagem no telemóvel: "O que dizer? Que monstro." Pegando nesta expressão de um amante e profundo entendedor de ciclismo, "monstro" talvez seja mesmo a melhor forma de descrever Alejandro Valverde. Simples e directa. Para quê prolongar mais a descrição do que este ciclista fez neste domingo. O que fez na sua carreira.

Aos 38 anos, quando muitos já se retiraram ou pensam estar na altura de o fazer, mantendo-se muitas vezes com papéis secundários nas equipas, este espanhol tem estado na linha da frente, somando vitórias, disputando todas as corridas como se cada uma fosse a mais importante da carreira. Estes Mundiais eram provavelmente essa tal corrida. A corrida de uma vida. As lágrimas no final demonstraram o alívio de finalmente ter o título que lhe faltava, depois de dois segundos lugares e quatro terceiros.

E que gesto se viu de seguida. Peter Sagan, o tricampeão do mundo - que dada as dificuldades do percurso acabou por abandonar -, saltou para o pódio para ser ele a passar o testemunho. Entregou a medalha a Valverde. Um senhor do ciclismo este Peter Sagan! Um senhor de desportivismo! Por momentos roubou um pouco das atenções. Mas o dia é de Valverde. O próximo ano será de Valverde de arco-íris.

Era um dos favoritos, numa lista em que muitos se poderiam incluir. Porém, quando no circuito final de Innsbruck, as últimas três voltas foram eliminando nomes importantes, começou-se a perceber que quem tinha estado na Vuelta estava a pagar o esforço recente de uma grande volta. Valverde terminou a Vuelta em perda, não só não conseguindo ganhar, como deixando escapar o pódio, além das críticas a uma liderança partilhada com Nairo Quintana que não funcionou. Talvez já seja de mais pedir a Valverde para ganhar a grande volta do seu país, mas ficou mais uma demonstração que é um ciclista para os grandes momentos. E que já não queria mais pratas ou bronzes em Mundiais!

O próprio admitiu que foi a vitória da sua carreira. Não que não valorize a Vuelta que conquistou, as quatro Liège-Bastogne-Liège, as cinco Flèche Wallonne, as muitas clássicas e não menos provas por etapas... Mas quando se está tanto tempo à procura de um triunfo, quando se subiu a um pódio seis vezes para ver outro ciclista vestir a camisola que tanto queria, é normal que este título mundial fique no topo das suas principais conquistas.

Este ano conta com 17 triunfos, incluindo etapas, gerais e camisolas de pontos e de montanha. Quantas mais vitórias virão numa carreira que já ultrapassou as 100? Valverde tem mais uma época de contrato com a Movistar e com este ritmo de conquistas pode-se pensar numa carreira que vá além dos 40 anos. No entanto, até que ponto este título mundial poderá precipitar o ponto final? Não agora, claro. Valverde vai querer vencer de arco-íris vestido, mas não surpreenderia que optasse por sair em grande, como campeão do mundo, talvez depois da Vuelta.

Uma mera suposição nesta altura. Uma mera opinião. Certo é que a Movistar volta a ter um campeão do mundo, depois de Rui Costa, ainda que o português tenha depois rumado à então Lampre-Merida. Há um ano temeu-se que a carreira do espanhol pudesse ter terminado naquela grave queda no contra-relógio inaugural do Tour. Não. Regressou tão forte como tem estado nas últimas temporadas, parecendo que o tempo não passa por ele.

Valverde terá sempre aquela mancha que foi a suspensão por doping. Regressou ainda melhor do que antes para assim garantir que não fosse aquele momento que definisse a sua carreira.

Aqueles Mundiais de 2013...

A primeira subida ao pódio de Valverde foi em 2003. Ficou atrás do compatriota Igor Astarloa. Dois anos depois foi batido pelo belga Tom Boonen. Seguiram-se três terceiros consecutivos entre 2012 e 2014. Philippe Gilbert, Rui Costa e Michal Kwiatkowski foram os campeões, com Edvald Boasson Hagen, Joaquim Rodríguez e Simon Gerrans a serem segundos, respectivamente.

Aqueles Mundiais de 2013, em Florença, foram uns que, apesar das duas melhadas para Espanha, Valverde não se livrou de críticas. O trio que terminou no pódio estava a disputar a vitória e Valverde acabou por ser acusado de não jogar em equipa com Rodríguez, quando tinham o ciclista português como adversário comum. Rui Costa bateu Purito, mas foi uma derrota que custou aos espanhóis de aceitar, mesmo que o poveiro até representasse então uma equipa daquele país. Ficou sempre a ideia que Valverde não ajudou o compatriota.

Purito e Valverde podem não ter ficado os melhores amigos, mas o ex-ciclista deixou uma mensagem no Twitter a dar os parabéns a Valverde, mas principalmente ao seleccionador Javier Minguez.

O último campeão do mundo espanhol havia sido Óscar Freire, em 2004, naquela que foi a sua terceira vitória. Abraham Olano conquistou o título em 1995, o primeiro da história do ciclismo de Espanha.

A corrida

Quase 260 quilómetros, 4670 metros de acumulado, uma subida final de 2,8 quilómetros, mas com pendentes a chegar aos 28%... Innsbruck prometeu um inferno e assim foi. Os mais puros dos trepadores foram cedendo, Primoz Roglic ficou envolvido numa queda que o prejudicou, mas essencialmente foi a dureza do percurso que fez a maior mossa. Os últimos 60 quilómetros foram muito atacados, desfazendo a fuga de 11 ciclistas que chegou a ter mais de 17 minutos de vantagem. Foi em ataques e contra-ataques que Valverde, Romain Bardet, Michael Woods e Gianni Moscon acabaram por ser o quarteto que, na subida final, parecia ficar definido para discutir a vitória. Julian Alaphilippe foi talvez a maior desilusão nesta fase da prova. Moscon começou aos ziguezagues, meteu a roda na berma e não mais recuperou ritmo. Só Tom Dumoulin conseguiria na descida apanhar o então trio, mas as forças eram nulas para ir a mais uma medalha, depois da prata no contra-relógio.

Ao sprint, não havia dúvidas quem era o mais forte. Valverde confirmou-o. Romain Bardet irá ficar a pensar se deveria ter forçado um pouco mais na descida e tentado descolar, mesmo sabendo que o espanhol também desce bem. Foi segundo, com o canadiano Michael Woods a fechar o pódio. Desde 2005 que um francês não subia ao pódio nos Mundiais na prova de fundo - Anthony Geslin foi terceiro - e o Canadá precisa de recuar a 1984, quando Steve Bauer ficou também com o bronze.

Rui Costa realizou uma excelente corrida. Sempre bem colocado, atento às movimentações, mexendo também ele no grupo. No entanto, à entrada da última subida viu-se o português a dar murros nas pernas. A condição física começou a ceder no pior dos momentos devido a cãibras. Ainda assim, e mesmo não sendo uma subida que goste, o campeão do mundo de 2013 não baixou o braços e fechou o top dez, a 43 segundos de Valverde.

Nelson Oliveira foi 39º, a cinco minutos do vencedor, tendo realizado um bom trabalho ao lado de Rui Costa. Ruben Guerreiro e Tiago Machado abandonaram depois de também eles muito trabalharem (resultados completos neste link).

