8 de abril de 2016

Mark Cavendish à procura de rumo no Paris-Roubaix

Em pouco tempo, Mark Cavendish deixou de ser o centro da "discussão" se é ou não o melhor sprinter de sempre, para quase ter de lutar para mostrar que continua a ser um dos melhores (soma mais de cem vitórias na carreira). A chegada de Marcel Kittel tem precipitado uma perda de protagonismo por parte do britânico, que tem encontrado dificuldades para se manter no topo. A saída da Etixx, que contratou Kittel, parecia confirmar que Cavendish começava a perder crédito. No entanto, o britânico tenta reinventar-se e sair da sombra do sprinter alemão.

A Dimension Data estendeu a mão a Cavendish (30 anos), escolhendo o britânico para o projecto que este ano chegou ao World Tour. O sprinter não é um ciclista barato, mas rapidamente começou a mostrar serviço - e a tentar justificar o investimento - ao vencer a primeira etapa da Volta ao Qatar e depois a classificação geral.

Na equipa sul-africana, Cavendish reencontrou colegas que anteriormente foram alguns dos seus homens de confiança, como Edvald Boasson Hagen e Bernhard Eisel. E, claro, levou consigo o inseparável Mark Renshaw. No entanto, após a Volta ao Qatar, o britânico soma quatro segundos lugares. Não mais venceu. Pelo menos na estrada.

Precisamente na tentativa de reinventar-se, Cavendish anunciou que este ano queria voltar a apostar na pista, tendo em vista os Jogos Olímpicos. Um regresso à escola onde se formou. Mas perante a qualidade de ciclistas britânicos, Cavendish sabe que não é fácil ser seleccionado. Foi chamado para os Campeonatos do Mundo, em Março, e juntamente com Bradley Wiggins conquistou o ouro no Madison. Aquele sorriso após a vitória há muito que não se via no ciclista.


O lugar nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro não está garantido, mas Cavendish até parece estar disposto a abdicar de competir na última etapa da Volta a França se tal significar estar em estágio com a equipa de pista. A acontecer também comprovará que o objectivo de ultrapassar o número de vitórias de Eddy Merckx em etapas das grandes voltas também já é considerado uma utopia pelo próprio Cavendish. Em 2015, ao vencer apenas uma etapa no Tour (soma 26 no total), mesmo sem a concorrência de Kittel (Greipel, um antigo lançador seu, foi o sprinter em destaque), ficou claro que o tempo escasseia para cumprir um dos grandes objectivos da carreira.

No entanto, a reinvenção de Cavendish não passa apenas pelo regresso à pista. A maior supresa foi mesmo o anúncio que o britânico iria participar no Paris-Roubaix e não vai apenas para fazer alguns quilómetros. O director da Dimension Data, Roger Hammond, garante que o Míssil de Man (como é conhecido Cavendish) sonha vencer a mítica clássica e que tem condições para tal.

Em Scheldeprijs, Cavendish tentou ganhar uma confiança extra. Na corrida mais antiga da Flandres - e a que apesar do pavé dá protagonismo aos sprinters - Cavendish procurava a quarta vitória, tal como o grande rival Marcel Kittel (que não vai a Roubaix). Num sprint digno dos melhores do mundo... Kittel ganhou e Cavendish não escondeu a desilusão.




Qual a verdadeira capacidade de Cavendish para ganhar o Paris-Roubaix é uma questão que só o próprio poderá responder, até porque a própria equipa tem Boasson Hagen como a principal aposta. O britânico só tem um monumento na carreira (sem surpresa, a Milan - San Remo, em 2009), mas um bom resultado na clássica das clássicas do pavé em França poderá dar um novo rumo à carreira de Cavendish, ou pelo menos ajudá-lo a recuperar alguma da motivação que parece ir desvanecendo-se à medida que vai vendo outros sprinters ganhar o protagonismo que até recentemente era dele.

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