18 de fevereiro de 2020

"Estou na equipa perfeita para mim"

© Deceuninck-QuickStep
João Almeida prepara-se para fazer a estreia na Volta ao Algarve e logo numa das melhores equipas do mundo. Um dos principais novos talentos portugueses e o mais recente a chegar ao World Tour, só pensa em evoluir e trabalhar para quando chegar a sua oportunidade para lutar por vitórias, agarrá-la da melhor forma. É algo que sabe que na Deceuninck-QuickStep é praticamente certo, visto ser uma equipa que ganha com muitos dos seus ciclistas. E, por isso, não hesita em dizer: "Estou na equipa perfeita para mim. Gosto muito do ambiente, dos ciclistas, dos treinadores... Estou a gostar bastante."

Aos 21 anos é considerado pela imprensa especializada um dos ciclistas a seguir, entre aqueles que este ano se estreiam ao mais alto nível. É algo que João Almeida não ignora, mas também não sente mais pressão por isso, pois essa já é alta só por estar onde está. "Ligo a isso, sim. Dá-me responsabilidade para trabalhar mais. Mas é bom saber que alguém tem os olhos em mim e dá-me motivação para trabalhar. É bom estar entre os mais conhecidos", salientou ao Volta ao Ciclismo.

A integração na Deceuninck-QuickStep está a decorrer da melhor forma, sendo que não é uma equipa totalmente desconhecida. O campeão nacional de fundo e contra-relógio de sub-23 já tinha realizado estágios com a formação belga, liderada por um dos directores mais históricos do ciclismo mundial: Patrick Levefere. "Há um sentimento de importância aqui dentro, funciona como uma família", disse João Almeida. E acrescentou: "Aqui temos condições para evoluir, sem estarmos focados apenas nos resultados. Não há essa pressão. Não me pediram nada de específico para este ano. É pensar corrida a corrida, fazer o meu trabalho, ajudar. Há que ajudar os outros a ganhar, pois esse é sempre o espírito da equipa."

Há então o outro factor que o faz considerar estar na equipa perfeita: praticamente todos têm a sua oportunidade para triunfar. "É motivador. É uma equipa vencedora que ganha com quase todos os ciclistas e o meu trabalho passa um pouco por isso. Amanhã trabalho, mas sei que um dia vou ter a minha oportunidade. Todos temos a oportunidade e todos temos de trabalhar", frisou.

"Chegar aqui é muito bom e agora é manter-me. Há um nível muito alto e tenho de dar tudo o que tenho todos os dias, mesmo nos treinos"

A sua estreia aconteceu na Austrália, no Tour Down Under, Race Torquay e Cadel Evans Great Ocean Race, esta última ganha pelo seu companheiro Dries Devenyns. João Almeida teve assim a possibilidade de se testar no pelotão World Tour e ficou satisfeito com as suas exibições. "Fiz o meu trabalho. Não fui com grandes expectativas e fiquei satisfeito com a minha forma, de estar no pelotão internacional e de estar ao nível dos melhores", contou. Na Hagens Berman Axeon, onde esteve dois anos, tendo ganho a Liège-Bastogne-Liège de sub-23, já tinha tido contacto com a realidade World Tour em algumas provas, mas há diferenças em estar na Deceuninck-QuickStep. "O ritmo é diferente, a colocação, mas não foi um grande choque. Agora há que limar detalhes e aprender todos os dias", afirmou.

E quais são esses detalhes? "[No imediato] é a colocação. Passa por aí. Tenho de saber colocar-me no pelotão. Isto é chave para evoluir um pouco melhor. É uma realidade um pouco diferente, é um pelotão um pouco mais agressivo", respondeu.

Tal como todos os ciclistas da equipa podem ganhar, também todos ajudam no que podem na integração dos novos corredores. Para João Almeida, agora que está numa equipa de topo, o importante é dar tudo para permanecer. "Chegar aqui é muito bom e agora é manter-me. Há um nível muito alto e tenho de dar tudo o que tenho todos os dias, mesmo nos treinos", realçou.

Na Volta ao Algarve - que começa esta quarta-feira e realiza-se até domingo -, João Almeida deverá ter um papel mais de trabalho, até porque a Deceuninck-QuickStep traz uma mais recente estrela do ciclismo mundial, Remco Evenepoel. O belga venceu a Volta a San Juan e encara cada corrida que faz para ganhar. Nos sprints haverá Fabio Jakobsen, que já sabe o que é vencer na Algarvia. Iljo Keisse, Tim Declerq (vencedor da montanha em 2019), Yves Lampaert e Florian Sénéchal completam a equipa que estará na Algarvia.

"Estou em boa forma, mas vou ter em conta os objectivos da equipa. Vou trabalhar para a equipa conquistar as vitórias", referiu, salientando como "é sempre uma boa experiência correr com o público português e com um pelotão mais português." E se lhe for dada alguma liberdade, podemos esperar que João Almeida não a vai querer desperdiçar.

Quanto às subidas que podem ajudar a definir a classificação geral - não esquecendo que a Algarvia acaba este ano com um contra-relógio individual -, Almeida alerta para a necessidade de estar bem posicionado quando se entra na Fóia, na segunda etapa: "A Fóia conheço mais ou menos. Já fiz algumas vezes, o Malhão só fiz uma vez e não me recordo bem. Sei que é inclinado e é duro! Mas sim, a Fóia é mais o meu estilo. É uma subida muito rápida e na fase inicial é crucial estar bem posicionado."

Depois da Algarvia, João Almeida deverá viajar para França, para competir em uma ou duas clássicas. Não pensa em correr em provas específicas, querendo mesmo é... correr. A preferência fica pelas corridas por etapas e realçou que com um calendário de tanta qualidade, haverá a possibilidade de participar em boas provas.


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