Para o ano os Mundiais rumam a Yorkshire, na Grã-Bretanha, de 22 a 29 de Setembro.

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»»O novo Merckx? Não. É o novo Remco Evenepoel, um nome a não esquecer««

Este é Rui Costa

Rui Costa com o seleccionador José Poeira
(Fotografia: Federação Portuguesa de Ciclismo)
Custou, mas Rui Costa reapareceu em grande nível. E se não pôde estar melhor antes, então estar nos Mundiais é uma altura mais do que perfeita. Foi uma época difícil para o poveiro, mas terminar no 10º lugar em Innsbruck e ter realizado uma boa prestação durante toda a extensa e difícil corrida, até que as cãibras o limitaram, foi uma exibição que só pode deixar o ciclista e o seleccionador José Poeira orgulhosos.

Bem se viu Rui Costa a bater nas pernas quando as cãibras apareceram, mas quando pela frente estavam "apenas" os 2,8 quilómetros que chegavam a ter pendentes de 28%, o ciclista fez o que pôde para alcançar o que não deixou de ser um excelente resultado e o que estava definido como objectivo. E há que salientar que foram um dos Mundiais mais difíceis da história.

Rui Costa bem precisava de uma exibição assim. O ano foi difícil. a UAE Team Emirates contratou Daniel Martin e Fabio Aru, o que significaria a perda de uma liderança praticamente indiscutível nas grandes voltas. Mas como nunca virou a cara a um desafio, o ciclista tentou arrancar a época forte. A queda no Paris-Nice, em Março, determinaria toada da temporada. A lesão no joelho limitou-o desde então, chegando mesmo a ficar afastado da Volta a Suíça e depois do Tour, mesmo que antes até tenha estado a bom nível na Volta à Romandia (quinto na geral). Ficou de fora dos eleitos para a Vuelta e pela primeira vez desde que está no World Tour, não fez nenhuma grande volta.

É um ciclista que gosta dos grandes palcos e aquele título mundial de 2013 marcará sempre a sua carreira e a modalidade em Portugal. Em Innsbruck, não se intimidou com os 4680 metros de acumulado dos quase 260 quilómetros. Que bem esteve Rui Costa. Foi aquele Rui Costa que nos habituámos a ver, sempre bem colocado, a ler a corrida, a saber quem deve seguir ou quando deve tentar mexer pela corrida. Andava como que "escondido" há algum tempo, mas eis que os Mundiais ajudaram o português a reencontrar-se com as grandes exibições.

Lá se sofreu um pouco ao ver Rui Costa a tentar atacar na descida antes da temível subida final, pois Florença 2013 tornou-se bem viva na memória naqueles instantes. Aquelas violentas pendentes finais (antes da derradeira descida) não eram ao seu jeito, mas também não eram ao jeito de muitos. Até aquela subida parecia estar bem o português. Depois vieram os tais murros para "acordar" os músculos. O desporto é assim. Desta vez não deu, mas pelo menos vimos este ciclista ao seu nível. Depois de um ano com tantas limitações, surgir assim nos Mundiais foi um feito importante para o ciclista. Que seja o mote para o recuperar a sua melhor versão, seja qual for o seu futuro (está em final de contrato). Mais um resultado para a história dos Mundiais, com Rui Costa a cortar a meta 43 segundos depois do novo campeão mundial, Alejandro Valverde.

"Estive quase toda a corrida com os melhores. Na última subida longa tentei entrar num grupo, porque sabia que a subida final era muito inclinada para mim. Não foi possível. Tive de gerir o melhor possível, até porque já vinha com cãibras. Dei o meu melhor por Portugal. Estou contente com o décimo lugar, com pena por não ter conseguido mais. Agradeço a todos aqueles que me ajudaram e sempre me apoiaram, numa época com vários problemas. Acabar o Mundial no top 10 é muito gratificante para mim", afirmou Rui Costa, citado pela Federação Portuguesa de Ciclismo.

Mas falemos também de Nelson Oliveira. Sempre foi uma dupla que funcionou bem, na selecção e quando estiveram juntos na então Lampre-Merida. Fez o contra-relógio por equipas pela Movistar (sexto), o individual (quinto) e na corrida de fundo esteve sempre bem colocado, pronto para ajudar no que fosse preciso o líder. Terminou na 39º posição, a cinco minutos.

Ruben Guerreiro e Tiago Machado completaram o quarteto da selecção. O jovem ciclista, que está de malas feitas para a Katusha-Alpecin, esteve também ele sempre atento ao que Rui Costa precisava. Uma queda prejudicou-lhe a corrida. A dor num joelho forçou o abandono. Já Tiago Machado tinha saído de cena depois de muito ter trabalhado na primeira fase da corrida.

O seleccionador José Poeira viu assim cumprido o objectivo de top 10 para fechar os Mundiais austríacos. Este resultado, o quinto lugar de Nelson Oliveira no contra-relógio e o 16º de Guilherme Mota na corrida de fundo de juniores foram os pontos altos. Os sub-23 acabaram por ser os que ficaram abaixo das expectativas, que eram altas. Foi um daqueles dias em que simplesmente não correu bem. Esperava bastante, principalmente de João Almeida, mas no momento decisivo, a equipa não conseguiu ficar na frente da corrida. São ciclistas que estão num processo de aprendizagem e tanto João Almeida, Tiago Antunes, André Carvalho e Gonçalo Carvalho têm tudo para ter mais oportunidades para se mostrarem ao mais alto nível.

Fim de festa em Innsbruck. Para o ano é Yorkshire, na Grã-Bretanha, que receberá os Mundiais de ciclismo, entre 22 e 29 de Setembro.

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29 de setembro de 2018

Gestão de egos poderá fazer a diferença nestes Mundiais

Rui Costa é o líder da selecção portuguesa, com uma equipa unida
em seu redor (Fotografia: Federação Portuguesa de Ciclismo)
Se este é um dia sempre esperado na época de ciclismo, ter uns Mundiais com um percurso tão difícil e com tantos possíveis vencedores, tornou o de Innsbruck um dos mais atractivos dos últimos anos. Há sempre um leque de favoritos, uns outsiders, mas este ano pode-se colocar este tipo de rótulos por uma questão de divisão de estatutos, mas a verdade é que o percurso é tão imprevisível que se poderá fazer uma extensa lista de possíveis vencedores e ainda assim não acertar!

Os 252,9 quilómetros são simplesmente brutais, tendo em conta os 4670 metros de acumulado. Não, não são os Mundiais mais difíceis nesse aspecto. Ficam na 10ª posição no "ranking" da UCI. O top três é: 5844 metros de acumulado em Nurburgring (Alemanha) em 1966, 5460 em Duitama (Colômbia) em 1955 e 5349 em Chambery (França) em 1989. Os Mundiais mais complicados antes de Innsbuck foram em Lugano (Suíça) com 5145 metros, em 1996. 

O percurso da corrida de elite masculina será idêntico ao já feito pelas senhoras - a holandesa Anna van der Breggen conquistou o título que lhe faltava -, sub-23 e juniores. Haverá mais voltas no circuito, mas para terminar, a organização resolveu colocar uma curta subida que ameaça ser um autêntico inferno. A pendente chega aos 28%! Um autêntico muro, ainda mais complicado para quem levará mais de 200 quilómetros feitos a subir e descer. Se há um dia em que não serão permitidos erros ou momentos de fraqueza, este será um deles.

