29 de setembro de 2020

Mais uma equipa World Tour a perder o patrocinador

© NTT
Depois da CCC, a NTT. É mais uma equipa com continuidade em risco, ao ser confirmado que a empresa de tecnologia não irá renovar contrato com a estrutura sul-africana. Curiosamente, a notícia surge quando a CCC já sabe que é a Circus-Wanty Gobert quem a salvará, comprando a licença e subindo a World Tour em 2021. Quanto à NTT, há muito que estes rumores circulavam, ainda mais quando nenhuma contratação foi feita para o próximo ano e as renovações não avançaram. Apesar do responsável, Douglas Ryder, não querer terminar com o projecto, os ciclistas já terão sido aconselhados a procurar alternativas para 2021.

É um fim de uma relação de seis anos - anteriormente como Dimension Data - que ganhou força quando a equipa da África do Sul se tornou a primeira deste país a subir ao principal escalão. No World Tour, não tem tido uma vida fácil, Mas o início foi de sonho: Mark Cavendish venceu quatro etapas na Volta a França. A nível de resultados, a formação foi conseguindo algumas vitórias importantes, mas com o passar dos anos as dificuldades começaram a cada vez maiores.

Na base desta estrutura está um projecto que pretende ajudar ciclistas africanos a chegaram ao mais alto nível e nos últimos anos vários, principalmente sul-africanos e eritreus conseguiram. Porém, a falta de mais e melhores resultados levou Ryder a mudar de estratégia. Contratou ciclistas de maior experiência, na tentativa de tirar a equipa dos últimos lugares do ranking, onde por norma fica.

Este ano chegou Victor Campenaerts e Domenico Pozzovivo, por exemplo. Das sete vitórias em 2020, duas são em provas World Tour (etapas no Tour Down Under e Paris-Nice), ambas por Giacomo Nizzolo, que se sagrou ainda campeão nacional de Itália e campeão Europeu (esta não entra na contabilidade da NTT, pois foi pela seleccção). Porém, a equipa passou ao lado do Tour, quando era tão importante mostrar-se. Não ajudou Nizzolo e Pozzovivo abandonarem muito cedo devido a quedas.

E a performance fraca, apesar das tentativas para conquistar uma vitória, não ajudou em nada na busca por um novo patrocinador. O Cyclingnews escreve que Ryder está confiante que pode resolver a situação, mas ao confirmar aos ciclistas a saída da NTT, acabou por abrir a porta de saída a todos, com contrato para 2021, ou não. Com o Giro e a Vuelta, além da maioria das principais clássicas por realizar, os ciclistas da NTT tudo vão fazer para agarrar um contrato. Ainda há plantéis em aberto, mas os lugares começam a escassear.

Bjarne Riis entrou este ano como director geral da equipa e chegou-se a falar do dinamarquês comprar parte da estrutura, mas ainda não é conhecido qualquer acordo e tempo já não é muito para salvar a equipa sul-africana.

Além dos nomes referidos, a NTT conta com ciclistas bem cotados como é o caso de Roman Kreuziger, Edvald Boasson Hagen, Michael Valgren, Ben King, Michael Gogl e os jovens Max Walscheid e Gino Mäder.

Este ano, o World Tour abriu as portas à Cofidis, no início de uma expansão que acabou por não ver a Total Direct Energie seguir o mesmo caminho, como chegou a ser inicialmente falado. De 18, passaram a haver 19 equipas no principal escalão. Porém, as dificuldades do ciclismo foram agravadas com a pandemia. Apesar da Volta a França ter sido uma tábua de salvação para alguns, poderá não ser para todos.

A empresa japonesa justificou a decisão de terminar com o patrocínio, com o plano de alargar as suas parcerias além do desporto. Não estará fora de questão Ryder tentar uma fusão com uma equipa ProTeam (segundo escalão) que pretenda ter uma licença World Tour, para tentar salvar pelos menos parte da sua estrutura. Um pouco à imagem do que acabou acontecer com a CCC e Circus-Wanty Gobert ou com a Israel Start-Up Nation, que ficou com a licença da Katusha-Alpecin e assim ascendeu ao World Tour.

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