© Tim de Waele/Getty Images/DeceuninckQuickStep |
A política na Deceuninck-QuickStep continua a ser "vamos ver etapa a etapa". Porém, o objectivo passa por manter João Almeida de rosa o máximo de tempo possível, mas sem criar pressão num jovem que nunca fez uma prova de três semanas. Davide Bramati, director desportivo da equipa belga, afirmou isso mesmo ao Eurosport. Esta forma de lidar com o sucesso rápido de Almeida, conjugado com o apoio que os companheiros lhe estão a dar nas etapas, está a contribuir para que o português esteja a ganhar nome no World Tour e começa a parecer que ninguém quer dar muito mais espaço para que Almeida aumente em demasia a vantagem.
Os seus resultados até ao Giro, já o colocavam entre os melhores estreantes no World Tour em 2020. Agora apresenta credenciais numa grande volta, mesmo perante a incógnita de como será fazer uma prova de três semanas e de como o corpo reagirá, principalmente na última semana.
Mas o importante é o presente. Com Jonathan Caicedo (EF Pro Cycling) a perder tempo na longa subida de 25 quilómetros em Valico di Montescuro, já perto do final da longa tirada de 225 quilómetros entre Mileto e Camigliatello Silano, restou a João Almeida preocupar-se em ficar com o grupo principal. Não houve ataques, mas Vincenzo Nibali (Trek-Segafredo) ainda preocupou quando tentou descer na frente. Contudo, o mau tempo marcou o dia e a estrada estava demasiado perigosa para Nibali arriscar.
Almeida nem sempre esteve na melhor posição. O ritmo por vezes aumentava bastante, fruto das equipas que foram testando a resistência não só do camisola rosa, mas de rivais aos seus líderes. Almeida nunca entrou em pânico.
O melhor ficou para o fim. Filippo Ganna venceu isolado, no segundo triunfo para o italiano da Ineos Grenadiers, depois de vencer o contra-relógio inaugural. Com bonificações em jogo, João Almeida sprintou na curta subida para a meta. Só Patrick Konrad, da Bora-Hansgrohe o bateu. São mais quatro segundos para o português, agora com Pello Bilbao (Bahrain-McLaren) na segunda posição, a 43 segundos, Wilco Kelderman (Sunweb), a 48, Harm Vanhoucke (Lotto Soudal) - outro jovem a surpreender - a 59 e Vincenzo Nibali agora a 1:01.
A pergunta começa a ser até quando Almeida ficará de rosa?
"Estou contente por ter conseguido [segundos de bonificação] e aumentado a minha vantagem na classificação geral. Tenho dois top três nas primeiras cinco etapas da corrida, duas camisolas [a rosa e a branca, da juventude] e a minha confiança está a aumentar a cada dia, o que é bom para as próximas etapas", afirmou João Almeida. O ciclista não esqueceu como está a ter o apoio dos seus companheiros, que chegaram ao Giro com liberdade para procurar vitórias e que agora estão a proteger o português.
Com apenas 22 anos, Almeida está a demonstrar que a rosa não é nenhum acidente e que tem capacidade de liderança. Na Deceuninck-QuickStep a expectativa para mais esta aposta de sucesso cresce e já nem se fala muito da ausência de Remco Evenepoel, que antes da queda a Lombardia, era apontado como um favorito. Mais uma vez a formação belga mostra como tem uma equipa forte e não apenas uma ou duas grandes figuras.
E há que referir como João Almeida faz mais um pouco de história. Quando esta quinta-feira partir em Castrovillari, será o ciclista português que envergou a camisola rosa durante mais tempo. Será o terceiro dia, mais um do que Acácio da Silva, o primeiro a fazê-lo em 1989, em dois dias não consecutivos.
Classificações completas, via ProCyclingStats.
6ª etapa: Castrovillari - Matera, 188 quilómetros
Em condições normais, Almeida até poderá segurar a camisola rosa até domingo. Só nesse dia surgirá nova etapa de montanha mais complicada. Porém, a Deceuninck-QuickStep sabe que não pode facilitar. A tirada desta quinta-feira tem muito sobe e desce na fase inicial, ainda que a única subida categorizada (terceira) esteja mais perto do final.
Com a Bora-Hansgrohe dedicada a levar Peter Sagan a uma vitória que está difícil acontecer em 2020, não é de afastar que o ritmo volte a ser alto, como aconteceu na terceira tirada. Entre os diferentes objectivos de vários ciclistas, neste Giro não se tem andado devagar.
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