Gráfico da La Flamme Rouge
A primeira selecção poderá ser feita antes da entrada no circuito em Gnadenwald. Os menos dotados para subir poderão sentir dificuldades se o ritmo for alto. No entanto, serão as sete passagens em Patscherkofel (7,9 quilómetros,  com 5,7% de pendente média) que irão lançar definitivamente a corrida, principalmente para quem não queira chegar a Gramartboden com muita companhia. Estaremos então perante o referido muro. São "apenas" 2,8 quilómetros, mas com uma inclinação média de 11,5% e com certos metros  28%, que não aparecem assinalados no gráfico, mas estão lá!

Depois serão 8,5 quilómetros até à meta, com uma descida e muitas curvas a pedir que, apesar de todo o cansaço e por todo o inferno que os ciclistas já passarem, a concentração se mantenha sem falhas.

A corrida começa às 8:40 (hora portuguesa) e terá transmissão no Eurosport.

A extensa lista de candidatos

O normal é escolher-se cinco/seis nomes, acrescenta-se mais uns potenciais ciclistas a intrometerem-se na luta e assim se consegue fazer uma apresentação de candidatos. Este ano, Innsbruck torna também um pesadelo escrever sobre candidatos sem se ter um texto que fosse perfeito para ler numa longa viagem de comboio ou avião!

É uma corrida para trepadores, o que significa que Peter Sagan não deverá vestir a camisola do arco-íris pelo quarto ano consecutivo. Já o seu rival Greg van Avermaet até espera ser um joker, não parecendo demasiado assustado com as rampas que o esperam. Ainda assim, na Bélgica, é Tim Wellens e Dylan Teuns que surgem como referência.

Os principais nomes são então Julian Alaphilippe e Alejandro Valverde. Até à queda no Tour, Vincenzo Nibali parecia ter os Mundiais perfeitos para o título que lhe falta, mas a desatenção daquele fã que provocou a queda do ciclista no Alpe d'Huez poderá ter arruinado tudo o que o italiano mais desejava: a segunda Volta a França e a camisola do arco-íris. A ver vamos se o trabalho feito na Vuelta e nos dias seguintes foi suficiente para aparecer bem na Áustria. Também é a vitória que falta a Valverde.

Um dos desafios destes Mundiais será conseguir gerir egos nas selecções. A maioria irá com mais do que um ciclista que quer ganhar. Vejamos a França: além de Alaphilippe, há Romain Bardet, Thibaut Pinot e um Warren Barguil que num passado recente não foi muito um ciclista de equipa (foi expulso da Vuelta, em 2017, por não respeitar ordens para trabalhar na Sunweb). Na selecção espanhola talvez seja mais pacífico, mas será difícil segurar Enric Mas depois do pódio na Vuelta.

Quanto aos italianos, Nibali não se importará de dar uma ajuda a Gianni Moscon, caso não esteja bem, mas há ainda Domenico Pozzovivo que disse estar na forma da sua vida. E é colega de Nibali na Bahrain-Merida. A ausência de Fabio Aru acaba por tirar mais um candidato dentro desta equipa.


E o que dizer da Colômbia: Nairo Quintana, Rigoberto Uran e Miguel Ángel López. Quem vai ser o líder? E há ainda um Sergio Henao que também terá as suas ideias. Algum destes ciclistas estará disponível para trabalhar para um companheiro se se sentirem todos, ou pelo menos dois, em condições de ganhar? Talvez a corrida ajude a definir, mas este será um dos grandes pontos de interesse da prova.

Na Holanda a situação poderá ser mais pacífica, mas não totalmente. Tom Dumoulin é o líder. Porém, Steven Kruijswijk está a realizar uma época fenomenal (top dez no Tour e Vuelta) e Bauke Mollema esteve tão bem na Vuelta, que poderá tentar uma daquelas suas fugas. Há ainda Wilco Kelderman, cuja forma não foi a melhor na corrida espanhola (sofreu uma queda nos Nacionais que o tirou do Tour) e um Wout Poels que em dia sim, "dá um murro na mesa" e parte para o ataque.

Das principais selecções, talvez seja a da Grã-Bretanha que tenha os líderes bem definidos: os irmãos Yates são a aposta, com Simon com um natural favoritismo depois da vitória na Vuelta. Chris Froome e Geraint Thomas abdicaram dos Mundiais, o que acabou por facilitar a definição da equipa, ainda que sejam dois ciclistas que muito se esperava ver em Innsbruck. Atenção a Simon Yates é mesmo um forte candidato.

Mais dois nomes, agora polacos: Michal Kwiatkowski (o homem que anda bem o ano inteiro e já campeão do mundo, em 2014) e Rafal Majka, este último sempre uma incógnita, já que tanto aparece bem, como simplesmente desaparece. Entre os que não há dúvidas que serão os líderes das suas equipas temos Primoz Roglic. Cuidado com o esloveno. Colocá-lo ao nível de favoritismo de Valverde e Alaphilippe não é exagerado. Nem fez o contra-relógio para se concentrar apenas na corrida de fundo, ainda que tenha magoado o braço numa queda, o que lhe dificultava a posição necessária para o esforço individual.

Temos ainda Daniel Martin (Irlanda) e alguma curiosidade para ver o jovem equatoriano Richard Carapaz. George Bennett (Nova Zelândia), Bob Jungels (Luxemburgo), Emanuel Buchmann e Max Schachmann (Alemanha), Jakob Fuglsang (Dinamarca), Ilnur Zakarin (Rússia), Ben King (EUA) - venceu duas etapas na Vuelta. Numa lista de possíveis outsiders, inclui-se dois checos: Jan Hirt e Roman Kreuziger.

No final se ganhar um ciclista que não foi referido, não será uma surpresa. É por isso que estes são uns Mundiais tão esperados. Não há vencedores anunciados. Nem uma lista reduzida de possíveis candidatos. Este domingo em Innsbruck, tudo é possível.

Portugueses apontam ao top dez

Esta é uma das selecções que não deixa dúvidas que é Rui Costa, o campeão mundial de 2013, o líder. Não foi a melhor das temporadas para o poveiro, muito por culpa de uma lesão no joelho. Pela primeira vez desde que está no World Tour, não fez nenhuma grande volta numa temporada. Talvez por isso tenha um discurso cauteloso: "Fiz tudo o que estava ao meu alcance para preparar esta corrida. O facto de não ter corrido muito pode ser uma desvantagem, mas acredito que me encontro bem. Não como estarão os adversários, mas espero estar com os melhores. A subida mais longa é muito difícil na segunda metade. A última subida é qualquer coisa de brutal. Vai ser muito complicada, de tal maneira que optei por usar um andamento de 36x32. Vai ser complicado chegar ali com sete horas de corrida e dar o máximo. Não é uma escalada que me seja favorável, pelo que, ao longo da prova, terei de estudar uma táctica que me favoreça."

Sendo reconhecidamente um dos melhores ciclistas a nível táctico do pelotão, Rui Costa contará com um trio de colegas que o muito poderá ajudar. Nelson Oliveira, Tiago Machado e o jovem Ruben Guerreiro irão tentar garantir que a colocação e a protecção seja a melhor possível. O seleccionador José Poeira aponta a um possível top dez e Rui Costa nunca virou a cara às adversidades. Tem o palco perfeito para regressar às grandes exibições, mesmo que aquela última subida não seja ao seu jeito. Mas a verdade, é que não é ao jeito de muitos.

