Era um regresso anunciado e agora confirmado. A Alemanha vai voltar a ter a sua Volta. Depois de alguns anos de costas voltadas para a o ciclismo, o país faz as pazes com uma modalidade que desiludiu os alemães com os escândalos de doping, mas ainda assim continuou a ter atletas de topo. Há quase uma década que a prova não se realiza e a desilusão com o ciclismo era tal que até o Tour deixou de ser transmitido no país pela televisão pública.
No ano passado deram-se claramente os primeiros passos rumo a esta oferta de paz: a Volta a França voltou à televisão e até foi anunciado que em 2017 Düsseldorf irá receber a etapa inaugural do Tour. E logo em 2015 também se falou que a Volta a Alemanha estaria mais perto de regressar. Com o fulcral apoio da ASO (organizador do Tour e de outras grandes provas) a Alemanha terá assim em 2017 ou 2018 a sua Volta.
Kittel e Degenkolb, dois grandes nomes do ciclismo alemão |
Num comunicado conjunto da ASO e da federação germânica, lê-se que as etapas serão pensadas para potenciar algumas das características principais dos ciclistas alemães, como o sprint e as clássicas, mas também a pensar nos jovens com talento para as voltas de três semanas.
E era algo expectável. Afinal este regresso acaba por ter como grande influência alguns dos grandes nomes do ciclismo actual, que apesar do país estar de costas voltadas para a modalidade, conquistaram e continuam a somar vitórias importantes, contribuindo para que fosse impossível a Alemanha não ver que é necessário pensar no futuro e não continuar a viver no passado. Marcel Kittel e John Degenkolb são os rostos deste sucesso alemão, juntamente com Andre Greipel e também Tony Martin, um campeão do mundo de contra-relógio.
No entanto, a Alemanha dificilmente esquecerá as confissões de Erik Zabel e mais tarde de Jan Ullrich, dois heróis da Volta a França que afinal recorreram ao doping. Com o escândalo de Lance Armstrong, a modalidade caiu em desgraça naquele país. Mas tal como a modalidade vai fazendo o seu caminho pós-Armstrong, a Alemanha faz o seu para acreditar novamente no ciclismo.
Claro que há também uma questão política a ter em conta: o facto de ser a ASO a envolver-se na competição - que rapidamente deverá ganhar importância - numa altura em que reforçou um longo braço de ferro com a UCI, ameaçando tirar a Volta a França do calendário principal, devido a um diferendo sobre a reorganização do ciclismo.
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