(Fotografia: © PhotoGomezSport/La Vuelta) |
Os Lagos de Covadonga definiram o quarteto que, não havendo surpresas de maior - o que é sempre bem possível na Vuelta -, irá então discutir a geral. Steven Kruijswijk (Lotto-Jumbo) está a 1:29 minutos e Enric Mas (Quick-Step Floors) - que grande corrida está o jovem espanhol a realizar - a 1:55, mas o quarteto está forte e um pouco acima no nível de forma destes dois ciclistas. Pelo menos, no encerrar desta segunda semana.
A declaração de intenções da Astana foi muito interessante. Não se meteu em discussões entre Mitchelton-Scott e Movistar. Quando quis assumir a corrida, foi para a frente do pelotão. A afirmação era clara: estão ali para lutar pela Vuelta e queriam ganhar a etapa com López. Thibaut Pinot estragou esta parte dos planos, mas o colombiano animou e bem a mítica subida espanhola de 11 quilómetros, com muitos metros acima dos 10% e com uns metros a 20% à espera dos ciclistas já perto do final. López atacou, foi apanhado, controlou, voltou a atacar... Este colombiano entusiasma e este ano está mesmo na disputa pela Vuelta, depois de duas vitórias de etapa em 2017, que aconteceram quando a geral estava fora de questão.
López foi quem acabou o dia melhor. Conseguiu ganhar uma pequena vantagem para ser segundo, o que lhe deu automaticamente seis segundos de bonificação. Na estada ganhou mais quatro a Valverde e seis a Quintana. Só Yates minimizou as perdas, pois também bonificou (quatro segundos), ganhando vantagem sobre a dupla da Movistar. López está a 43 segundos do britânico, Quintana a 33 e Valverde a 26.
Miguel Ángel López e Simon Yates, dois ciclistas que dão espectáculo e que para ganhar a Vuelta, agem, não ficam à espera. Aqui entra Nairo Quintana. No sábado ainda tentou mexer um pouco na etapa, mas nos Lagos de Covadonga foi o ciclista que se tornou habitual em tempos recentes. Sempre conservador, sempre à espera de um momento ideal que parece nunca chegar. É quase irritante ver um ciclista com a qualidade de Quintana ficar a olhar tanto para os adversários, quando demonstra que pode fazer mais. Não foi um Quintana conservador que ganhou o Giro e a Vuelta. Nesta última, foi precisamente uma vitória nos Lagos de Covadonga que o lançou para o triunfo na geral em 2016.
Não deixou de ser curioso como Yates protestou com Quintana por não ajudar na perseguição a López, isto vindo de um ciclista, cuja equipa não quis nem assumir, nem ajudar a Movistar no controlo do pelotão há uns dias. E não deixa de ser ainda mais curioso como Quintana não tenta fazer mais, mesmo indo perdendo valiosos segundos quase todos os dias.
O colombiano pediu ajuda a Valverde. Este quase deitou muito a perder ao atacar e depois ao não conseguir aguentar o contra-ataque de Yates. Lá recuperou, mas admitiu que precisou de respirar quando o colega lhe pediu ajuda. Valverde acabou à frente de Quintana e não esconde que também estava preocupado em não perder tempo. Com o aproximar das decisões finais e com um Valverde em condições normais a ganhar tempo a Quintana no contra-relógio, haverá mais uma rivalidade do que propriamente jogo de equipa. Será ainda mais difícil para o colombiano se Valverde vestir a camisola vermelha no contra-relógio. Do quarteto é o mais forte nesta especialidade e 26 segundos estão absolutamente ao seu alcance, apesar de Yates ter melhorado bastante no esforço individual.
Foi um dia de espectáculo e a emoção está finalmente a aumentar nesta Vuelta, que tem ainda mais três etapas de montanha, sendo no sábado a de apenas 97,5 quilómetros. Mais uma vez, o tempo e a montanha escasseiam para um Quintana que terá de deixar o conservadorismo se quiser ganhar a Vuelta. Se quiser ganhar mais uma grande volta, seja ela qual for.
Pinot fez o pleno
Era uma vitória que o francês bem estava a precisar. Depois de quebrar no final do Giro e devido a uma pneumonia nem terminar a corrida, ficou ainda afastado do Tour, pois a recuperação foi longa. A vitória na Volta aos Alpes criou boas expectativas, não confirmadas, mas Pinot reagiu nesta Vuelta. Chegou a Espanha a falar em ganhar etapas, mas só não está mais próximo na luta pela geral porque foi apanhado num "abanico". Mas aqui está a vitória desejada, aquela que lhe permite fazer o pleno: venceu nas três grandes voltas.
Pinot disse que triunfou no Alpe d'Huez espanhol, numa referência à sua última conquista no Tour, em 2015. Foi um ataque perfeito que soube explorar a fase em que o quarteto da geral estava preocupado consigo próprio, não esquecendo que por ali estava um Steven Kruijswijk que nunca se sabe quando pode tirar um coelho da cartola e um Enric Mas que vai finalmente conquistar o apreço dos espanhóis que tanto medo têm de não terem sucessores à altura de Alberto Contador, 'Purito' Rodríguez e Valverde, este último o único ainda em actividade. Aqui está mais um mais que provável sucessor, com uma grande margem de progressão, tal como Marc Soler (Movistar), por exemplo, que não está na Vuelta.
Quanto a Pinot, só ganhou 28 segundos aos candidatos, mas com a restante concorrência a entrar a mais de minuto meio - com excepção de Rigoberto Uran (EF Education First-Cannondale-Drapac) - o francês saltou quatro lugares, sendo agora sétimo, a 2:10 de Yates. Se mantiver a forma, não só segura o top dez, como ainda poderá subir um pouco mais.
A saga francesa na Vuelta continua, a Groupama-FDJ já tinha tido Rudy Molard como líder e agora tem a sua etapa, à imagem da Cofidis. A AG2R vai com duas tiradas ganhas.
Pode ver aqui as classificações completas.
16ª etapa: Santillana del Mar - Torrelavega (contra-relógio), 32 quilómetros
Numa corrida com segundos a separar os candidatos, estes 32 quilómetros podem mesmo ter um grande peso na decisão final. É Valverde quem, em teoria, parte em vantagem. Yates, López e Quintana estão longe de ser especialistas, mas é o britânico quem demonstrou que mais evoluiu nos últimos meses para melhor se defender. Segunda-feira é dia de descanso.
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