Tiago Machado esteve muito bem na Volta a Espanha, entrando em fugas, sempre à procura de dar à Katusha-Alpecin uma alegria. Nelson Oliveira foi o fiel homem de trabalho de sempre, numa Movistar que não se entendeu com dois líderes (Quintana e Valverde). Chega a esta corrida com algum desgaste devido à participação no contra-relógio colectivo e individual, mas é de esperar que volte a ser importante ao lado de Rui Costa, tal como tem sido na selecção e o foi quando ambos coincidiram na então Lampre-Merida.

Ruben Guerreiro é o mais jovem do quarteto (24 anos), mas experiência ao mais alto nível não lhe falta. Teve novamente uma época com altos e baixos, mas as últimas semanas foram de altos, pelo que estando em forma tem um percurso que lhe assenta bem.

As ausências

Além de Froome, Thomas e Aru, também Mikel Landa será uma ausência de nota. O Tour não lhe correu de feição e uma queda na Clássica de San Sebastian tirou-o da Vuelta e foi o próprio ciclista a retirar-se da pré-convocatória da selecção espanhola. O mesmo aconteceu com Richie Porte, mais um ciclista com uma queda no Tour a prejudicar-lhe a temporada. Não se apresentou nada bem na Vuelta e optou por falhar os Mundiais, deixando a Austrália sem líder e com poucas hipóteses de fazer a dobradinha depois de Rohan Dennis conquistar o título no contra-relógio. Dennis estará na prova de fundo.

28 de setembro de 2018

W52-FC Porto fez finalmente o pedido

Está confirmado. A W52-FC Porto pediu uma licença Profissional Continental para 2019, ou seja, quer subir ao segundo escalão do ciclismo mundial. Esta é uma intenção que já tinha sido assumida nos últimos anos, mas foi preciso preparar e fortalecer toda uma estrutura que tem dominado em Portugal, além de garantir o apoio inequívoco dos patrocinadores neste passo tão relevante para a equipa e para o ciclismo nacional. Chegou o momento e agora resta esperar pela resposta da UCI.

Este é um pedido muito aguardado na modalidade em Portugal, comprovando o crescimento que se tem verificado em tempos recentes, depois de anos de uma crise que afectou profundamente o ciclismo português. Além do aumento de equipas de elite e do surgimento das de sub-25 que pertencem ao escalão Continental, faltava agora uma estrutura subir à segunda categoria e fica a expectativa que seja apenas a primeira, já que a Efapel já assumiu ter o mesmo objectivo para 2020.

A W52-FC Porto tem sido a equipa mais forte em Portugal nesta década, conquistando seis Voltas a Portugal de forma consecutiva. Foi OFM-Quinta da Lixa, W52-Quinta da Lixa, até que o FC Porto optou por regressar à modalidade em 2016. Raúl Alarcón é actualmente a grande figura, com duas Voltas conquistadas com autoridade, mas ciclistas como António Carvalho, Rui Vinhas e o veterano Ricardo Mestre (com experiência de World Tour) fazem parte da espinha dorsal da estrutura que tem Gustavo Veloso como o eterno capitão.

No entanto, e perante o poderio financeiro comparado com as restantes equipas nacionais, o director desportivo Nuno Ribeiro também não deixa escapar jovens talentosos. É o caso de João Rodrigues que realizou uma excelente temporada e foi um "senhor ciclista" na Volta a Portugal, ajudando Alarcón e fechando em sétimo na geral. José Neves foi reforço esta temporada e o seu potencial chamou a atenção da EF Education First-Drapac p/b Cannondale, equipa que o chamou para estagiar no final de temporada.

Samuel Caldeira, Daniel Freitas, José Ferreira, Ángel Sánchez Rebollido e César Fonte fizeram parte do plantel que em 2018 conquistou 15 vitórias, além de 21 distinções entre classificações da montanha, pontos e por equipa (pode ver aqui em pormenor). Em termos de gerais, além da Volta a Portugal, a W52-FC Porto venceu o Grande Prémio Jornal de Notícias (António Carvalho), o Troféu Joaquim Agostinho (José Neves) e o Grande Prémio de Portugal Nacional 2 (Raúl Alarcón). Em 2017, Alarcón foi a Espanha vencer a Volta às Astúrias e foi segundo na Volta à Comunidade de Madrid. A nível internacional, a grande vitória foi assinada por Amaro Antunes, que ganhou uma etapa da Volta ao Algarve, corrida 2.HC, ou seja, do segundo escalão mundial.

Os alicerces começaram há muito a serem construídos, foram consolidados e agora resta esperar pela resposta da UCI para saber se recebe a licença. A W52-FC Porto também estará a preparar os reforços, com Tiago Machado a ser um dos nomes falados. O português está em final de contrato com a Katusha-Alpecin e sempre disse que não se importaria nada de regressar a Portugal, com a Rádio Popular-Boavista a ter certamente as portas abertas ao ciclista. Mas com esta potencial subida de escalão, Machado poderá assim continuar a ter acesso a corridas importantes e a sua experiência seria muito bem-vinda à W52-FC Porto neste passo tão importante.

As provas do World Tour passam a estar à distância de um convite, pelo menos em 2019. A partir de 2020 as regras vão ser um pouco diferentes, com o mérito desportivo a ser mais valorizado, pois a classificação no ranking dará acesso directo a algumas corridas. E claro, na perspectiva de uma equipa portuguesa, a presença na Vuelta é sempre um desenho.

Licenças para o escalão Continental

Além do pedido da Vintage Pódio (W52-FC Porto) para a licença Profissional Continental, a Federação Portuguesa de Ciclismo confirmou mais nove solicitações para o terceiro escalão, o Continental: Bike Clube de Portugal (competiu com o nome Liberty Seguros-Carglass em 2018), Boavista CC (Rádio Popular-Boavista), CC Aldeia de Paio Pires (LA Alumínios), CC Tavira (Sporting-Tavira), CD Fullracing (Efapel), Louletano DC (Aviludo-Louletano-Uli), Velo Clube do Centro (Miranda-Morágua), CC FJP e CD Feirense. De salientar o pedido em separado do CC FJP e do Feirense que este ano formaram a Vito-Feirense-BlackJack.

»»Domingos Gonçalves regressa à Caja Rural««

»»Final de época na estrada com a Taça de Portugal a estar entregue««

Domingos Gonçalves regressa à Caja Rural

O campeão nacional de contra-relógio e de fundo vê premiada a sua excelente temporada com um regresso à equipa espanhola, do escalão Profissional Continental. Domingos Gonçalves realizou uma época espectacular, com vitórias e uma regularidade de resultados de topo que não passaram despercebidos. O ciclista de Barcelos foi a grande figura da Rádio Popular-Boavista, como o seu director desportivo lhe tinha pedido para ser. Agora terá uma nova oportunidade na Caja Rural, onde esteve em 2016, então na companhia do gémeo José, que actualmente representa a Katusha-Alpecin.

