16 de agosto de 2020

Rui Costa regressou para ser campeão nacional

© João Fonseca Photographer
Desde 2015 que Rui Costa não aparecia nuns Campeonatos Nacionais. Resurgiu exactamente com o mesmo resultado da última vez: a vencer. Tal como há cinco anos teve de sprintar com um dos portugueses que correm por cá. Então foi com Joni Brandão, desta feita foi com Daniel Mestre, que não conseguiu bater um ciclista que, nunca é de mais lembrar, é um campeão do mundo (2013).

Naquele 2015, Rui Costa representava a Lampre-Merida e teve em Braga ao seu lado os companheiros Nelson Oliveira e Mário Costa, o seu irmão. Em 2020, na UAE Team Emirates (a herdeira da estrutura italiana) teve ao seu lado dois jovens valores do ciclismo português e que muito trabalharam para ver o seu líder sagrar-se mais uma vez campeão nacional. Os gémeos Oliveira foram incansáveis no trabalho e Ivo teve mesmo de se aplicar, pois não entrou inicialmente no grupo que fugiu, mas acabou por lá chegar.

Num ano tão atípico, os adeptos lusos podem pelo menos recordar que o ciclista que marca a história recente da modalidade em Portugal recolocou o país no seu calendário competitivo, depois de tanto tempo de ausência. Em Fevereiro veio lutar pela Volta ao Algarve e na retoma pós-confinamento, aproveitou a Prova de Reabertura para testar a sua forma no contra-relógio. E até venceu.

Nos Nacionais, o título do esforço individual ficou para Ivo Oliveira, mas Rui Costa (33 anos) partiu decidido a conquistar uma vitória que lhe permitirá vestir novamente a camisola de campeão nacional. As duas de elite vão ser vistas no World Tour.

Para a W52-FC Porto fica um sabor agridoce de ver escapar o título nacional... mais uma vez. Tal como em 2019, a equipa que tem dominado a Volta a Portugal (e não só) nas corridas por cá, colocou dois homens no pódio, mas não no lugar mais alto.

Em Melgaço foram Ricardo Mestre e António Carvalho que viram José Mendes ficar com o título de campeão. A camisola haveria de ir parar à equipa, com a mudança do ciclista para a formação do Sobrado, depois de um ano no Sporting-Tavira. Mas, é caso para dizer, não é a mesma coisa que ganhá-la.

© João Fonseca Photographer
Desta feita foi o outro Mestre, o Daniel, sempre forte no sprint e que demonstrou boa forma em Paredes. Em terceiro ficou mais um sprinter da equipa azul e branca. Francisco Campos, campeão nacional de sub-23 em 2017, apareceu também ele a bom nível, ainda que não tenha conseguido manter-se com o duo da frente para o sprint final. Cortou a meta 28 segundos depois.

A exibição dos ciclistas da equipa da W52-FC Porto tem de ser ainda mais valorizada pelo facto de terem pouca competição (Daniel Mestre não competia numa prova de fundo desde a Volta ao Algarve). Ao contrário de Rui Costa e dos gémeos. O poveiro esteve na retoma do calendário World Tour na Strade Bianche e seguiu para a Volta à Polónia. Ivo e Rui estiveram em Espanha, no Circuito de Getxo-Memorial Hermanos Otxoa, e depois acompanharam Rui Costa à Polónia.

"Correr em Portugal não é fácil, apesar de virmos com muito mais ritmo competitivo. Foi uma prova muito bem disputada, sempre num ritmo alto. Vi que o Daniel Mestre estava forte logo no momento em que nos unimos ao grupo da frente. Quando ataquei, o Daniel veio comigo e ficámos juntos até ao fim. Voltar a correr além fronteiras com a camisola de campeão nacional é muito importante e um grande orgulho", afirmou Rui Costa na conferência de imprensa.

© João Fonseca Photographer
E recordou ainda aqueles emocionantes metros finais: "Quis sprintar desde a frente. A 300 metros eu vinha atrás do Daniel, mas passeio-o porque quis lançar o sprint da dianteira. O Daniel, muito valente, deu guerra até à meta, acabei por ganhar por um palmo."

Quanto a Daniel Mestre, o ciclista não esconde a frustração típica de um segundo lugar, mas também retira aspectos positivos da corrida: "Se o Rui Costa viu que eu estava forte eu também percebi que ele estava muito bem, como sempre está. Vim com ambição de lutar pela vitória. A nossa equipa tinha superioridade numérica, o Rui tem a vantagem de chegar com mais dias de competição. As condições eram ela por ela. Foi uma luta até ao fim e há que dar os parabéns ao vencedor. Nos campeonatos nacionais os piores lugares são o segundo e o quarto, o que fica atrás do vencedor e o que não ganha qualquer medalha. Coube-me o segundo, mas sendo atrás do Rui Costa dá-me motivação para as próximas competições"

Como decorreu a prova

Foi a 80 quilómetros da meta - dos 165,6 - que a corrida começou a ficar lançada. Alguns dos candidatos começaram a ganhar vantagem e o grupo acabou por ficar com 14 elementos. A W52-FC Porto viu quatro dos seus homens estarem na frente, com a UAE Team Emirates a eventualmente ter os seus três representantes. Um dos ciclistas que chegou a isolar-se na frente, foi precisamente Francisco Campos, que acabaria em terceiro.

© João Fonseca Photographer
A formação portuguesa foi atacando à vez, na tentativa de ir desgastando a concorrência. Porém, a cerca de cinco quilómetros do fim, foi Rui Costa que atacou, levando com ele apenas Daniel Mestre. O público vibrou com um final emotivo.

Se a vitória fica como individual, a verdade é que foi o colectivo que ajudou a fazer a diferença e Rui Costa não esqueceu como os gémeos foram uma preciosa ajuda para que pudesse estar em condições de conquistar o título nacional. "O Rui esteve praticamente em todos os ‘cortes’. Já na fase mais decisiva, o Ivo fez um esforço enorme, vindo de trás para a frente, com uma volta brilhante. Os dois foram excepcionais", elogiou.

De recordar que Rui Costa também tem dois títulos nacionais de contra-relógio, conquistados em 2010 e no ano de ouro da sua carreira, 2013.

Classificação completa, via FirstCycling.

O que se segue

Para Rui Costa não haverá tempo para descansar. O poveiro vai para a França onde já esta terça-feira começa o Tour du Limousin-Nouvelle Aquitaine. Terá a seu lado Rui Oliveira. Depois o campeão nacional fará a Bretagne Classic-Ouest-France (dia 25), antes de começar a pensar nas clássicas das Ardenas, no final de Setembro, princípio de Outubro. A época termina na Vuelta.

Por cá, temos de esperar duas semanas por alguma competição, mas entretanto espera-se conhecer mais sobre a Volta a Portugal. Este domingo foi anunciada a segunda etapa, que arrancará precisamente de Paredes, com final na mítica Senhora da Graça.

Calendário:

5 e 6 de Setembro: Qualificações Inter-Regionais para o Campeonato Nacional de Rampa
13 de Setembro: Campeonato Nacional de Rampa: todas as categorias de Cadetes a Masters
19 e 20 de Setembro: GP Internacional de Torres Vedras – Troféu Joaquim Agostinho
19 e 20 de Setembro: Campeonato Nacional de Contrarrelógio para camadas jovens, femininas e masters
27 de Setembro a 5 de Outubro: Volta a Portugal
10 e 11 de Outubro: Grande Prémio O Jogo
13 a 18 de Outubro: Grande Prémio Jornal de Notícias


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