Dois dias de espectáculo Pogacar, que venceu pela primeira vez no Tour
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"Claro que estou a pensar na classificação geral, é por isso que vim aqui." Ambas as frases são de Tadej Pogacar, o esloveno que, aos 21 anos (quase 22), está mais do que preparado para dar luta naquele que é o seu primeiro Tour, a sua segunda grande volta. Recorde-se que a primeira foi a última Vuelta: três vitórias de etapa, um terceiro lugar na geral e a vitória na juventude.
As declarações do líder da UAE Team Emirates retratam na perfeição a forma de estar que se vê na estrada. Se se perdeu tempo na etapa do vento (sexta-feira), então há que recuperar. Se há duas etapas de montanha no fim-de-semana, por que razão se há-de esperar. As oportunidades estão ali para se agarrarem. Pogacar agarrou.
Na sétima etapa, Pogacar terminou a 1:28 minutos do líder, então Adam Yates (Mitchelton-Scott). Este domingo e depois de dois dias de exibições espectaculares, já são 44 segundos a separá-lo agora de Primoz Roglic (Jumbo-Visma), que tinha apenas três segundos a separá-lo de Yates.
"Claro que perdi tempo, mas não significa nada", disse sobre a sexta-etapa. "O jogo pela classificação geral começou agora e nas próximas semanas vamos ver mais mudanças. Vou dar o meu melhor pela geral", afirmou, garantindo que vai continuar a arriscar para também ganhar etapas.
É isto que se quer, é esta atitude que fazia falta ao Tour. É esta atitude entusiasmante que Pogacar tem juntamente com Remco Evenepoel (Deceuninck-QuickStep) e Egan Bernal (Ineos). Quando os três se juntarem a lutar por uma Volta a França.. Mas fiquemos pelo presente. Quando Pogacar venceu a Volta ao Algarve em 2019, na sua primeira vitória como profissional e acabadinho de chegar à UAE Team Emirates, desde logo ficou ali a demonstração que os resultados alcançado como amador, não eram um acaso.
Pogacar tem uma capacidade de leitura de corrida invulgar em ciclistas tão novos. Tem uma confiança que obriga os mais experientes a ter muito cuidado com o esloveno. E ainda por cima está em boa forma e sabe gerir a sua condição física. Para já, não fosse aquele furo e o azar de um ciclista ter caído à sua frente quando se deram os cortes na etapa de sexta-feira por causa do vento, Pogacar estaria ainda mais próximo do compatriota Roglic... ou talvez mesmo líder. Mas o melhor nesta forma de estar, é que os 44 segundos de desvantagem para Pogacar são mais um desafio, não um obstáculo.
Mais uma vez tem de se dizer: é impossível não se gostar deste ciclista. Mesmo quando rapidamente deixa de ter companheiros a seu lado - Fabio Aru até abandonou neste domingo -, não se preocupa. Faz ele o seu trabalho. Pode estar só, mas faz tremer aqueles que têm as duas equipas que tanto se fala: Jumbo-Visma e Ineos Grenadiers.
Nos dois primeiros frente-a-frente, quando Primoz Roglic e Egan Bernal ficaram sozinhos com Pogacar, o esloveno ganhou. O esloveno recuperou tempo no sábado, este domingo também e juntou uma vitória de etapa ao sprint com Roglic, Bernal e Mikel Landa. Estava ainda um infeliz Marc Hirschi, da Sunweb. Tanto tempo sozinho na frente, merecia melhor prémio que a combatividade, mas Pogacar não deixou.
Nos dois primeiros frente-a-frente, quando Primoz Roglic e Egan Bernal ficaram sozinhos com Pogacar, o esloveno ganhou. O esloveno recuperou tempo no sábado, este domingo também e juntou uma vitória de etapa ao sprint com Roglic, Bernal e Mikel Landa. Estava ainda um infeliz Marc Hirschi, da Sunweb. Tanto tempo sozinho na frente, merecia melhor prémio que a combatividade, mas Pogacar não deixou.
Um pormenor, Pogacar tornou-se o ciclista mais jovem do século XXI a ganhar uma etapa no Tour. A primeira das mais que se seguirão certamente deste jovem fenómeno esloveno.