"2018 foi um bom ano para mim e fechar a época competindo no contra-relógio dos Mundiais foi um grande prazer. Estou muito feliz por poder regressar à Caja Rural-Seguros RGA, de quem guardo boas memórias. É uma nova oportunidade para mostrar o meu valor nesta boa equipa. Espero poder contribuir com algumas vitórias, apesar de não ter marcada nenhuma corrida em especial. O mais importante é atingir os objectivos que a equipa estabelecer", salientou o ciclista, no comunicado da Caja Rural.

Domingos Gonçalves irá encontrar o compatriota Joaquim Silva, faltando conhecer o futuro de Rafael Reis, que representou a Caja Rural nas últimas duas temporadas. O gémeo conquistou seis vitórias em 2018, com destaque para os dois títulos nacionais (não esquecendo que renovou o de contra-relógio) e para a etapa na Volta a Portugal, tendo sido nono na geral. Ficou ainda com a medalha de prata no contra-relógio dos Jogos do Mediterrâneo.

No início da época, José Santos tinha pedido ao ciclista para assumir mais responsabilidade no momento de decisão das corridas. Gonçalves respondeu, aparecendo em grande forma quase todo o ano, sempre a tentar disputar o primeiro lugar do pódio. Fosse em corridas de um dia ou por etapas, Domingos foi um corredor de ataque e ambicioso. Nem nos circuitos de Verão baixou o ritmo, vencendo em Alcobaça e Malveira. No contra-relógio dos Mundiais de Innsbruck, a longa distância (52,5 quilómetros) acabou por ser o maior desafio para o bicampeão nacional da especialidade, que fez o 41º tempo, a 6:29 minutos do australiano Rohan Dennis.

Esta será a terceira experiência de Domingos no estrangeiro. Em 2014 deixou a estrutura onde está agora para se juntar ao irmão na francesa La Pomme Marseille 13. Regressou a Portugal, para a Efapel, seguindo depois para Espanha, mas ficou novamente apenas um ano na Caja Rural. Estas duas épocas na Rádio Popular-Boavista acabaram por ser importantes na carreira do ciclista, que, principalmente em 2018, mostrou-se mais maduro e a demonstrar o potencial que lhe era reconhecido, mas que poucas vezes aparecia com regularidade.

Aos 29 anos, Domingos Gonçalves tem, como o próprio admitiu, uma nova oportunidade, levando com ele as duas camisolas de campeão nacional. O contrato é de uma temporada. Esta é uma equipa que vai marcando presença em corridas portuguesas, mas para o ciclista abrem-se as portas de corridas mais importantes, incluindo a possibilidade da Volta a Espanha. Ainda não tem qualquer presença em provas de três semanas.

Além de Domingos, a Caja Rural já contratou para 2019 o espanhol Jon Aberasturi (Euskadi-Murias) e o italiano Matteo Malucelli (Androni Giocattoli-Sidermec). No entanto, vai perder Lluís Mas, um dos ciclistas que mais se destacou da equipa na Vuelta. O espanhol, de 28 anos, assinou por uma temporada pela Movistar.


Nuns Mundiais marcados pelas subidas, a vitória foi decidida a descer

(Fotografia: © BettiniPhoto/Facebook Mundiais de Innsbruck-Tirol)
Muito se espera de subidas, dos ataques durante estas dificuldades, de quem quebra, de quem se destaca. Mas até é bastante normal ver as descidas serem tão decisivas quanto as subidas (que o diga Chris Froome no último Giro). Em Innsbruck muito se fala da dificuldade dos percursos, mas houve um suíço que esperou pela descida final para desferir o ataque que decidiu a corrida. Marc Hirschi é mais um ciclista a juntar o título mundial ao europeu, tal como fez Remco Evenepoel em juniores. O suíço pode não ter realizado uma exibição tão marcante como o belga (tão cedo não se assistirá a algo igual), mas Hirschi fez uma excelente corrida, tal como toda a sua selecção. A Suíça foi tacticamente perfeita e saiu de Innsbruck com um título mundial de sub-23, que nunca havia conquistado.

Depois de um ano a evoluir na equipa de formação da Sunweb, Marc Hirschi (20 anos) já sabe que tem lugar garantido na estrutura principal em 2019. Conquistar o título europeu e mundial é uma boa forma de se apresentar ao colegas. Quando as principais movimentações começaram, já dentro do circuito final, a Suíça colocou quatro dos seus seis ciclistas na frente da corrida.

Esta aposta condicionou todas as outras selecções. Rússia e Bélgica foram das que mais trabalharam, com a Itália a ajudar, mas por pouco tempo. Tal como na corrida de juniores, os italianos preferiram atacar sozinhos do que unirem-se em torno de um objectivo comum. O trabalho da Bélgica permitiu que Bjorg Lambrecht (ciclista da Lotto Soudal e mais um apelidado de novo Merckx) conseguisse ir para a frente, ficando com Hirschi e um surpreendente finlandês. Jaakko Hänninen escolheu o palco perfeito para sair do anonimato.

Lambrecht atacou, contra-atacou, refilou com os companheiros de ocasião por considerar que não ajudavam o suficiente, mas nunca conseguiu deixá-los para trás. Hirschi foi frio. Pouco ajudou na fuga, passando apenas por meros segundos na frente. São atitudes por vezes pouco apreciadas, mas o suíço optou por se poupar e, com a lição bem estudada, foi na descida final, algo técnica, que acelerou e nunca mais ninguém o apanhou. Ganhou com 15 segundos de vantagem sobre Lambrecht que, com muita dificuldade, bateu ao sprint a surpresa vinda da Finlândia.

As desilusões

A grande desilusão chama-se Colômbia, principalmente Ivan Sosa. O ciclista da Androni Giocattoli-Sidermec foi uma das revelações da temporada e aos 20 anos já assinou contrato com a Trek-Segafredo. O percurso montanhoso de 174,3 quilómetros parecia assentar tão bem a Sosa, mas nem terminou a corrida.

Depois há Portugal. Simplesmente, não correu bem. "Foi uma prestação que ficou aquém das expectativas e muito longe do valor que estes corredores já demonstraram no passado. A verdade é que, no momento decisivo da corrida, não fomos capazes de nos mantermos junto dos melhores", afirmou o seleccionador José Poeira, citado pela Federação Portuguesa de Ciclismo.

O melhor foi o estreante Gonçalo Carvalho. E que boa corrida fez o ciclista do Miranda-Mortágua. Esteve muito bem na protecção a João Almeida, sempre perto do ciclista que aspirava a um bom resultado em Innsbruck. André Carvalho também se mostrou, só com Tiago Antunes a sentir-se "vazio" logo no início do circuito final, tendo abandonado. No entanto, a colocação no pelotão foi um elemento chave. Na penúltima subida a Patscherkofels, quando se deu a movimentação mais importante, o trio descolou.

Gonçalo Carvalho terminou na 38º posição a 5:41 minutos do vencedor. Seguiu-se André Carvalho foi 51º, a 9:27 e João Almeida 78º, a 19:25 (resultados completos da corrida de sub-23 neste link).

Este sábado, as senhoras vão disputar o título mundial nos 156,2 quilómetros entre Kufstein-Innsbruck. A holandesa Chantal Blaak vai tentar defender a camisola do arco-íris que conquistou há um ano e assim imitar a compatriota Annemiek van Vleuten, que se sagrou bicampeã de contra-relógio. Não haverá ciclistas portuguesas na prova.


