9 de junho de 2020

A procura recomeça

Avermaet espera que equipa possa continuar, mas não fecha a porta a aceitar
uma proposta para um novo desafio em 2021
Depois dos tempos difíceis que viveu em 2018, Jim Ochowicz esperava que pelo menos até 2021 pudesse estar mais concentrado em reconstruir uma equipa vencedora, com boas perspectivas que a ligação à CCC fosse tornando-se cada vez mais forte. Estava perante um investidor, Dariusz Milek, que há muito ambicionava chegar ao World Tour e que queria uma equipa de sucesso. No entanto, um coronavírus complicou a vida de Ochowicz, que se vê obrigado em regressar à procura por um patrocinador. A procura pela sobrevivência.

Não é nada de novo para o americano e para a sua Continuum Sports. Porém, são tempos demasiado incertos em plena pandemia. É difícil prometer seja o que for a potenciais patrocinadores quando ninguém pode garantir que tudo vai regressar ao normal em 2021. E, claro, há ainda a questão de muitas empresas estarem a começar a enfrentar as consequências da crise económica, tal como está a acontecer com a CCC. Ochowicz é um director com muita experiência e está habituado a este desafio. E certo é que mesmo perante as dificuldades, o discurso é optimista.

"Estamos em tempos sem precedentes, mas estamos confiantes que há empresas que querem investir no ciclismo, especialmente dada a popularidade global em andar de bicicleta nos últimos meses. Sob a batuta e licença da Continuum Sports, nós crescemos de uma equipa Continental americana em 2007 até uma das maiores equipas do World Tour no pelotão em anos recentes e temos toda a intenção de continuar sob um novo patrocínio", afirmou Ochowicz num comunicado.

Foi assim feita a confirmação do que há algumas semanas estava a ser divulgado. A CCC deixa de apoiar a equipa, interrompendo um ano mais cedo o contrato fechado no final de 2018 e que seria válido até Dezembro de 2021. A pandemia terá fragilizado as contas da empresa polaca, dedicada à venda de sapatos, por exemplo. Como tantas outras, sofreu um forte revés nas vendas. Os ordenados dos ciclistas já tinham sido reduzidos e membros do staff foram dispensados durante esta paragem competitiva.

Quando a BMC afastou-se como patrocinador principal - fornece agora bicicletas à NTT - Dariusz Milek aproveitou a oportunidade para cumprir um sonho antigo de ver a sua equipa de ciclismo Profissional Continental dar o passo para o World Tour. Manteve uma estrutura secundária, de desenvolvimento de ciclistas, e há também a equipa feminina. Pelo menos esta última poderá continuar além de 2020.

Perante uma nova crise económica impulsionada pela pandemia, Ochowicz entra agora em contra-relógio para encontrar quem garanta o futuro da sua equipa, de forma a tentar não perder os ciclistas que têm contrato para 2021 e ainda ir a tempo de renovar com os que terminam o vínculo em Dezembro. É o caso de Greg van Avermaet. A boa notícia virá por parte da Giant, não só estará disponível para continuar a fornecer as bicicletas, como poderá assumir o papel de co-patrocinador.

Quando a BMC saiu, Ochowicz não conseguiu segurar a maioria das suas principais figuras. De tal forma, que a CCC arrancou a sua aventura no World Tour tendo o especialista em clássicas, Avermaet, como o líder número um. Richie Porte, Rohan Dennis, Tejay van Garderen, Damiano Caruso, Stefan Küng foram alguns dos ciclistas importantes na estrutura que rumaram a outras equipas.

Depois de um 2019 em que ficou claro que a equipa precisava de bons reforços (só somou seis vitórias), a prioridade foi contratar um líder para as grandes voltas. A escolha recaiu em Ilnur Zakarin (ex-Katusha-Alpecin), mas Ochowicz garantiu ainda Matteo Trentin (ex-Mitchelton-Scott) e uma das estrelas do Giro de 2019, Fausto Masnada (ex-Androni Giocattoli-Sidermec). Isto para referir três dos ciclistas que mais se esperava resultados.

O trio tem contrato para 2021, mas sem patrocinador, tal pouco pode significar se o director da equipa não apresentar garantias para o futuro rapidamente. Jim Ochowicz vê-se agora entre o necessitar de encontrar pelo menos um patrocinador que dê nome à equipa, enquanto espera que os seus ciclistas estejam concentrados em fazer uma boa temporada quando esta recomeçar num formato reduzido em termos temporais e muito intenso em número de corridas. Resultados precisam-se! Isto claro, esperando que seja mesmo possível que pelo menos as principais corridas se realizam em plena pandemia.

Avermaet disponível para analisar propostas de outras equipas

Greg Van Avermaet é já o primeiro a garantir que quer renovar, essa é a prioridade, mas está disponível para analisar propostas de outras formações. "Há muitas equipas interessadas. A minha performance está lá e eu fui um dos melhores ciclistas em corridas de um dia no ranking da UCI na época passada. Isso dá-me garantias para o próximo ano", disse o belga ao site Wielerflits. Aos 35 anos, Van Avermaet - campeão olímpico no Rio de Janeiro há quatro anos - continua a estar bem cotado, mas também tem revelado cada vez mais dificuldades para lutar por grandes vitórias.

Foi questionado se poderia mudar-se para uma equipa belga especialista em clássicas, mas o ciclista limitou-se a dizer que certamente irá estar numa boa estrutura. A Deceuninck-QuickStep é a equipa que aposta muito forte nas provas que Avermaet mais gosta, com a Lotto Soudal a contar também com especialistas. Porém, seria no mínimo estranho ver este corredor novamente ao lado de Philippe Gilbert, já que a relação entre ambos nunca foi a melhor quando se cruzaram na BMC, pois ambos têm praticamente os mesmos objectivos. Também estiveram juntos na Lotto, mas nessa altura Gilbert era intocável.

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