28 de junho de 2020

Roglic bate Pogacar... Pogacar bate Roglic

© Bettiniphoto/UAE Team Emirates
Assim vai começando uma rivalidade de eslovenos, que vai ganhando expressão mundial. Em 2019 foram duas das principais referências. Primoz Roglic porque simplesmente parecia que só sabia ganhar. Tadej Pogacar porque no seu primeiro ano no World Tour, fez grandes exibições e também venceu bastante. Ambos foram as estrelas da Vuelta, só para que não houvesse dúvidas que a pequena Eslovénia, tem grandes talentos.

Há uma semana Primoz Roglic foi campeão nacional de fundo, tornando-se assim no primeiro na era pós-confinamento. Então, Pogacar foi segundo. Este domingo, Pogacar venceu no contra-relógio. Roglic foi segundo. É caso para dizer que os dois eslovenos continuam na senda vencedora, que no caso de Pogacar já tinha começado no arranque de temporada com a conquista da Volta à Comunidade Valenciana e a vitória na etapa rainha na Volta ao Emirados Árabes Unidos. Roglic só começou a competir em 2020 nos Nacionais.

Em 2019, Roglic venceu seis das 12 corridas que fez. Pogacar conquistou a Volta ao Algarve e da Califórnia e depois foi terceiro na Vuelta, somando mais três etapas. Partilhou protagonismo com Roglic, o vencedor da grande volta espanhola. O primeiro tem apenas 21 anos, o segundo 30, pois começou nos saltos de esqui, antes de se dedicar ao ciclismo.

Até se pode dizer que são duas gerações de atletas, mas estão perfeitamente em condições de serem rivais a disputar grandes corridas e, claro, que já se pensa na Volta a França. Ambos vão liderar as suas equipas. Pogacar será o líder indiscutível da UAE Team Emirates, que nem vai levar Fernando Gaviria, para não ter de dividir atenções entre geral e sprints.

Roglic fará parte do tridente da Jumbo-Visma, com Tom Dumoulin e Steven Kruijswijk, mas já vai marcando posição com estas boas exibições nos Nacionais. Ficou a nove segundos de Pogacar no contra-relógio (31:10 minutos), num percurso de 15,7 quilómetros entre Zgornje Gorje e Pokljuka, perto da fronteira com a Áustria.

Egan Bernal e Chris Froome, com a sempre poderosa Ineos centrarão muita da atenção quando o Tour chegar no final de Agosto. Porém, a Eslovénia tem o seu lugar de destaque com dois ciclistas diferentes, mas igualmente vencedores. Roglic foi um trabalhador para evoluir as suas capacidades. Só no Tour de 2018 é que finalmente convenceu tudo e todos que poderia ser um voltista.

Até lá, era um excelente contra-relogista e um exímio ciclista de provas por etapas de uma semana, mas ainda se questionava se aguentaria três semanas. Resposta dada em 2019, depois de um Giro em que aprendeu de uma forma dura como deve gerir a sua forma. Foi terceiro, quando era o grande favorito e começou fortíssimo a corrida. Redimiu-se na Vuelta

Pogacar é daqueles talentos natos, que ainda se está por perceber até onde vai o seu potencial. Naturalmente que é também muito trabalhador. Só assim se chega ao topo. A seu lado no Tour vai ter Jan Polanc. Mais um esloveno. No Giro de 2019 até andou de camisola rosa, mas agora sabe que vai mesmo ter de ser um fiel escudeiro de Pogacar.

A relação entre ambos foi precisamente aprimorada já nos Nacionais e Pogacar valorizou o trabalho do companheiro, que acabou por alcançar a sua recompensa ao ser terceiro no contra-relógio, a 1:47 minutos.

"O Jan mostrou que a sua forma está a melhorar. Ele trabalhou muito para mim na semana passada na corrida de fundo e conseguir o bronze é também muito bom para a equipa", afirmou Pogacar. Sobre a conquista pela segunda vez do título nacional de contra-relógio, disse: "Depois do segundo lugar na semana passada, regressar e vencer sabe mesmo bem. Foi um percurso que conhecia muito bem e tinha treinado muito durante a semana."

Os Nacionais da Eslovénia podem até ter recebido mais atenção por serem os primeiros pós-confinamento, numa altura em que o ciclismo começa a dar sinais de retoma, mas ainda falta praticamente um mês para os homens do World Tour regressarem às grandes corridas. No entanto, com um Roglic e Pogacar, a Eslovénia ganhou o seu lugar na modalidade, sem esquecer que Matej Mohoric (Bahrain-Merida), por exemplo, é um campeão de sub-23 (venceu em 2013) e soma uma etapa no Giro e na Vuelta.


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