27 de setembro de 2018

O novo Merckx? Não. É o novo Remco Evenepoel, um nome a não esquecer

(Fotografia: © BettiniPhoto/Facebook Mundiais de Innsbruck-Tirol)
Se nasceu uma estrela, então não nasceu o novo Eddy Merckx. Nasceu Remco Evenepoel, um belga que transformou uma corrida de juniores numa emocionante prova, que deixou a elite fascinada com um jovem de 18 anos, que não esperou para vestir as cores da Quick-Step Floors para mostrar o que se irá ver a partir de 2019. Cair, ficar a dois minutos ou mais da frente da corrida, recuperar num autêntico contra-relógio e ainda ir ganhar com quase minuto e meio de vantagem, não é para qualquer um, mesmo que se esteja a falar de um júnior. E o melhor é que nem foi por acaso (nem uma total surpresa) que fez esta tremenda exibição. Até já era expectável algo do género, tendo em conta os resultados de um ciclista cujo o nome é melhor memorizar desde já.

Estamos a falar de um corredor que está num nível tão acima a muitos do seu escalão, que basicamente ganhou todas as corridas internacionais em que participou em 2018. Em termos de camisolas, ficou com as de campeão belga de contra-relógio e fundo, com as de campeão europeu de contra-relógio e fundo e, para não destoar, ficou agora com as de campeão mundial de contra-relógio e fundo. Não é o típico belga para as clássicas - ainda que também some vitórias neste tipo de provas - e foi peremptório em afirmar que quer ganhar as três grandes voltas.

Quando um ciclista com potencial aparece assim na Bélgica, a tendência é apelidá-lo de novo Merckx. Remco não é o primeiro e não será certamente o último. Tem apenas 18 anos, mas uma personalidade bem forte. "Não me chamem de novo Merckx. Eu sou o novo eu", disse depois de ser campeão mundial de contra-relógio, com autoridade (deixou o australiano Luke Plapp a 1:24 minutos). Agora também já tem o título de estrada, pelo que o nome de Merckx vai certamente surgir mais umas vezes quando se falar deste jovem, mas Evenepoel conseguiu que já se começasse a falar do Remco, do talento que é e de como a Bélgica poderá estar perante o próximo grande voltista.

E já lá vai um tempo desde que o país tem um ciclista que com esta idade estivesse a ser apontado às provas por etapas e não às clássicas. Axel Merckx, o filho do "Canibal", conversou com Evenepoel para o levar para a sua Hagens Berman Axeon, mas este é um ciclista que não vai esperar para dar o passo para o World Tour. A Quick-Step Floors não deixou.

Ainda há uns dias aqui se falou sobre como vários jovens preferem evoluir em equipas de sub-23, algumas do escalão Profissional Continental, antes de partirem para a aventura do nível máximo do ciclismo. Mas há ciclistas que é impossível esperar. Remco tem ainda um caminho a percorrer antes de estar lado a lado com os melhores do mundo na elite, a disputar as grandes vitórias. Irá para uma equipa que trabalhará com Remco, na sua evolução, tendo como colegas alguns dos melhores "professores" que se poderia pedir. Philippe Gilbert, por exemplo, foi um dos que reagiu à vitória do jovem compatriota nas redes sociais e poderá ter uma palavra importante no desenvolvimento deste ciclista.

Dificilmente as expectativas poderiam ter ficado mais altas para Remco Evenepoel, mas há que gozar o momento que está a viver e depois resfriar os ânimos, ter os pés bem assentes na terra, para que possa de facto tornar-se no ciclista que demonstra ter o potencial para ser.

Um futebolista, internacional belga nas camadas jovens, que passou pelas escolas do Anderlecht e chegou a viajar até à Holanda para treinar na formação do PSV. O futebol não o preencheu como desportista e no ano passado fez a passagem total para o ciclismo. Chegou tarde, mas mais do que a tempo para se tornar num corredor de enorme futuro. Agora é esperar e ir aproveitando todo o espectáculo que possa dar. Sim, este ciclista é para o espectáculo e para ganhar.

A Quick-Step Floors até pode ser uma equipa mais dada às clássicas, mas se já tem ciclistas que estão a pedir uma adaptação às corridas de três semanas se não os quiser perder (Enric Mas foi terceiro na Vuelta e Bob Jungels também começa a pedir mais apoio), Remco poderá ser o corredor que dará de vez à equipa belga a motivação para se tornar numa equipa também para as grandes voltas. E para a geral, não "apenas" para as etapas.

Na elite não se espera que mantenha o ritmo de vitórias, mas se continuar a somar muitos e grandes triunfos, poderá não ser apelidado de novo Merckx - se for respeitado o seu desejo de não o tratarem assim -, mas será quase impossível escapar ser tratado como o novo "Canibal", ou seja, herdará pelo menos a alcunha.

Quedas e muita emoção


O seleccionador José Poeira com Guilherme Mota
(Fotografia: Federação Portuguesa de Ciclismo)
As quedas foram muitas e terão sido poucos os ciclistas que conseguiram escapar incólumes. Os portugueses Guilherme Mota e Afonso Silva foram apanhados em confusões, mas o primeiro conseguiu um excelente resultado: 16º lugar, a 6:41 de Evenepoel. Afonso ficou a 19 minutos, na 79ª posição, tendo ficado "cortado" numa das muitas quedas, o que o impediu de alcançar um resultado melhor.

Foi uma corrida feita a grande velocidade, com tantos incidentes a obrigar a constantes recuperações. Não havia tempo para respirar, com algo sempre a acontecer. "A primeira parte da corrida, até à primeira subida, foi muito rápida. Houve duas quedas e em ambas as ocasiões tive de recolar ao pelotão e é um pelotão de loucos. Nessa parte da corrida, a rolar a alta velocidade, não me ia a sentir nada bem, porque sou muito leve. Depois entrámos nas três subidas do dia. Aí senti-me espectacular. Tive pena de não estar no máximo, devido ao sofrimento inicial, porque acho que poderia fazer um lugar ainda melhor", afirmou Mota, citado pela Federação Portuguesa de Ciclismo.

Foi uma experiência internacional de fogo para ambos os jovens portugueses e para todos os restantes. Que o diga Karel Vacek, o checo que tanto se esperava ver no pódio, mas que um problema físico o atirou para fora da discussão. O alemão Marius Mayrhofer não teve andamento para Remco. Ninguém teve. Mas Mayrhofer mereceu a prata, ele que para o ano estará na equipa de formação da Sunweb. Já o bronze ficou para um italiano. Alessandro Fancellu salvou a honra daquele país, que conseguiu ter quatro ciclistas na frente, sem que nunca trabalhassem em equipa. Que forma estranha de encarar a corrida, com os italianos a atacarem-se uns aos outros (resultados completos neste link).

Áustria conseguiu um título

O país anfitrião podia não ter grandes favoritos às vitórias, mas do BTT chegou uma campeã do mundo, há poucos dias, para conquistar mais um título, agora na estrada. E foi apenas a sua segunda corrida de estrada! Laura Stigger vive a cerca de 50 quilómetros da zona onde se estão a disputar os Mundiais, em Innsbruck. Apesar do BTT ser a sua principal escolha, por agora, Stigger aproveitou a proximidade para treinar no percurso determinado para a corrida de juniores femininos. Conhecia bem as subidas e apesar de não ter muita prática na vertente, esse conhecimento foi determinante, pois reservou as forças necessárias para ganhar o sprint final, frente a três adversárias. A francesa Marie le Net e a canadiana Simone Boilard fecharam o pódio (resultados completos neste link).

