(Fotografias: Facebook de Rebellin e da Androni-Giocattoli) |
Há uma década, ciclistas com estas idades seriam vistos como velhos (e bem velhos) para o ciclismo. Porém, a evolução da modalidade tem permitido aos seus atletas durarem cada vez mais mais tempo aos mais alto nível e em alguns casos começa-se a perceber que as melhores fases das carreiras ocorrem já depois dos 30. E claro que em 2013 se deu o caso mais extremo, quando Chris Horner venceu a Volta a Espanha aos 41 (quase 42) e apesar de nunca mais ter aparecido em tão boa forma, este ano ainda competiu no escalão Continental, mas está sem equipa para 2017. Ofereceu-se à Bahrain-Merida, mas ouviu um não.
Começando por Pellizotti. Durante cinco temporadas o italiano era uma das referências da então Liquigas. Porém, em 2011, irregularidades nos valores sanguíneos do seu passaporte biológico valeram-lhe uma suspensão de dois anos. Pellizotti recorreu e em 2012 voltou à competição e logo para conquistar o título de campeão italiano. Porém, não mais conseguiu regressar ao principal escalão, ficando na Androni Giocattoli. A situação do doping ainda lhe custou a camisola do rei da montanha do Tour de 2009 e o terceiro lugar do Giro desse mesmo ano. Além disso, pagou uma multa de 115 mil euros.
Curiosamente, ao ser apresentado como o mais recente reforço da recém-criada Bahrain-Merida, foram referidos, no comunicado, precisamente as duas conquistas que Pellizotti acabou por perder. Aos 38 anos (completa 39 a 15 de Janeiro), já se falava da possível retirada, mas eis que a carreira de Pellizotti dá uma volta que nem o próprio esperaria nesta altura: está de regresso ao World Tour e deverá integrar o grupo que estará a apoiar Nibali, algo que deixa o veterano ciclista muito satisfeito.
"Estou muito feliz por mais do que uma razão. Vou competir mais um ano e ainda mais na Bahrain-Merida, regressando ao World Tour. Isto signfica que vou pedalar com os melhores ciclistas do mundo, como o Nibali. O que me entusiasma ainda mais é a ideia de pertencer a uma nova equipa e partilhar o entusiasmo com os meus colegas. É o mesmo sentimento que tive em 2005 na Liquigas, quando conheci o Vincenzo e o Gasparotto e outras pessoas que estão agora no staff da Bahrain-Merida", salientou Pellizotti, citado pelo Cycling News.
Apenas como curiosidade, Franco Pellizotti foi uma das principais figuras presentes na Volta a Portugal. Terminou no 17º lugar, mas deu que falar quando admitiu que se riu quando lhe falaram das dificuldades da competição portuguesa, percebendo depois que afinal o percurso era bastante complicado e que os avisos tinham razão de ser.
Davide Rebellin é um caso de estudo de longevidade no ciclismo. Afinal são 45 anos (feitos em Agosto) que não assustaram a equipa do Kuwait que o contratou também numa perspectiva de ajudar na evolução de ciclistas mais jovens. Rebellin não consegue fugir a essa função, mas também não se deve incomodar muito, afinal já deve ter perdido a contas das vezes que lhe perguntaram se era desta que se ia retirar.
Rebellin teve uma carreira marcada por vitórias importantes, mas tal como Pellizotti foi apanhado mas malhas do doping. Testou positivo por CERA e cumpriu dois anos de suspensão, perdendo a medalha de prata que tinha conquistado nos Jogos Olímpicos de Pequim. Regressou em 2011, mas nunca mais encontrou o caminho do World Tour.
Estamos a falar de um ciclista que na sua época áurea venceu uma Liège-Bastogne-Liège (2004), três Flèche Wallonne (2004, 2007 e 2009), uma Amstel Gold Race (2004), um Paris-Nice (2008) e um Tirreno-Adriatico (2001).
Rebellin começou em 1992 e depois da sanção por doping já não se esperava que regressasse à estrada. Mas os 40 anos não o assustaram. Esteve dois anos no escalão Continental, primeiro numa equipa italiana e depois numa croata, encontrando estabilidade na polaca CCC, do nível Profissional Continental. Foram quatro anos com resultados interessantes, principalmente para um quarentão. Com o final do seu contrato, parecia que era mesmo desta que Rebellin seria forçado a retirar-se. Afinal tem pelo menos mais um ano pela frente a competir.
Qual é a idade ideal para um ciclista se retirar? Cada vez mais o final da carreira tem sido decidido mais por razões psicológicas ou por falta de equipa, do que propriamente físicas. A idade já tem um papel menor. Vejamos o caso de Matthew Goss. Aos 24 anos o australiano era uma das grandes promessas do sprint e para as clássicas (ganhou uma Milano-Sanremo em 2011). Aos 30 anunciou o abandono da carreira porque simplesmente perdeu a motivação. Nem o facto de procurar refúgio na One Pro Cycling para fugir um pouco à pressão o ajudou. Goss fartou-se da competição.
Temos ainda Fabian Cancellara. Anunciou que 2016 seria o seu último ano e realizou uma temporada muito positiva, coroada com a medalha de ouro olímpica no contra-relógio. Aos 35 anos ficou claramente a ideia que ainda tinha capacidade para mais um ou dois anos em grande nível, mas o suíço meteu na cabeça que estava na altura de se retirar. Queria sair em grande e assim foi.
Depois há o exemplo de Matteo Tosatto. Aos 42 anos queria continuar, preferencialmente no World Tour. Com o final da Tinkoff, o italiano bem tentou encontrar uma equipa. Deu entrevistas a dar conta que gostaria de prosseguir a carreira, garantindo que tinha condições físicas para ser útil. No entanto, foi disse logo que não iria pedinchar um contrato e se tivesse de optar pelo abandono que o faria. E fê-lo.
Portugal teve dois exemplos idênticos: Hugo Sabido (37 anos) e Bruno Pires (35) acabaram por colocar um ponto final nas carreiras depois de não terem consigo encontrar equipa, apesar de claramente terem capacidade para serem mais valias caso tivessem recebido um contrato.
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