No último dia antes da folga (Pau - Laruns, 153 quilómetros), a Eslovénia tomou conta do Tour, tal como havia acontecido na Vuelta. Pogacar ganhou, Primoz Roglic terminou nove dias de trabalho da Jumbo-Visma a vestir a camisola amarela. Esta táctica que tanto gosta, de acumular segundos de bónus, está a dar os seus frutos, pois assim tem Bernal a 21 segundos. Pode parecer pouco, mas este Tour pode decidir-se por diferenças pequenas.
É o lugar mais do que esperado para Roglic e nada vai mudar na forma de controlar as etapas da Jumbo-Visma. Contudo, vestiu a amarela no dia em que Bernal deu o ar da sua graça. O colombiano está a melhorar, ainda que não tenha sido colombiano de 2019, quando venceu o Tour.
É o lugar mais do que esperado para Roglic e nada vai mudar na forma de controlar as etapas da Jumbo-Visma. Contudo, vestiu a amarela no dia em que Bernal deu o ar da sua graça. O colombiano está a melhorar, ainda que não tenha sido colombiano de 2019, quando venceu o Tour.
Mesmo liderando, Roglic termina esta primeira fase da Volta a França a perceber que a Jumbo-Visma pode ser a equipa mais forte, mas tem de estar preparado para sozinho medir forças com os dois jovens. Se Bernal subir de forma, recuperando assim a sua confiança, a luta pela camisola amarela vai ser das mais intensas dos últimos anos.
Este trio vai dar espectáculo no Tour (© Jumbo-Visma) |
A boa notícia é que 1:42 minutos com tanta montanha pela frente, nem é das piores perspectivas que já enfrentou. Este domingo, mostrou que fará parte do quarteto que para já chamou a atenção. Agora falta saber se vamos ver o Landa sem medo de arriscar por não ter nada a perder, ou se a pressão de ser finalmente um líder indiscutível numa equipa, na Bahrain-McLaren, poderá ser de mais. Para já, afirma que está de olhos postos no pódio. O melhor de Landa costuma aparecer na terceira semana.
Há mais a ter em conta
Se nesta na boa etapa que se assistiu a este domingo este quarteto destacou-se, ainda assim, mesmo tendo perdido tempo, Romain Bardet (AG2R), Nairo Quintana (Arkéa-Samsic), Rigoberto Uran (EF Pro Cycling), Richie Porte e Bauke Mollema (Trek-Segafredo) mostram que contem com eles para pelo menos disputar o top dez. Já Emanuel Buchmann (Bora-Hansgrohe) caiu na classificação. A queda no Critérium do Dauphiné deixou marcas no alemão.
E não, Guillaume Martin não ficou esquecido. Merece destaque. Perdeu alguns segundos, mas é ele o terceiro classificado, a 28 segundos de Roglic. Mudou-se para a Cofidis para comprovar todo o potencial demonstrado na Wanty-Groupe Gobert para as grandes voltas. É um ciclista muito regular, tanto na obtenção de resultados, como na forma como compete. Não é de grandes ataques, mas tenta sempre as suas acelerações e se conseguir melhorar um pouco mais a sua forma, ainda se poderá ver também este francês a obrigar Roglic a ter muita atenção.
Custou a mexer, mas em três dias este Tour começou a comprovar as expectativas de espectáculo, emoção e indefinição.
Classificações completas, via ProCyclingStats.
Classificações completas, via ProCyclingStats.
10ª etapa (terça-feira): Île d'Oléron le Château-d'Oléron - Île de Ré Saint-Martin-de-Ré, 168,5 quilómetros
Esta segunda-feira é um dia de nervos. Nunca uma folga foi encarada com tanta ansiedade, pois serão feitos os testes à covid-19. Dois positivos numa equipa (ciclistas ou staff) e será excluída da Volta a França.
O comportamento dos adeptos no Tour deixou muito a desejar, principalmente no sábado. Sucedem-se os pedidos dos ciclistas nas redes sociais para o uso de máscara e para manterem a distância. Mas a mensagem está difícil de passar. Todos pedem para que os deixem chegar a Paris.
Se tudo correr bem, 166 ciclistas vão partir na terça-feira num tipo de etapa que os sprinters adoram. Não há uma única contagem de montanha. Dado o local, o vento poderia animar novamente a tirada, mas as previsões apontam para que seja fraco.
Os sprinters vão querer aproveitar as próximas duas tiradas. É que depois só na 19ª podem ambicionar novamente a uma vitória e vão ter de sofrer muito até lá.
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