(Fotografia: © Stiehl Photography/Dimension Data) |
Depois de três anos no World Tour, a Dimension Data não quer perder a sua identidade africana, mas em nome da sustentabilidade, terá de reduzir a aposta nos ciclistas daquele continente. As mudanças previstas para 2020 e que podem incluir a redução de formações no World Tour de 18 para 15, levou os responsáveis a mudar um pouco a estratégia para garantir a continuidade ao mais alto nível e, assim, poder manter a sua aposta em alguns corredores africanos.
Actualmente, quase metade do plantel provém do continente africano, isto é, 13 dos 27 ciclistas que compõem a Dimension Data. Dos três estagiários que chegaram em Agosto, há mais um africano a contabilizar. "Haverá algumas decisões a tomar. Uma será reduzir a nossa pegada africana, para que tenhamos maior profundidade e qualidade", afirmou Doug Ryder, O director não fecha a porta para que no futuro próximo a aposta em ciclistas africanos volte a aumentar, mas agora é preciso de alterar a filosofia.
"A nossa sustentabilidade é o mais importante. Os ciclistas que estamos a trazer para a equipa são agora de todo o lado", salientou. Mas ficou a garantia: "Se o nosso foco mudou? Não. Se nos preocupamos com África e em mobilizar o continente através das bicicletas? Completamente." Porém, não esconde: "Se vamos andamos para trás e para a frente? Infelizmente, hoje sim."
Nos três anos em que está no World Tour, a formação sul-africana tem sido sempre última do ranking, lugar que ocupa neste momento. No entanto, Ryder salienta que 2018 está a ser a pior temporada de sempre. São apenas sete as vitórias, com as últimas duas a dar uma ajuda preciosa à equipa, com Ben King a conquistar duas etapas da Vuelta. Em 2016 foram 32 e em 2017, 25. Apesar da falta de rendimento de alguns ciclistas, a Dimension Data não tem estado imune aos azares. Mark Cavendish soma quedas e parou novamente devido ao regresso do vírus Epstein-Barr, que no ano passado provocou-lhe uma mononucleose. Edvald Boasson Hagen começou o ano na mesa de operações e Bernard Eisel também teve de parar depois de uma cirurgia ao cérebro.
A estrela em ascensão, Ben O'Connor parecia estar a caminho de um top 10 no Giro, mas caiu, partiu a clavícula e abandonou. "Pensava: 'Estão a brincar comigo?' É como se alguém tivesse feito uma boneca voodoo para a Dimension Data, espetou-lhe e bateu com ela na mesa", disse, citado pelo Cycling Weekly.
Doug Ryder não quer apenas que a equipa comece a ganhar mais. É preciso ganhar nas corridas do World Tour. Por isso, a aposta está a ser em ciclistas com mais experiência: Michael Valgren (26 anos, Astana), Roman Kreuziger (32, Mitchelton-Scott), Enrico Gasparotto (36, Bahrain-Merida), Danilo Wyss (33, BMC) e Lars Ytting Bak (38, Lotto Soudal). Rasmus Tiller (22, Joker Icopal) é, até ao momento, a aposta mais jovem para 2019, a nível de reforços.
"Nós queremos mobilizar o continente africano com o sucesso desta equipa. Queremos criar um herói africano. Não o podemos fazer se não existirmos", salientou. A Dimension Data continua a ser uma forma de angariar dinheiro para depois distribuir bicicletas por África. Mais de 80 mil já foram entregues e Ryder confessa como perfeito seria um dia, uma das crianças que começou a andar numa dessas bicicletas ganhar a Volta a França.
Num objectivo mais próximo, a equipa quer ver um africano no pódio de uma grande volta, principalmente na francesa. Louis Meintjes regressou à formação que o lançou, depois de uma passagem pela Lampre-Merida/UAE Team Emirates, para tentar ser esse herói, mas 2018 está a ser para esquecer, tanto no Giro, como agora na Vuelta. Daniel Teklehaimanot chegou a ter esse estatuto de herói quando vestiu a camisola da montanha no Tour em 2015. O ciclista acabou por não conseguir manter o sucesso e no final do ano passado o seu contrato não foi renovado. Está na Cofidis.
Ryder refere ainda como é complicado ter africanos numa equipa a nível financeiro, pois, disse, custam três vezes mais quando é preciso viajar: "Já falei com o Comité Olímpico Internacional para criar um passaporte do atleta, para que os nossos atletas possam viajar mais facilmente."
"Temos de nos focar. O nosso orçamento é limitado. Não podemos ser tudo para todos, senão vamos ser nada para ninguém", salientou Ryder, que tudo fará para manter o estatuto World Tour. E precisamente por o dinheiro não abundar, o futuro de Cavendish continua incerto. O britânico é dos ciclistas mais bem pagos do pelotão, mas o seu rendimento está longe do que era. Para permanecer na Dimension Data terá provavelmente de concordar um corte no salário e aceitar que já não será a principal aposta da equipa, que para sobreviver ao mais alto nível quer abrir o leque de possibilidades de ciclistas vencerem e não centrar tanto num.
