A Nippo-Vini Fantini até esteve bem no Giro de 2016, principalmente com Damiano Cunego, mas fica de fora da 100ª edição (Fotografia: Facebook Nippo-Vini Fantini) |
Já era esperado que uma equipa italiana Profissional Continental não recebesse o convite para participar na Volta a Itália. Porém, acabaram por ser duas a ficar de fora: a Nippo-Vini Fantini e Androni Giocattoli. A RCS Sport - empresa organizadora da competição - atribuiu os convites à russa Gazprom-RusVelo e à polaca CCC Sprandi. A italiana Bardiani-CSF já tinha garantido o seu ao vencer a Taça de Itália em 2016, sobrando assim apenas mais um wildcard que ficou para a Wilier-Triestina-Selle Italia. De nada valeu as equipas excluídas terem sido convidadas para o Tirreno-Adriatico, pois os responsáveis estão revoltados.
As consequências da decisão de Mauro Vegni, director da competição, poderão ser catastróficas para a Androni Giocattoli, que pelo segundo ano consecutivo não consegue o desejado convite para o Giro. Mario Androni avisou que irá retirar o seu patrocínio. "A notícia foi como um balde de água fria. Estou muito desiludido porque depois de termos ficado de fora há um ano, havia um lugar para nós no Giro. Quando eu tomo uma decisão, é final. No ano passado fizemos uma avaliação e decidimos se não fossemos convidados em 2017, a minha experiência no ciclismo como patrocinador terminaria. Fui claro há um ano e confirmo agora", afirmou Mario Androni ao site Tuttobiciweb.
Androni não explicou se vai retirar o patrocínio de imediato ou se se mantém até final da temporada. Um dos pontos necessários garantir para uma licença da UCI, neste caso Profissional Continental, é a situação financeira. Para 2017, o orçamento incluiu o patrocínio da Androni e foi nessa base que foram feitos os contratos com os ciclistas. Portanto, o mais provável é que Mario Androni fique até ao final do ano e depois a equipa terá de procurar alternativas se pretender continuar.
Androni não explicou se vai retirar o patrocínio de imediato ou se se mantém até final da temporada. Um dos pontos necessários garantir para uma licença da UCI, neste caso Profissional Continental, é a situação financeira. Para 2017, o orçamento incluiu o patrocínio da Androni e foi nessa base que foram feitos os contratos com os ciclistas. Portanto, o mais provável é que Mario Androni fique até ao final do ano e depois a equipa terá de procurar alternativas se pretender continuar.
Já Gianni Savio, um director desportivo conhecido por conseguir manter formações com orçamentos muito baixos, considerou que a decisão "foi uma grande injustiça". "É um duro golpe para a nossa equipa. Quando regressar da Venezuela [onde a equipa está a competir] vou organizar uma conferência de imprensa e explicar o que pensamos e fazer a nossa voz ser ouvida", salientou ao mesmo site.
Apesar da desilusão e revolta, não se pode dizer que a exclusão da Androni Giocattoli tenha sido uma surpresa. A equipa tem tido dificuldades para alcançar resultados de nota e para agravar perdeu a sua grande figura, o veterano Franco Pellizotti, que assinou pela Bahrain-Merida. Savio tem apostado em jovens, mas a verdade é que a formação não consegue ter o mediatismo de outros tempos.
Já a Nippo-Vini Fantini pode ficar algo surpreendida. Das três que estavam na luta pelo convite tem o plantel mais forte, com Damiano Cunego à cabeça. O italiano foi vencedor do Giro em 2004 e de três Voltas à Lombardia, mas desde 2008 que se eclipsou. No entanto, no ano passado mostrou-se a bom nível na Volta a Itália, lutando pela camisola da montanha, ficando no segundo lugar, atrás de Mikel Nieve (Sky). A equipa italiana e japonesa reforçou-se com Julián Arredondo (ex-Trek-Segafredo) e os italianos Ivan Santaromita (campeão italiano em 2013, vencedor de uma etapa no Giro em 2014 e que esteve no último ano na Skydive Dubai) e Marco Canola (ex-UnitedHealthcare e vencedor de uma etapa na Volta a Itália também em 2014). De nada lhe valeu.
Franceso Pelosi, director da equipa, não consegue perceber porque razão a federação não trabalha com a RCS Sport "para encontrar uma solução e ter convites extras". "Reduzir as equipas para oito ciclistas poderia ter sido uma experiência e permitido que mais duas formações fossem convidadas. Também poderiam ter pedido uma autorização especial para ter mais equipas, tendo em conta que é a 100ª edição da Volta a Itália. As equipas italianas merecem mais atenção e consideração", realçou ao site Tuttobiciweb.
CCC Sprandi no Giro a pensar no arranque da prova na Polónia em 2018?
