12 de junho de 2020

Mitchelton-Scott salva por empresário espanhol

O novo equipamento da equipa para ser usado já em 2020
(Imagem: Twitter da Mitchelton-Scott)
"Bombazo", escreveu a Marca sobre a notícia que uma fundação espanhola vai salvar a Mitchelton-Scott. Ou melhor, já salvou. O novo contrato de patrocínio foi assinado a 5 de Junho e entra em vigor de imediato, o que significa que a equipa australiana se chama agora Manuela Fundación. Já se conhece o novo equipamento (imagem ao lado), vão ser investidos 20 milhões de euros, faltando agora conhecer em que ciclistas vai a equipa apostar para a próxima época.

Segundo o jornal AS, a partir de 2021 a estrutura terá uma licença espanhola e a preferência irá para a contratação de corredores daquele país. O veterano Mikel Nieve (36 anos) é o único representante. Com vários australianos e neozelandeses em final de contrato, a notícia de salvação da estrutura com a chegada desta fundação, poderá não significar uma renovação para a próxima temporada.

Jack Bauer, Sam Bewley, Brent Bookwalter, Luke Durbridge, Alex Edmondson, Jack Haig, Damien Howson, Cameron Meyer, Luka Mezgec, Nick Schultz, Callum Scotson, Dion Smith, Ian Stannard, Edoardo Affini, Tsgabu Grmay  e os gémeos Adam e Simon Yates estão em final de contrato. De recordar que Simon venceu a Vuelta em 2018.

O patrocínio da Manuela Fundación é extensível à equipa feminina, que também assim assegura o seu futuro. Com a paragem competitiva devido à pandemia, a Mitchelton-Scott foi das estruturas que ficou com o seu futuro em risco, tendo cortado uma percentagem no pagamento dos ordenados a ciclistas e membros do staff.

"Foi um intenso período de trabalho entre o director desportivo da Manuela Fundación, Emilio Rodriguez, e a o director geral da Mitchelton-Scott, Shayne Bannan. É uma oportunidade única e uma honra ter alcançado este acordo. Queremos agradecer ao Gerry Ryan por todo o seu trabalho e contribuição até ao momento, que levou a equipa ao seu melhor. Agora vamos continuar a impulsionar o seu legado e dar uma grande alegria aos fãs deste desporto", afirmou Francisco Huertas, da Manuela Fundación.

Gerry Ryan, o responsável pela GreenEDGE Cycling, dona da estrutura australiana, que em 2012 chegou ao World Tour como Orica GreenEDGE, respondeu no mesmo comunicado: "Depois de um período incerto, particularmente nos últimos meses, estamos entusiasmados por ter o apoio do senhor Francisco Huertas e da Manuela Fundación para garantir o nosso futuro para 2021 e além." Acrescentou a importância de ter fechado um acordo de longa duração, salientando como aconteceu numa altura difícil para a modalidade, indústria desportiva e para a economia mundial, sem esquecer a situação de saúde que se vive.

Quem é o novo patrocinador?

Francisco Huertas é um empresário espanhol que, juntamente com a sua mulher, María Angustias González, criou a Manuela Fundación, uma entidade sem fins lucrativos. O nome é em homenagem à filha que morreu pouco tempo depois de nascer, segundo o jornal AS. O objectivo é dedicar-se a projectos sociais, mas também ao desporto e artes. Apesar de passar já a patrocinar a equipa de ciclismo australiana, a fundação será lançada apenas a 4 de Outubro, como se pode ver no site oficial.

O empresário já tem uma relação com as bicicletas, pois patrocina uma equipa de elite de BTT e de sub-23 - dirigida pelo ex-ciclista Manuel Calvente -, além de ter uma escola de ciclismo, tudo com sede em Granada. O plano ao ter uma estrutura do World Tour é que esta possa ter a sua base naquela cidade do sul de Espanha, juntando assim todas as equipas. José Manuel Moreno - vencedor de uma medalha de ouro olímpica na pista, em Barcelona92 - e italiano Stefano Garzelli - conquistou o Giro em 2000 - fazem parte da estrutura de formação.

O AS escreve que Huertas tem ajudado atletas de outras modalidades, sendo um "empresário com negócios muito diversificados e dedicado à compra e venda de activos". No passado já tentou comprar o clube de futebol Real Jaén e patrocinar o Granada, que milita actualmente na principal Liga espanhola. Contudo, as experiências não tiveram sucesso e o empresário aposta agora no ciclismo e em ter sucesso nas grandes corridas mundiais da modalidade.

Esteban Chaves, Christopher Juul-Jensen, Mikel Nieve, Kaden Groves, Lucas Hamilton, Michael Hepburn, Daryl Impey, Alexander Konychev, Barnabás Péak e Andrey Zeits são os ciclistas com contrato para a próxima temporada, numa equipa que já apresentou o novo equipamento e com o rosa a ser uma das cores que a vai diferenciar no pelotão.

Espanha reforça presença no World Tour

A confirmar-se a mudança de licença para Espanha em 2021, o país voltará a contar com duas equipas no principal escalão, algo que não acontece desde que a Eukaltel-Euskadi deixou o ciclismo no final de 2013.

No entanto, não deixou de surpreender este patrocínio da Manuela Fundación, numa altura em que muito se olhava para o projecto de Alberto Contador, mas a Kometa está a querer crescer de forma sustentável, pelo que continua a reforçar a sua estrutura no escalão Continental. Já a Fundação Euskadi subiu de categoria, estando agora na segunda e o projecto já levou ao regresso da Euskaltel. A equipa renasce e a ambição de chegar ao World Tour também.

A Movistar de Eusebio Unzué tem sido a representante espanhola, com 40 anos de história no ciclismo. É das equipas mais fortes do pelotão, mas agora prepara-se para dividir protagonismo com a Manuela Fundación.


Sem comentários:

Enviar um comentário