Grivko poderá tornar-se no único vencedor da La Méditerranéene
(Fotografia: Facebook La Méditerranéene)
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Não está a ser fácil para as equipas organizarem este início de temporada. Primeiro foi a Volta a San Luis, na Argentina, a ser cancelada, seguiu-se o histórico Critérium Internacional (França), já em 2017 foi a Volta ao Qatar a não resistir à falta de patrocinadores - e logo no ano em que faria parte do calendário World Tour -, agora foi mais uma corrida francesa, La Méditerranéenne, e a prova que tradicionalmente fecha o calendário belga, a Nationale Sluitingsprijs Putte-Kapellen, também está em risco de não se realizar.
Esta crise que parece ser eterna no ciclismo não poupa nem corridas com história, nem competições recentes e que pareciam estar a ter um crescimento sólido, caso da Volta a San Luis. A La Méditerranéenne era a sucessora da Volta ao Mediterrâneo, que se realizou entre 1974 e 2014. Em 2016 reapareceu com um nome diferente, mas sofreu um revés para 2017, quando a organização anunciou que em vez de quatro etapas, haveriam apenas duas, pois a polícia não tinha elementos disponíveis para garantir a segurança da corrida. Agora foi mesmo cancelada. A polícia, devido à falta de agentes, não tem ninguém para disponibilizar. Romain Bardet (AG2R) era um dos ciclistas que tinha previsto competir na La Méditerrannéene, que se realizaria entre 11 e 12 de Fevereiro (data após o encurtamento da prova).
A organização espera que no próximo ano possa recuperar a competição, mas para já deixa ainda maior o "buraco" em Fevereiro, já que a Volta ao Qatar estava prevista entre 6 e 10 desse mês. Se a La Méditerrannéene não regressar em 2017, será uma das corrida com menos história do ciclismo, podendo o ucraniano Andrei Grivko (Astana) dizer que foi o único vencedor. O português Sérgio Sousa (Vorarlberg) foi 16º, a 4:17 minutos de Grivko.
Mas recordando um pouco de história, se contabilizarmos as edições da Volta ao Mediterrâneo, temos vencedores como Eddy Merkcx, Davide Rebellin, Laurent Jalabert, Jens Voigt, Stephen Cummings e também Rinaldo Nocentini (em 2010 após a desclassificação de Alejandro Valverde), ciclista que agora representa o Sporting-Tavira.
Relativamente à Nationale Sluitingsprijs Putte-Kapellen a questão é um pouco diferente. Um dos organizadores, Eddy Carpentier, explicou que há 35 anos que está envolvido nesta competição e considera que está na altura de serem outras pessoas, mais novas, a pegar na organização da prova, cuja história que remonta a 1929.
A corrida está marcada para 17 de Outubro, a norte de Antuérpia, e arrasta sempre uma multidão para a estrada, como aliás é habitual em grande parte das competições naquele país. Carpentier espera que alguém apareça e não deixe morrer mais uma corrida histórica, mas avisa que serão precisos cerca de 150 mil euros para garantir que a prova se torne realidade.
A acontecer o pior, será mais uma competição com história a terminar, como aconteceu com o Critérium International, que depois de 85 edições chegou ao fim com um anúncio que apanhou muitos desprevenidos, ainda mais tendo em conta que era organizada pela ASO, responsável de muitas das principais corridas, com a Volta a França à cabeça.
A Volta a San Luis, na Argentina, só se realizava há dez anos, mas tornou-se num destino que muitos ciclistas do World Tour elegiam para começar a temporada, casos de Nairo Quintana e Alberto Contador, por exemplo. Falta de dinheiro significou o fim, ainda que se mantenha a esperança que possa voltar em 2018. Entretanto, a Volta a San Juan aproveitou para conquistar importância e seduzir algumas estrelas, como Vincenzo Nibali e Rui Costa.
O caso da Volta ao Qatar será, talvez, o mais surpreendente. No ano em que subiu ao principal calendário, a corrida foi cancelada por falta de patrocinadores. O Mundial, que foi um fracasso em termos de público, poderá ter afectado negativamente a atracção pela competição que começou em 2002 e que era uma prova que agradava aos sprinters.
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