23 de abril de 2016

LBL: Uma aposta em Rui Costa

Alejandro Valverde é o grande favorito para a Liège - Bastogne - Liège (LBL) e depois da exibição na Flèche Wallonne, não se poderia esperar outra coisa. Mas no monumento que fecha a semana das Ardenas não faltará concorrência ao espanhol da Movistar e a meteorologia poderá ajudar a confundir ainda mais as contas. E esta é um corrida para Rui Costa, não surpreendendo que apareça como um dos outsiders. Perante a forma que apresentou na Amstel Gold Race (17º) e na Flèche Wallonne (10º), há que apostar no ciclista português para estar na luta pela vitória. Foi quarto no ano passado e em 2016, Rui Costa quer mais.

Esta é uma corrida de constante sobe e desce e com as previsões de temperaturas baixas (deverão rondar os sete a oito graus de máxima, menos em alguns locais), chuva e até neve, o cenário ameaça tornar-se um pouco caótico. Valverde sabe disso e, por isso, expressou a sua preocupação quanto às previsões meteorológicas. Preocupa-o mais do que propriamente a nova subida que poderá tornar ainda mais imprevisível o final. É que a três quilómetros do fim, os ciclistas terão de subir 600 metros com 10,5% de inclinação... em pavé. Esta dificuldade em Naniot será a décima do dia e ainda faltará o obstáculo final.




"É uma pequena alteração no percurso, mas que pode mesmo modificar o final [da corrida]", afirmou Jean-Michel Monin, responsável pela percurso da LBL, citado pelo site oficial da prova.

Valverde sem pressão

Já não bastava estar em grande forma, depois de fazer história na Flèche Wallonne - tornou-se no primeiro ciclista a vencer a corrida quatro vezes - Valverde não está pressionado a ganhar. E para ajudar há ainda motivação extra para conseguir a terceira "dobradinha", a segunda consecutiva (vencer a Flèche Wallonne e a LBL no mesmo ano). A única pressão que tem será eventualmente colocada por ele próprio.

A dupla dinâmica da Etixx-QuickStep

Daniel Martin e Julian Alaphilippe apresentam-se como os maiores adversários de Valverde. Foram os únicos que conseguiram atacar o espanhol no Muro de Huy, mas nem com jogo de equipa conseguiram derrotar Valverde. Lição aprendida?

Martin venceu esta corrida em 2013 e uma queda no ano seguinte retirou-lhe de forma dramática a hipótese que repetir o triunfo. Alaphilippe foi segundo no ano passado, tal como tinha sido na Flèche Wallonne, tal como na quarta-feira... sempre atrás de Valverde. E ainda há um factor importante: à Etixx, que já muito ganhou este ano (22), ainda lhe falta uma vitória numa das principais clássicas.

A muita concorrência

Simon Gerrans (Orica) é um dos homens que Valverde mais teme (o próprio espanhol colocou o australiano entre os seus principais adversários). Vencedor em 2014, começou o ano com uma vitória na geral do Tour Down Under (mais duas etapas) e na Europa também já alcançou alguns top dez. Mas esta é uma corrida perfeita para as suas características.

Vincenzo Nibali esteve longe do seu melhor no Giro del Trentino, mas o italiano da Astana tem a capacidade para recuperar rápido de maus momentos. E acrescentar mais um monumento ao seu currículo, depois da vitória na Volta à Lombardia - não esquecendo que já venceu as três grandes voltas - antes do Giro, seria perfeito. Ainda mais numa altura que perdeu protagonismo na equipa para Fabio Aru.

Apesar de Christopher Froome aparecer com o dorsal número um da Sky, o líder será Michal Kwiatkowski. Porém, a equipa britânica tem apostado forte para tentar ganhar o seu primeiro monumento, pelo que não só se pode esperar qualquer coisa de Froome, como Wout Poels é um nome a ter muito em conta.

Sem Philippe Gilbert, a BMC aposta em Richie Porte, com Alessandro De Marchi e Samuel Sánchez como alternativas viáveis. Robert Gesink (Lotto-Jumbo) e Bauke Mollema (Trek-Segafredo) estarão na discussão, mas atenção a dois homens que gostam de atacar e sabem ganhar dessa forma: Roman Kreuziger (Tinkoff) e Stephen Cummings (Dimension Data).

Tony Gallopin (Louto Soudal), Warren Barguil (Giant), Tom-Jelte Slagter e Lawson Craddock (ambos da Cannondale), Enrico Gasparotto (Wanty) - vencedor da Amstel Gold Race - e Pieter Weening (Roompot) poderão constituir uma meia surpresa.

Falta ainda Joaquin Rodríguez. Talvez um favorito, talvez não. Depois de na Flèche Wallonne a Katusha ter trabalho para o seu líder e o espanhol ter falhado no Muro de Huy (depois de tentar atacar acabou em 28º), há uma incerteza quanto à forma como Rodríguez se irá apresentar. O português Tiago Machado voltará a estar ao lado de Purito.

E a aposta em Rui Costa

Numa corrida de eliminação a cada dificuldade que os ciclistas forem passando, uma das características que distingue Rui Costa poderá ser decisiva. A sua inteligência táctica, a forma como se coloca no pelotão poderão ter um papel muito importante no controlo aos mais que prováveis ataques, ainda mais se voltar a ficar sem apoio da equipa nos momentos decisivos E o próprio português poderá tentar fugir. Mesmo que tenha de ir ao sprint, já se sabe que Rui Costa não se intimida.

Esta é uma corrida que o português há muito ambiciona e que claramente preparou a pensar na vitória. E que bem ficaria um monumento ao lado do Campeonato do Mundo de 2013 e as três vitórias em etapas no Tour, não esquecendo os três triunfos na Volta à Suíça...

O irmão Mário Costa voltará a estar a seu lado. José Mendes (Bora-Aragon) fecha a participação de portugueses na LBL.


2016 Teaser (English) - Liège Bastogne Liège... por tourdefrance

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