Dois títulos mundiais num curto espaço de tempo, com Stigger a admitir que, por enquanto, o BTT será a sua escolha, mas depois de uma conquista como esta, a estrada poderá começar a chamá-la.

Esta sexta-feira, os sub-23 regressam à acção para a corrida de fundo. É uma prova só para os homens (não há este escalão na vertente feminina), com Portugal a contar com quatro ciclistas: André Carvalho, Gonçalo Carvalho, João Almeida e Tiago Antunes. A corrida começa às 11:10 (hora portuguesa), com transmissão no Eurosport (pode ler mais no link em baixo).

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Sub-23 com miras apontadas ao topo

(Fotografia: Federação Portuguesa de Ciclismo)
A sorte dá trabalho, diz João Almeida. Mas se há algo que nenhum dos quatro portugueses escolhidos para a prova de sub-23 dos Mundiais de Innsbruck tem problemas é  em trabalhar. E muito. Com uma temporada positiva a nível internacional da selecção, ambicionar alto não é de mais. Não se exigem medalhas, mas numa prova em que se espera ser de enorme dureza, o quarteto tem toda a capacidade para colocar um ou mais ciclistas na disputa por um bom resultado, estando João Almeida inevitavelmente à cabeça.

A chegada à Hagens Berman Axeon permitiu ao ciclista ter à sua disposição uma estrutura que está entre as melhores na formação, sendo que este ano ascendeu ao escalão Profissional Continental. A vitória na Liège-Bastogne-Liège de sub-23 foi o ponto alto, mas houve muito mais: o quinto lugar na Ronde de l'Isard (venceu a classificação da juventude), segundo no Giro (também foi o melhor jovem), segundo nos Nacionais, tanto no contra-relógio como na prova de fundo de sub-23, 10º no contra-relógio nos Europeus de sub-23, foi ainda sétimo no Tour de l'Avenir, ou Volta a França do Futuro. Em Innsbruck participou no contra-relógio, tendo ficado na 30ª posição. Mas é a prova desta sexta-feira que mais esperava.

"Se estiver num dia bom consigo estar com os 15/20 melhores e no final será necessário um pouco de sorte, embora saibamos que a sorte dá muito trabalho. Nas últimas semanas fiz provas longas e duras na Bélgica, que contribuíram para o meu estado de forma. Preparei-me bem", afirmou à Federação Portuguesa de Ciclismo.

João Almeida é um bom trepador e a experiência internacional que ganhou nas últimas duas épocas (esteve na Unieuro Trevigiani-Hemus 1896 em 2017) faz a diferença num jovem de 20 anos. Mas numa prova com uma forte concorrência era importante ter ao seu lado ciclistas de elevado nível. Tiago Antunes (21 anos) é mais um dos talentos da nova geração portuguesa que começou o ano no Centro Mundial de Ciclismo da UCI, mas acabou por mudar-se para a equipa espanhola Aldro. No entanto, não ficou muito tempo, assinando por outro dos grandes projectos de formação, a SEG Racing.

Antunes não teve a estabilidade de Almeida - que se espera que chegue agora já que tem contrato para 2019 -, mas esteve bem na Volta a Portugal do Futuro, depois do Tour de l'Avenir não ter sido o desejado. O segundo lugar atrás de Venceslau Fernandes (Liberty Seguros-Carglass) comprovou a subida de forma. Se estiver bem, Tiago Antunes não poderá ser visto "apenas" como uma ajuda a João Almeida, será mesmo mais uma opção para um lugar de nota.

André Carvalho (Liberty Seguros-Carglass) regressou este ano a Portugal depois de uma passagem pela Team Cipollini. É um trepador que promete e que já sabe o que é estar em Mundiais. Esse conhecimento poderá ser importante. Carvalho (20 anos) realizou uma boa temporada, sempre muito regular, tendo ficado perto de conquistar a Taça de Portugal de sub-23, mas que Francisco Campos (Miranda-Mortágua), não deixou.

O outro Carvalho, o Gonçalo (Miranda-Mortágua) não ficou atrás em termos exibicionais e foi o melhor português na juventude da Volta a Portugal (foi terceiro, à frente de André). Fará a sua estreia nestas andanças, mas se conseguir controlar uma natural ansiedade, o jovem de 20 anos poderá ter um papel muito importante na selecção portuguesa. "É a primeira vez que estou num Mundial, o que é gratificante. Preparei-me para chegar em boas condições estou motivado para uma corrida que me agrada, porque sou um trepador", disse o ciclista do Miranda-Mortágua.

O percurso de 174,3 quilómetros entre Kufstein e Innsbruck agrada aos quatro, apesar de ser duro. A primeira selecção deverá acontecer nos 2,6 quilómetros de subida para Gnadenwald, a pouco mais de 100 quilómetros para o fim. A ascensão tem 10,5% de pendente média. Pouco depois entra-se no "circuito olímpico", com quatro subidas a Patscherkofel, com 7,9 quilómetros de extensão. Serão 2910 metros de acumulado que beneficia os bons trepadores e Portugal terá quatro bons ciclistas com esta características.

A corrida começa às 11:10 (hora portuguesa) e terá transmissão no Eurosport.

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26 de setembro de 2018

Isso não se faz a um campeão do mundo!

(Fotografia: © BettiniPhoto/Facebook Mundiais de Innsbruck-Tirol)
Não foi nada de inesperado ver Tom Dumoulin e Rohan Dennis decidirem entre eles o título de campeão do mundo de contra-relógio. Muito pelo contrário. Desta feita, confirmaram-se as expectativas nesse aspecto. O que não se esperava era que o australiano fosse tão avassalador na sua exibição, que se pode dizer que não houve rival à altura. Nem do que até àquele momento era o campeão em título. O rosto de Dumoulin dizia tudo. Não só perdeu, como não conseguiu estar ao nível de um Dennis que finalmente alcançou a perfeição, depois de anos a ambicionar uma camisola do arco-íris, numa especialidade de que não se tinha dúvidas que era de facto um dos melhores do mundo. Agora já tem o título que o "oficializa".

Aos 28 anos conquistou a vitória que não esconde que andava a perseguir desde o escalão de juniores. O mais perto que tinha ficado foi em 2012, enquanto sub-23, quando 44 segundos o separaram do então campeão Anton Vorobyev. Na elite, por uma ou outra razão, nem no pódio Dennis conseguiu ficar. "Nunca tinha ganho em nenhum escalão, por isso, vencer o meu primeiro [título] como sénior é mesmo especial", desabafou um Dennis que estava tão feliz, como aliviado de ter alcançado um objectivo de carreira.

Estava a transformar-se num eterno favorito que nunca confirmava esse estatuto, mas 2018 foi grande parte dedicado a preparar os Mundiais, a pensar neste contra-relógio de Innsbruck. Se em Bergen claudicou na subida, desta feita mostrou que o trabalho de casa foi feito e muito bem feito. Esteve praticamente imbatível nos contra-relógios esta temporada - seis vitórias até aos Mundiais - e fecha com uma camisola de arco-íris que deixa mais pessoas a esfregar as mãos de contentamento.

