13 de abril de 2016

Contador deu a melhor notícia do ano

(Fotografia: Twitter @albertocontador)
"Ao ponderar com a minha família e a minha equipa e ao aperceber-me o quanto estou a desfrutar o que estou a fazer, penso que de momento vou colocar essa ideia [da retirada] de parte. Acho que vou continuar a desfrutar e a fazer o que gosto, que é o ciclismo." Eram das palavras que mais se esperava ouvir: Alberto Contador assumiu, finalmente, que não vai retirar-se no final da temporada.

Ainda que o discurso, desde o anúncio da retirada no ano passado, nunca tenha sido muito convincente, o espanhol ia fugindo às questões sempre que alguém tentava confirmar se realmente ia abandonar o ciclismo.

Contador está a realizar uma época muito positiva, dando excelente indicações para o seu principal objectivo, a Volta a França, ainda que também aspire ao ouro olímpico (chegou mesmo a dizer que a despedida poderia acontecer nos Jogos do Rio de Janeiro). E nada como uma vitória num local onde já foi tantas vezes feliz, no País Basco, para tornar irresistível confessar que ainda não é o momento para dizer adeus.

Depois de vencer no Alto do Malhão, na Volta ao Algarve, Contador continuou sempre a mostrar-se muito agressivo em todas as competições em que foi participando, chegando mesmo a atacar a cerca de 50 quilómetros da meta, numa etapa do Paris-Nice. O "show" Contador entusiasma qualquer um, ainda que a nível de resultados o espanhol parecia estar a sofrer um pouco do síndrome de Peter Sagan, ao ficar no segundo ou terceiro lugar.

Fez pódio nas quatro corridas por etapas que participou até agora em 2016: terceiro na Volta ao Algarve, segundo no Paris-Nice e Volta a Catalunha. Mas já chegava de ver os outros vencer e Contador chegou ao País Basco decidido a finalmente ficar em primeiro. Pode não ter sido tão atacante como nas outras provas. Foi mais calculista como a situação exigia, dado o difícil percurso e a etapa final. Deixou o melhor para o fim: fez um contra-relógio irrepreensível e conquistou pela quinta vez a competição (2005, 2008, 2009, 2014 e 2016).

Por tudo o que já fez este ano, não surpreende que Contador diga: "Fisicamente estou melhor do que nunca." Talvez por isso, em declarações ao jornal marca disse que não só colocou de parte a ideia de retirar-se este ano, como recusa "estabelecer datas".

Em final de contrato com a Tinkoff, que também estará em fim de vida caso Oleg Tinkov mantenha a decisão de terminar com a equipa no final do ano, começa agora a discussão de qual será o futuro do espanhol. Contador já havia admitido aspirar a formar a sua própria equipa, aproveitando a sua fundação que tem sido importante para os jovens ciclistas. Porém, Contador tem um objectivo bem diferente de Bradley Wiggins, por exemplo, que no ano passado deixou a Sky para correr pela sua equipa.

O britânico constituiu o seu conjunto a pensar na formação de jovens, aproveitando para ele próprio competir em algumas corridas, sem a pressão de ganhar. Contador quer o contrário. Quer uma equipa competitiva, de topo, para continuar a lutar pelas grandes provas.

O irmão, Fran Contador, é o representante do ciclista e confirmou recentemente ao ABC que está à procura de patrocinadores para formar uma equipa. Disse que duas multinacionais estrangeiras mostraram interesse no projecto. Em Espanha os reflexos da crise ainda estão bem patentes, com ninguém a aceitar as propostas que foram feitas. O que não surpreende tendo em conta o que Contador estará a pedir, segundo o jornal espanhol: 15 milhões de euros por temporada.

Esperam-se desenvolvimentos, pois certamente que o ciclista gostaria de resolver esta questão rapidamente, até para garantir que contrata os seus homens de confiança (estará Sérgio Paulinho nos planos?)

Para já, pode-se respirar de alívio: um dos ciclistas que está a marcar uma era na modalidade vai continuar a dar espectáculo.

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