8 de setembro de 2018

Fim de época para Kittel: "O meu corpo simplesmente precisa de paz e sossego"

(Fotografia: Twitter Katusha-Alpecin)
Desilusão, decepcionante e mais uns sinónimos têm sido as palavras mais utilizadas por Marcel Kittel esta temporada. Passou 2018 a acreditar que seria na próxima corrida que aparecia ao seu melhor, ou pelo menos mais perto disso. Porém, após o abandono na Volta à Alemanha, no final de Agosto, o alemão anunciou que iria realizar minuciosos exames médicos para tentar perceber porque não estava a render o esperado. Não foi encontrado qualquer problema segundo Kittel e o sprinter optou por dar por terminada a sua época, descansar e esperar que em 2019 consiga aparecer bem mais competitivo.

Já não havia grande esperança de dar a volta à presença na lista dos flops a nível de contratação em 2018, com a Katusha-Alpecin a abrir os cordões à bolsa para garantir um dos melhores sprinters do mundo, muitas vezes visto como o melhor da actualidade, mas que pouco rendeu. Duas vitórias é pouco. Muito pouco para o real valor de Kittel. O ciclista considera que precisa de descansar. "Infelizmente tenho de terminar a minha temporada. Não foi fácil de encontrar a causa para me sentir tão mal na bicicleta. Felizmente não há nenhum vírus envolvido, mas é claro que o meu corpo simplesmente precisa de paz e sossego por agora", disse o ciclista, citado pelo Cycling News.

A equipa sempre tentou demonstrar apoio ao seu ciclista, mas durante a Volta a França as palavras de um dos directores desportivos revelaram algum descontentamento. "Pagamos-lhe muito dinheiro e ele só se interessa por ele próprio. Antes do contra-relógio por equipas, ele estava a brincar com o telemóvel durante a reunião, para me mostrar que não estava interessado no que eu estava a dizer", afirmou na altura Dimitri Konyshev, ao jornal L'Equipe. Mais tarde, acabaria por tentar amenizar a situação, afirmando que os sprinters até costumam ser um pouco egoístas, mas que Kittel trabalhava em prol da equipa em algumas etapas.

Em 2017, Kittel somou 14 vitórias, cinco no Tour. Na Katusha-Alpecin o alemão sabia que não teria o mesmo apoio, pois metade dos ciclistas eleitos, seriam para ajudar Ilnur Zakarin, na luta pela geral. Contudo, toda a temporada foi má e as duas vitórias no Tirreno-Adriatico não foram o prenúncio que o sprinter estava finalmente a entrar num ritmo ganhador. Não ganhou mais e no Tour acabaria por abandonar ao chegar fora do tempo limite na 11ª etapa.

O receio de pudesse sofrer de algum problema de saúde também está relacionado com o vírus que o afectou durante 2015, naquele que foi o seu pior ano desde que saltou para a ribalta. Conquistou apenas uma vitória, correndo grande parte da época em dificuldades, que o levaram até a ficar de fora da Volta a França. O ciclista acabaria por optar quebrar contrato com a então Giant-Alpecin (actual Sunweb), para tentar dar um novo ar à carreira na Quick-Step Floors. Dois anos depois deixou a formação belga por não querer arriscar ficar em segundo plano nas escolhas, principalmente para o Tour, com Fernando Gaviria.

Durante esta temporada surgiram novamente rumores que Kittel estaria a pensar em não cumprir contrato com a Katusha-Alpecin e mudar novamente de estrura. O alemão negou que tal iria acontecer.

Sendo um ciclista mais do que habituado a competir sobre muita pressão, ainda assim, Kittel vai estar muito mais pressionado do que o habitual em 2019. O investimento da Katusha-Alpecin foi alto para garantir alguém que trouxesse vitórias e consequentemente pontos para o ranking. Algo que poderá ter ainda maior relevância se a UCI avançar com o plano de reduzir o escalão do World Tour em 2020.

A formação liderada pelo português José Azevedo tem apenas cinco triunfos este ano, ocupando o penúltimo lugar do ranking. Só a Dimension Data está numa situação pior, sofrendo também do mesmo mal: ter um excelente sprinter que já não rende como no passado recente: Mark Cavendish. No caso do britânico, tem mesmo um problema de saúde (link em baixo). No caso de Kittel, a equipa espera que paz e sossego seja mesmo a cura para o mal do alemão.

A Katusha-Alpecin apostou em duas estrelas germânicas, mas não conseguiu ver o melhor de nenhuma. Kittel ainda tem mais um ano para se redimir, mas Tony Martin estará de saída. Contratado em 2017, depois de cinco temporadas na Quick-Step Floors, o especialista de contra-relógio nunca conseguiu atingir o mesmo nível exibicional. Ainda não há confirmação oficial, mas Martin, de 33 anos, estará de malas feitas para a Lotto-Jumbo.


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