© Unipublic/Charly López/La Vuelta |
Mas antes, a etapa. Talvez porque na memória ainda esteja aquele espectáculo no Alto de la Farrapona entre Alberto Contador e Chris Froome em 2014, a expectativa seria que voltasse a ser palco de emoção, desta feita entre Roglic (Jumbo-Visma) e Carapaz (Ineos Grenadiers) e mais alguém que ainda queira intrometer-se entre os dois. O desolador ambiente sem público foi como que um lembrete que nada é como antes neste 2020 atípico. A tensão entre pelotão e comissários antes início da etapa, com o protesto dos ciclistas, talvez tenha sido outro sinal que o dia não cumpriria as expectativas.
A etapa ainda prometeu quando a Movistar colocou Nelson Oliveira na frente - mais uma excelente etapa do português, um incansável trabalhador -, com Marc Soler a juntar-se mais tarde. Mas a equipa espanhola limitou-se a lutar por uma etapa - Enric Mas não se mexeu - que acabou por escapar para David Gaudu (Groupama-FDJ), que conquistou a sua primeira vitória numa grande volta. Uma estreia de um jovem de 24 anos, de quem muito se espera em França.
No grupo de favoritos, Daniel Martin (Israel Start-Up Nation) acelerou um pouco no final, mas o maior efeito foi ganhar uns segundos a Hugh Carthy (EF Pro Cycling), na luta pelo pódio.
Nenhum ciclista presente na Vuelta ganhou no Angliru (Kenny Elissonde já abandonou), mas muitos sabem como pode quebrar o melhor dos trepadores. São 12,5 quilómetros, com pendente média a 9,9% (ver imagem do lado direito). Porém, é influenciada por uma fase mais plana e até a descer na parte final. Este Angliru chega a passar os 20%!
Ainda haverá muito mais montanha nesta Vuelta. Contudo, com um contra-relógio na terça-feira que poderá beneficiar Primoz Roglic, depois deste sábado ninguém, nem o próprio esloveno, terem atacado, o Angliru é a subida onde muito se poderá jogar o futuro de uma Vuelta que acaba daqui a uma semana. Recorde-se que são apenas 18 etapas e não as 21 normais de uma prova de três semanas.
Um rápido ponto da situação para este domingo: Roglic e Carapaz empatados, Martin a 25 segundos, Carthy ficou agora a 58, Enric Mas (Movistar) a 1:54 e o companheiro Soler está agora a 2:44. Todos os restantes têm mais de três minutos para recuperar.
Classificações completas, via ProCyclingStats.
O protesto
A 11ª etapa começou com o pelotão a fazer um pequeno protesto, atrasando o arranque da etapa. A causa? A mudança de regras que levou Carapaz a perder a camisola vermelha na sexta-feira.
Chris Froome encabeçou o protesto em nome dos ciclistas e em defesa do seu companheiro da Ineos Grenadiers. Os corredores contestaram a decisão dos comissários em alterarem a regra dos três segundos para um. Ou seja, como era considerada uma etapa para sprinters, apesar da fase final ter uma curta subida a 5% para a meta, a regra que estava definida é que só haveria cortes se este fosse de três segundos ou mais do vencedor para os restantes atletas.
Não acabou ao sprint e foi Roglic o vencedor. O esloveno cortou a meta com uma pequena vantagem e os comissários optaram por aplicar a regra do corte por haver pelo menos um segundo entre primeiro e segundo. Isto significou que Carapaz perdeu três. Com os 10 de bonificação por vencer a tirada, Roglic ficou empatado na liderança, mas como tem melhores classificações nas etapas (ajuda as três vitórias), vestiu novamente a camisola vermelha.
Os ciclistas não gostaram da mudança de regras de última hora, com a decisão a ser justificada com os comissários a poderem "interpretar as situações como for necessário e aplicar qualquer excepção", segundo escreveu o jornal As, citando o director da prova, Javier Guillén.
O protesto apanhou a organização desprevenida e no final da etapa houve uma reunião de cerca de 20 minutos com representantes das equipas, em que foi explicado precisamente o que levou à decisão do dia anterior. Além de ser passado o desagrado pela atitude do pelotão, foi ainda dito que todos os finais de etapas seriam revistos quanto à regra dos três ou um segundo. Porém, só a etapa de Madrid, a última, é para sprinters, pelo que o problema não deverá voltar a surgir.
12ª etapa: La Pola Llaviana/Pola de Laviana - Alto de L'Angliru, 109,4 quilómetros
E esta é então a etapa deste domingo. Com cinco subidas, duas de primeira categoria, antes da especial (e o Angliru é mesmo especial) para terminar o dia e a segunda semana da Vuelta. Segunda-feira é dia de descanso.
»»Ackermann alerta que factor económico faz ciclistas correrem mais riscos««
Sem comentários:
Enviar um comentário