Ben O'Connor é a estrela em ascensão, Valgren vai chegar à equipa para vencer clássicas e espera-se que Meintjes possa regressar à consistência de épocas anteriores (top dez em grandes voltas é com ele quando está bem). Apesar da então anunciada redução de ciclistas africanos, ainda assim, já estão confirmados nove para 2019, mas não significa que a redução não venha a ter efeitos nas próximas temporadas, até a equipa entrar no rumo desejado para que possa regressar à sua génese, de ser uma porta de entrada de ciclistas africanos para o mais alto nível do ciclismo mundial.
»»BMC alia-se à Dimension Data««
»»O futuro incerto de Mark Cavendish««
Nos três anos em que está no World Tour, a formação sul-africana tem sido sempre última do ranking, lugar que ocupa neste momento. No entanto, Ryder salienta que 2018 está a ser a pior temporada de sempre. São apenas sete as vitórias, com as últimas duas a dar uma ajuda preciosa à equipa, com Ben King a conquistar duas etapas da Vuelta. Em 2016 foram 32 e em 2017, 25. Apesar da falta de rendimento de alguns ciclistas, a Dimension Data não tem estado imune aos azares. Mark Cavendish soma quedas e parou novamente devido ao regresso do vírus Epstein-Barr, que no ano passado provocou-lhe uma mononucleose. Edvald Boasson Hagen começou o ano na mesa de operações e Bernard Eisel também teve de parar depois de uma cirurgia ao cérebro.
A estrela em ascensão, Ben O'Connor parecia estar a caminho de um top 10 no Giro, mas caiu, partiu a clavícula e abandonou. "Pensava: 'Estão a brincar comigo?' É como se alguém tivesse feito uma boneca voodoo para a Dimension Data, espetou-lhe e bateu com ela na mesa", disse, citado pelo Cycling Weekly.
Doug Ryder não quer apenas que a equipa comece a ganhar mais. É preciso ganhar nas corridas do World Tour. Por isso, a aposta está a ser em ciclistas com mais experiência: Michael Valgren (26 anos, Astana), Roman Kreuziger (32, Mitchelton-Scott), Enrico Gasparotto (36, Bahrain-Merida), Danilo Wyss (33, BMC) e Lars Ytting Bak (38, Lotto Soudal). Rasmus Tiller (22, Joker Icopal) é, até ao momento, a aposta mais jovem para 2019, a nível de reforços.
"Nós queremos mobilizar o continente africano com o sucesso desta equipa. Queremos criar um herói africano. Não o podemos fazer se não existirmos", salientou. A Dimension Data continua a ser uma forma de angariar dinheiro para depois distribuir bicicletas por África. Mais de 80 mil já foram entregues e Ryder confessa como perfeito seria um dia, uma das crianças que começou a andar numa dessas bicicletas ganhar a Volta a França.
Num objectivo mais próximo, a equipa quer ver um africano no pódio de uma grande volta, principalmente na francesa. Louis Meintjes regressou à formação que o lançou, depois de uma passagem pela Lampre-Merida/UAE Team Emirates, para tentar ser esse herói, mas 2018 está a ser para esquecer, tanto no Giro, como agora na Vuelta. Daniel Teklehaimanot chegou a ter esse estatuto de herói quando vestiu a camisola da montanha no Tour em 2015. O ciclista acabou por não conseguir manter o sucesso e no final do ano passado o seu contrato não foi renovado. Está na Cofidis.
Ryder refere ainda como é complicado ter africanos numa equipa a nível financeiro, pois, disse, custam três vezes mais quando é preciso viajar: "Já falei com o Comité Olímpico Internacional para criar um passaporte do atleta, para que os nossos atletas possam viajar mais facilmente."
"Temos de nos focar. O nosso orçamento é limitado. Não podemos ser tudo para todos, senão vamos ser nada para ninguém", salientou Ryder, que tudo fará para manter o estatuto World Tour. E precisamente por o dinheiro não abundar, o futuro de Cavendish continua incerto. O britânico é dos ciclistas mais bem pagos do pelotão, mas o seu rendimento está longe do que era. Para permanecer na Dimension Data terá provavelmente de concordar um corte no salário e aceitar que já não será a principal aposta da equipa, que para sobreviver ao mais alto nível quer abrir o leque de possibilidades de ciclistas vencerem e não centrar tanto num.
Ben O'Connor é a estrela em ascensão, Valgren vai chegar à equipa para vencer clássicas e espera-se que Meintjes possa regressar à consistência de épocas anteriores (top dez em grandes voltas é com ele quando está bem). Apesar da então anunciada redução de ciclistas africanos, ainda assim, já estão confirmados nove para 2019, mas não significa que a redução não venha a ter efeitos nas próximas temporadas, até a equipa entrar no rumo desejado para que possa regressar à sua génese, de ser uma porta de entrada de ciclistas africanos para o mais alto nível do ciclismo mundial.
»»BMC alia-se à Dimension Data««
»»O futuro incerto de Mark Cavendish««
Sem comentários:
Enviar um comentário