Rui Oliveira está no estágio da equipa na Califórnia (Fotografia: Axeon Hagens Berman) |
"Só tenho que lhe agradecer pela compreensão que tem tido comigo. Tem-me dito para não apressar a recuperação e levar as coisas com calma porque a época é longa e tenho muitas corridas pela frente. Isso, obviamente deixa-me mais tranquilo e com vontade de retribuir a confiança", referiu Rui Oliveira ao Volta ao Ciclismo. O ciclista de 20 anos está na Califórnia a realizar o seu primeiro "campo de treino" com a Axeon Hagens Berman, mas em breve poderemos vê-lo em Portugal com a nova equipa, já que poderá participar na Volta ao Alentejo, se estiver em condições físicas para tal.
Para 2017, Rui Oliveira deseja que o ano lhe "traga menos azares". "Tendo a oportunidade de ingressar no estrangeiro, numa das melhores equipas de formação do mundo, quero evoluir o máximo que conseguir, tanto como ciclista, como pessoa", salientou.
"Neste momento só me resta recuperar a 100%. Tenho estado a fazer tudo o que posso para melhorar rapidamente e bem, para quando voltar a correr não me sentir muito mal"
Mas vamos recuar àquele dia de 28 de Maio, no Tour de Gironde, em França e que passados tantos meses continua a marcar a preparação do jovem ciclista. Rui Oliveira não conseguiu desviar-se de uma queda que ocorreu à sua frente, numa descida, em estrada molhada devido à chuva, e embateu "com força o fémur no chão". "Ainda me tentei levantar para seguir, mas não consegui e aí percebi que algo estava mal... Tive que ser operado no dia a seguir em França. Assim foi e voltei passado uns dias para Portugal", recordou. No entanto, o pior não tinha passado: "Cerca de três meses depois continuava a sentir enormes dores na zona da virilha, o que não era normal. Fiz um TAC e os médicos viram que a operação que me fizeram em França não ficou bem feita e só conseguiria ficar bem se fosse operado novamente."
À segunda ficou tudo bem feito e Rui Oliveira agradece à equipa de Espregueira Mendes por ter permitido que pudesse voltar a concentrar-se numa verdadeira recuperação e treinar para estar de novo ao seu melhor. "Neste momento só me resta recuperar a 100%", realçou. Porém, estamos em Janeiro e o ciclista disse ter a "plena noção que a preparação está atrasada e que estes primeiros meses serão difíceis". "Tenho estado a fazer tudo o que posso para melhorar rapidamente e bem, para quando voltar a correr não me sentir muito mal."
Apesar desta situação, Rui Oliveira está muito motivado, afinal está numa equipa que o permite sonhar muito alto e a receber o apoio necessário para ultrapassar uma fase complicada. "Basta ver que alguns dos melhores ciclistas do mundo na actualidade passaram pela 'escola' do Axel [Merckx]. Penso que é uma equipa que nos ajudará a todos os níveis para que cheguemos ao patamar mais alto do ciclismo", salientou.
Passagem da pista para a estrada... mas sem abandonar a pista
Depois dos gémeos Oliveira terem alcançado os melhores resultados na pista para Portugal, o desejo agora é vingar na estrada. Porém, Rui Oliveira afirmou que irá, sempre que possível, continuar a conjugar as duas vertentes e Axel Merckx já havia confirmado que o calendário dos gémeos será dividido entre a pista e a estrada. "Naturalmente que o meu foco principal estará na estrada, mas gostaria de continuar a fazer pista. Não com a regularidade que tenho feito até aqui, mas pelo menos as competições mais importantes, como europeus e mundiais, se assim for compatível, porque adoro mesmo competir na pista a esse nível", confessou.
"Sou uma pessoa que gosta de desafios e de mostrar o meu valor"
Rui Oliveira frisou que se sente preparado para enfrentar outro nível de ciclismo e apostar nesta passagem da pista para a estrada. "Sou uma pessoa que gosta de desafios e de mostrar o meu valor. No ano de 2016 estava muito confiante na estrada - até mais do que na pista - e os resultados estavam a aparecer. Portanto, acredito que tenho o potencial para fazer a passagem para a estrada, sabendo das dificuldades, tendo em conta o que se passou", explicou.
As primeiras pedaladas rumo a um outro nível do ciclismo já começaram na Califórnia e claro que, como qualquer outro jovem ciclista, Rui Oliveira tem os seus sonhos. Estar entre a elite na Volta a Flandres é um dos seus objectivos, mas também fazer a Volta a França. "Esta última mais pelo mediatismo que a envolve." No entanto, ainda está a descobrir-se como ciclista: "Com o passar do tempo irei perceber o que se encaixa melhor nas minhas características, mas do que tenho feito, gosto de fazer corridas por etapas."
A pressão é algo com que Rui terá de viver, mas não parece preocupado, muito pelo contrário, revela confiança. "Sendo esta uma das melhores equipas de formação é normal sentir alguma pressão. Sei que tenho valor e quero demonstrar isso para o Axel e para todos aqueles que acreditam em nós. É normal querer que as coisas resultem da melhor maneira, vamos ver agora como seguirão as coisas", afirmou.
"Ele [Ruben Guerreiro] reforçou que nós estamos bem entregues e que se levarmos tudo a sério as coisas vão correr bem"
Nos últimos dois anos Ruben Guerreiro evoluiu na Axeon Hagens Berman e Rui Oliveira falou com o ciclista que agora está na Trek-Segafredo, equipa que conta com John Degenkolb, Alberto Contador, Bauke Mollema e outro português, André Cardoso. "Ele reforçou que nós estamos bem entregues e que se levarmos tudo a sério as coisas vão correr bem. Disse-me também que é uma equipa com um grande ambiente e com excelentes pessoas, o que torna o nosso trabalho muito mais fácil", referiu.
Rui Oliveira deixou ainda um sentido agradecimento a Ruben Guerreiro: "Agradeço ao Ruben pelo que fez na equipa e pelo que tem feito, porque sendo ele o corredor que é e tendo alcançado o que alcançou na Axeon, abriu de certa forma as portas para mim e para o Ivo."
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