O convite atribuído à russa Gazprom-RusVelo - que irá participar na Volta ao Algarve - já era falado antes do anúncio da decisão. Marcou presença em 2016 e venceu a crono-escalada por intermédio de Alexander Foliforov, mas pouco mais fez. Já a CCC Sprandi esperava-se que fosse convidada em 2018, tendo em conta que a Polónia quer receber o início do Giro no próximo ano.
No entanto, regressa já em 2017, depois de em 2015 não ter deixado qualquer marca e, por isso, torna ainda mais estranha a decisão de deixar de fora a Nippo-Vini Fantini, por exemplo. A CCC Sprandi até conta com um italiano, Simone Ponzi (30 anos), mas não tem ciclistas de renome, como já aconteceu no passado.
Com esta decisão da organização do Giro, numa edição tão especial, Itália terá apenas duas equipas. Sem qualquer formação no World Tour após a Lampre ter decidido não manter o patrocínio na actual UAE Abu Dhabi, resta à Bardiani-CSF e à Wilier-Triestina-Selle Italia representar um país que sempre foi visto como uma potência do ciclismo.
A Bardiani-CSF venceu uma etapa em 2016, numa exibição brilhante de Giulio Ciccone. Apesar de ter perdido a sua maior estrela, Sonny Colbrelli, para a Bahrain-Merida, a equipa manteve Ciccone, Nicola Boem e um dos ciclistas mais populares em Itália, Stefano Pirazzi.
A principal arma da Wilier-Triestina-Selle Italia terá sido precisamente ter garantido o patrocínio da Selle Italia, uma empresa italiana muito importante no panorama do ciclismo. A equipa revelou há dias que pretende nos próximos três anos chegar ao World Tour, contudo, quanto a ciclistas, continua a ser Filippo Pozzato (35 anos) a referência da equipa, ainda que esteja afastado do seu melhor há algum tempo.
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Apesar da desilusão e revolta, não se pode dizer que a exclusão da Androni Giocattoli tenha sido uma surpresa. A equipa tem tido dificuldades para alcançar resultados de nota e para agravar perdeu a sua grande figura, o veterano Franco Pellizotti, que assinou pela Bahrain-Merida. Savio tem apostado em jovens, mas a verdade é que a formação não consegue ter o mediatismo de outros tempos.
Já a Nippo-Vini Fantini pode ficar algo surpreendida. Das três que estavam na luta pelo convite tem o plantel mais forte, com Damiano Cunego à cabeça. O italiano foi vencedor do Giro em 2004 e de três Voltas à Lombardia, mas desde 2008 que se eclipsou. No entanto, no ano passado mostrou-se a bom nível na Volta a Itália, lutando pela camisola da montanha, ficando no segundo lugar, atrás de Mikel Nieve (Sky). A equipa italiana e japonesa reforçou-se com Julián Arredondo (ex-Trek-Segafredo) e os italianos Ivan Santaromita (campeão italiano em 2013, vencedor de uma etapa no Giro em 2014 e que esteve no último ano na Skydive Dubai) e Marco Canola (ex-UnitedHealthcare e vencedor de uma etapa na Volta a Itália também em 2014). De nada lhe valeu.
Franceso Pelosi, director da equipa, não consegue perceber porque razão a federação não trabalha com a RCS Sport "para encontrar uma solução e ter convites extras". "Reduzir as equipas para oito ciclistas poderia ter sido uma experiência e permitido que mais duas formações fossem convidadas. Também poderiam ter pedido uma autorização especial para ter mais equipas, tendo em conta que é a 100ª edição da Volta a Itália. As equipas italianas merecem mais atenção e consideração", realçou ao site Tuttobiciweb.
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No entanto, regressa já em 2017, depois de em 2015 não ter deixado qualquer marca e, por isso, torna ainda mais estranha a decisão de deixar de fora a Nippo-Vini Fantini, por exemplo. A CCC Sprandi até conta com um italiano, Simone Ponzi (30 anos), mas não tem ciclistas de renome, como já aconteceu no passado.
Com esta decisão da organização do Giro, numa edição tão especial, Itália terá apenas duas equipas. Sem qualquer formação no World Tour após a Lampre ter decidido não manter o patrocínio na actual UAE Abu Dhabi, resta à Bardiani-CSF e à Wilier-Triestina-Selle Italia representar um país que sempre foi visto como uma potência do ciclismo.
A Bardiani-CSF venceu uma etapa em 2016, numa exibição brilhante de Giulio Ciccone. Apesar de ter perdido a sua maior estrela, Sonny Colbrelli, para a Bahrain-Merida, a equipa manteve Ciccone, Nicola Boem e um dos ciclistas mais populares em Itália, Stefano Pirazzi.
A principal arma da Wilier-Triestina-Selle Italia terá sido precisamente ter garantido o patrocínio da Selle Italia, uma empresa italiana muito importante no panorama do ciclismo. A equipa revelou há dias que pretende nos próximos três anos chegar ao World Tour, contudo, quanto a ciclistas, continua a ser Filippo Pozzato (35 anos) a referência da equipa, ainda que esteja afastado do seu melhor há algum tempo.
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