Se o talento estava lá, a verdade é que foi na BMC que o aprendeu a explorar no seu máximo. Foram quatro temporadas e meia numa equipa que o transformou num dos melhores do mundo, mas que quando finalmente vê o seu ciclista alcançar o melhor prémio, este vai vestir a camisola do arco-íris para outra equipa. Ganhou também a Bahrain-Merida com o triunfo de hoje, pelo menos no futuro protagonismo. Fica o mérito de quem na BMC o ajudou. A equipa americana perdeu o seu patrocinador, mas vai continuar agora com a CCC. Porém, chegou tarde a confirmação do futuro da estrutura e Dennis já tinha optado por partir para outro desafio.


(Fotografia: © BettiniPhoto/Facebook Mundiais de Innsbruck-Tirol)
E agora fica a questão de quantos mais títulos poderá este ciclista ganhar, ele que ainda não desistiu de se tornar num voltista, apesar de continuar a convencer muito pouco que possa vir a discutir uma corrida de três semanas.

A sua exibição de hoje foi muito mais do que de um excelente contra-relogista. Foi de um exímio contra-relogista, daqueles que marcam a especialidade. Já foi recordista da hora, é agora campeão do mundo. Falta confirmar-se então como ciclista das grandes voltas, como já fez Tom Dumoulin, com o triunfo no Giro e os segundos lugares também em Itália e no Tour.

O holandês não esteve no seu melhor. Talvez, um Giro e um Tour feitos para ganhar e os pódios que alcançou tenham tido o seu peso. Mas Dumoulin não esteve mal, senão não teria terminado no pódio. Dennis é que esteve bem de mais para todos os outros. Completou os 52,5 quilómetros em 1:03:02 horas, a uma média de 49,9 quilómetros horas, menos 1:21 minutos que Dumoulin, que com o segundo lugar, conta agora com todas as medalhas em mundiais no contra-relógio, ainda que esta de prata vai custar olhar para ela, nos tempos mais próximos. "Não fui suficientemente bom", admitiu o holandês, que não escondeu não se ter sentido bem durante o longo percurso.

Olhando para o historial do contra-relógio, diferenças mais altas são da autoria de um suíço que deixou saudades. Em 2009, Fabian Cancellara venceu o sueco Gustav Erik Larsson por 1:27 minutos e em 2006 deixou David Zabriskie a 1:29. Mas nenhum era campeão do mundo como Dumoulin. Nesse aspecto, quando Tony Martin venceu o seu quarto título e "tirou" a camisola a Vasil Kiryienka, o alemão deixou o bielorrusso a 45 segundos.

Este foi um resultado para a história por parte de Rohan Dennis, de um dos contra-relógios mais longos. E se como voltista ainda não se afirmou, como contra-relogista foi um título mais do que merecido, ainda que dê vontade de dizer: "Isso não se faz a um campeão do mundo Dennis!" Haverá tempo para um ajuste de contas por parte de Dumoulin, numa rivalidade muito particular para os próximos tempos.

Ainda não foi desta para Nelson Oliveira


(Fotografia: © BettiniPhoto/Federação Portuguesa de Ciclismo)
Mais um top dez para Nelson Oliveira. Depois de ter ficado à porta do pódio em Bergen, o ciclista português foi quinto. Tal como no ano passado chegou a ter o tempo mais rápido, mas, desta feita, nem deu tempo para se sentar no trono. Ficou a 2:14 de Dennis, sendo batido por um super australiano, um campeão do mundo (Dumoulin), um bicampeão europeu - e que fez o contra-relógio da sua vida, pois não se esperava que estivesse tão bem com a difícil subida no percurso - (Victor Campanaerts) e houve ainda Michal Kwiatkowski que foi quarto. Quanto ao polaco, basta dizer que simplesmente não sabe correr mal.

"Hoje deixei tudo na estrada. Sabia que tinha de dar o máximo para representar estas cores e estou satisfeito. A condição física é boa e senti-me bem num contra-relógio em que a primeira parte era muito complicada para mim e na qual era necessário regular bem o esforço para que o troço final me corresse melhor. Foi isso que fiz. Dei o meu máximo, mais do que isto era complicado fazer. Os adversários foram muito mais fortes do que eu, mas vou continuar a sonhar para um dia chegar às tão desejadas medalhas", referiu Nelson Oliveira, citado pela Federação Portuguesa de Ciclismo.

Estamos perante um dos melhores da especialidade, mas a medalha teima em não chegar para o português, não ajudando que seja um ciclista obrigado a trabalhar para os líderes da Movistar, não podendo preparar uns Mundiais como Dennis ou Dumoulin podem. Mas neste tipo de provas, tudo pode acontecer. Campanaerts foi a prova disso em Innsbruck.


(Fotografia: © BettiniPhoto/Federação Portuguesa de Ciclismo)
Mas este ano houve outro português em prova, o bicampeão nacional Domingos Gonçalves, numa nova experiência para o ciclista da Rádio Popular-Boavista. Foi 41º, a 6:29 do vencedor. "Encontrei aqui outra realidade, os adversários têm um ritmo que, de momento, não está ao meu alcance. Senti falta de ritmo e acusei um pouco nunca antes ter feito um contra-relógio tão extenso. A seguir à subida comecei a ter cãibras", afirmou o gémeo de Barcelos, que utilizou uma bicicleta idêntica às da Katusha-Alpecin, equipa do irmão José.

Arrancam as corridas de fundo

Ponto final nos contra-relógios. Esta quinta-feira começam as corridas de fundo. Da parte da manhã serão as juniores femininas (8:10), da parte da tarde serão os rapazes do mesmo escalão (13:40). Esta última terá a participação de dois portugueses, os mesmos que fizeram o contra-relógio: Afonso Silva e Guilherme Mota.

A corrida terá 126,8 quilómetros e um acumulado de 1916 metros. Antes da entrada no duro circuito de Innsbruck, que será percorrido duas vezes, o pelotão terá algumas dificuldades pela frente. A primeira selecção deverá acontecer aos 70 quilómetros, quando se subir Gnadenwald, uma colina com 2,6 quilómetros e uma inclinação média de 10,5%, com vários troços superiores a 13%. No entanto, as maiores decisões deverão ficar guardadas para o chamado "circuito olímpico", a percorrer duas vezes, na parte final da prova. Os corredores terão de ultrapassar duas vezes a subida de 7,9 quilómetros com inclinação média de 5,7%, cujo topo fica a 13,9 quilómetros da meta.

Os dois ciclistas eleitos pelo seleccionador José Poeira são bons trepadores, pelo que a expectativa é para um resultado positivo.

Os campeões de Innsbruck até ao momento

Contra-relógio por equipas 
Feminino: Canyon SRAM Racing (Alemanha)
Masculino: Quick-Step Floors (Bélgica)

Contra-relógio individual
Juniores femininas: Rozemarijn Ammerlaan (Holanda)
Juniores masculinos: Remco Evenepoel (Bélgica)

Sub-23 masculinos (não há este escalão para as raparigas): Mikkel Bjerg (Dinamarca) - renovou o título

Elite feminina: Annemiek van Vleuten (Holanda) - renovou o título
Elite masculina: Rohan Dennis (Austrália)

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