© Team Sunweb |
A Sunweb vive precisamente uma fase de dar o passo atrás. Com a surpreendente saída de Tom Dumoulin para a Jumbo-Visma - o holandês quebrou contrato para mudar de equipa -, a Sunweb viu-se privada do seu líder, aquele que lhe deu uma Volta a Itália e esteve perto de conquistar a Volta a França. A equipa havia quebrado quase por completo com o passado ganhador em sprints com Marcel Kittel e John Degenkolb, com este último a conquistar ainda dois monumentos (Milano-Sanremo e Paris-Roubaix).
Quase, porque tem Michael Matthews, que parecia ser o inevitável líder num regresso às origens, ficou de fora das escolhas do Tour. Sam Oomen começou o ano a regressar de uma longa paragem devido a um problema numa perna, que o obrigou a terminar a época após o Giro em 2019 e foi escalado para... o Giro. E ainda há um Wilco Kelderman que depois de muito prometer, pouco ou nada cumpriu. Também vai à Volta a Itália.
Tal como aconteceu com Kittel, Degenkolb e Dumoulin, os três ciclistas mencionados também estão de saída, mas sem que a Sunweb fique muito preocupada. O caminho da equipa é outro e está a demonstrar na Volta a França que tem tudo para ser novamente de sucesso. Oomen vai para a Jumbo-Visma, Kelderman assinou pela Bora-Hansgrohe.
Matthews ficou de fora das escolhas do Tour. Uma surpresa visto a equipa não ter qualquer pretensão à geral. O australiano não escondeu a desilusão e já assinou contrato com a sua antiga formação, a Mitchelton-Scott, com regresso marcado em 2021. À 14ª etapa do Tour percebe-se melhor as escolhas feitas. A Sunweb optou por uma equipa jovem, com ciclistas com ambição de singrar e com oportunidade para o fazer, sem terem de estar "presos" a um ciclista. Algo que teria acontecido se Matthews estivesse na corrida.
A média de idades é de 26,3, com três estreantes no Tour: Joris Nieuwenhuis, Casper Pedersen e Marc Hirschi. Cees Bol está só na segunda presença. Tiesj Benoot foi um dos principais reforços e apesar do segundo lugar no Paris-Nice, não veio ao Tour com pensamento na geral. Nikias Ardnt e Soren Kragh Andersen são dois ciclistas muito fiáveis e Nicolas Roche é, aos 36 anos, a voz da experiência, sempre necessária quando há uma equipa tão nova numa competição tão importante como o Tour. Ardnt já venceu etapas no Giro, Vuelta e Critérium du Dauphiné. Andersen tem agora uma no Tour.
Sem Dumoulin, Oomen, Kelderman e Matthews, as expectativas para a Sunweb eram baixas. Pelo menos para o "mundo exterior". "Repetir coisas não é o que queremos fazer. Gostamos de inovar, tentar coisas novas e pensar em novas possibilidades", explicou o director desportivo Rudi Kemna, ao Cycling Weekly.
De uma equipa que se esperava que passasse relativamente despercebida, eis que a Sunweb se tornou numa das mais entusiasmantes. Nos sprints aposta num Cees Bol de grande talento e que venceu uma etapa na Volta ao Algarve. Anda a ameaçar uma no Tour, mas a concorrência é muito forte. Nas etapas de média montanha tem sido o espectáculo Sunweb.
© ASO/Alex Broadway |
A Sunweb já sairá do Tour com uma corrida muito positiva e com a certeza que deu espectáculo, algo que, aliás, era também pretendido. Porém, estes jovens ciclistas, mais o veterano Nicolas Roche, não querem ficar por aqui. Têm andado constantemente em fuga e vão continuar a tentar bater aqueles que tentam controlar uma corrida e têm de lidar com ciclistas da Sunweb a atacar de todos os lados.
Esta Volta a França acaba por marcar esta reinvenção da estrutura alemã, que quer continuar a formar jovens - alguns saem da sua equipa de desenvolvimento -, mas pretende aos poucos construir novamente uma equipa para a geral. Romain Bardet (AG2R) vai chegar para dar os primeiros passos nesse trabalho, cujo objectivo é daqui a cerca de seis anos a Sunweb vencer o Tour, segundo afirmou há umas semanas Marc Reef, um dos responsáveis por equipa que tem uma capacidade impressionante de se reinventar com sucesso.
15ª etapa: Lyon - Grand Colombier, 174,5 quilómetros
Para a grande etapa que se espera este domingo, já não se contará com Romain Bardet. O francês caiu na sexta-feira e exames detectaram uma pequena hemorragia cerebral. O ciclista nem sequer partiu para a tirada deste sábado. Uma despedida inglória da AG2R no Tour, onde está há nove temporadas. A AG2R também já não conta com Pierre Latour, que abandonou.
As atenções vão estar todas nos homens da geral, ainda que a luta pela camisola verde continue animada entre Peter Sagan (Bora-Hansgrohe) e o líder da classificação dos pontos, Sam Bennett (Deceuninck-QuickStep).
É o momento de Egan Bernal (Ineos Grenadiers) mostrar a Primoz Roglic (Jumbo-Visma) que tem de contar com ele para a luta pela amarela. A subida é mais ao seu género, longa, com 17,4 quilómetros, isto depois de se ultrapassar duas primeiras categorias. O Grand Colombier tem uma pendente média de 7,1%, mas antes, os ciclistas enfrentarão o Montée de la Selle de Fromentel (11,1 quilómetros, com 8,1% de média) e o Col de la Biche (6,9 quilómetros, a 8,9% de média).
Dia muito complicado em expectativa, recordando-se que Tadej Pogacar (UAE Team Emirates) está a 44 segundos, Bernal a 59, com Rigoberto Uran (EF Pro Cycling) a ser quarto a 1:10 minutos. Luta pela amarela, pelo pódio e pelo top dez em jogo, antes do dia de folga para preparar a última semana do Tour.
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