23 de abril de 2016

Danilo Di Luca honesto por uma vez

(Fotografia: Twitter: @OfficialDi_Luca)
"Não tenho arrependimento. Menti. Fiz batota. Fiz o que tinha a fazer para acabar em primeiro." A frase faz parte do primeiro capítulo do livro de Danilo Di Luca. O antigo ciclista italiano reaparece três anos depois de ter sido apanhado nas malhas do doping pela terceira vez. Foi banido para toda a vida, mas Di Luca explica agora numas páginas porque recorreu constantemente a substâncias proibidas para melhorar a sua performance: "Se não me tivesse dopado, nunca teria ganho."

Danilo Di Luca teve tanto de ciclista entusiasmante, sempre pronto a lutar pela vitória, como de ciclista que representa a fase negra da modalidade (não está sozinho). Do pouco que já é conhecido do livro, o italiano justifica o doping como "sendo parte do trabalho" e algo necessário para se ter sucesso no ciclismo. "O doping não é viciante, mas é um instrumento: quem ganhar atrai dinheiro para ele, para a equipa e para os patrocinadores."

O italiano, agora com 40 anos, foi apanhado duas vezes, mas nem assim caiu completamente em desgraça. No seu currículo contava com uma volta a Itália e dois monumentos (Liège - Bastogne - Liège e Volta à Lombardia), o suficiente para ter recebido a oportunidade para regressar em 2013 ao serviço da Vini Fantini. No Giro d'Itália, Di Luca não demorou muito a mostrar-se, sendo um grande animador da prova... até dar novamente positivo num controlo anti-doping.

"Se és apanhado é porque mediste mal o tempo porque todos sabem quantas horas têm de passar para não se dar positivo", escreve o antigo ciclista no livro. No seu caso, o terceiro, foi a ignorância que lhe custou muito caro. Di Luca injectou uma micro dose de EPO antes de dormir e foi acordado às 7:30 para ser testado. Normalmente esses testes detectavam a substância se estivesse sido ingerida até seis ou oito horas antes. Mas a tecnologia tinha evoluído. A detecção já chegava às 24 horas. Fim da linha para Di Luca.

O italiano continua a ser recordado em Itália pelas melhores e piores razões. Como outros no passado resolve contar a sua história, no que se poderá confundir como uma espécie de redenção ou uma simples justificação que fez batota porque todos o faziam. O livro serve pelo menos para mostrar que, por uma vez, Di Luca está a ser honesto ao admitir que foi desonesto.

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