7 de março de 2016

Women's World Tour: uma falsa partida

Armitstead venceu a Strade Bianche (foto:@L_ArmiTstead)
Era um arranque há muito esperado e há muito preparado. A Strade Bianche iniciou a nova era do ciclismo feminino, ou pelo menos assim se espera. Porém, acabou por ser uma falsa partida no que diz respeito a um dos pontos que a UCI colocou como indispensável para a criação da Women's World Tour: o "pacote promocional", como lhe chamaram. A nível de atenção dos media, houve alguma, principalmente nos sites especializados, mas recebeu alguma atenção a nível televisão, de certeza em Itália e provavelmente em Inglaterra, afinal foi Lizzie Armitstead quem ganhou.

Porém, para a primeira grande prova e ainda mais na Strade Bianche - que em dez anos conquistou um lugar de grande relevância no calendário masculino - a UCI descuidou a parte da imagens televisivas.

Quando em Setembro de 2013 Brian Cookson chegou à liderança da UCI, o ciclismo feminino tornou-se numa bandeira do seu mandato. Foi criada uma comissão que se preocupou exclusivamente em criar condições para o seu desenvolvimento. Na Suíça, um centro de treinos começou a receber muitas jovens que tiveram (e continuam a ter) a oportunidade de aprender e melhorar as suas capacidades de ciclista. Mas era necessária reformular as competições, que tornavam o ciclismo feminino no parente pobre da modalidade.

No entanto, como em muitas modalidades, aos poucos as mulheres foram conquistando o seu espaço enquanto se esperava pelas reformulações. Atraíram patrocinadores e atenção mediática, com algumas provas a serem transmitidas na televisão. Ainda assim, pouco para garantir um futuro mais promissor para as mulheres no ciclismo. A UCI falou com organizadores de provas e equipas. E no ano passado surge finalmente a confirmação: em 2016 arrancaria a primeira Women's World Tour.

São 17 provas entre corridas de um dia e de etapas, que contabilizarão 35 dias de competição. E para começar em grande, Itália marcou a estreia com a Strade Bianche. As melhores ciclistas estiveram e para ser tudo perfeito, a campeã do mundo venceu. Mas a própria Lizzie Armitstead parece ter algumas dúvidas sobre a Women's World Tour. Na conferência de imprensa de apresentação da corrida, a ciclista britânica limitou-se a dizer que ainda era cedo para falar sobre o novo formato.


Um dos pontos negociados pela UCI para a Women's World Tour foi o tal "pacote promocional". Basicamente significa ter atenção dos media e apostar em transmissões televisivas ou então de live streaming. Na Strade Bianche não houve nada, o que gerou de imediato algumas críticas.

A corrida até terá sido interessante a julgar pelas crónicas. Quanto a imagens, restam-nos alguns vídeos como o do canal do YouTube Voxwomen, dedicado precisamente ao ciclismo feminino. A próxima prova é já no sábado, na Holanda, com a Ronde van Drenthe (uma das competições que transita do extinto Mundial das mulheres) e Lizzie Armitstead é capaz de ter razão: vamos esperar para ver no que dá!



A título de curiosidade, os organizadores de provas de um dia são obrigados a convidar as 20 equipas com melhor posição no ranking UCI e nas provas por etapas, são as 15 melhores a ser chamadas.

Sem comentários:

Enviar um comentário