6 de fevereiro de 2020

Rebellin, a saga continua

(Fotografia: Facebook Meridiana Kamen)
Anunciou que ia terminar a carreira após os Nacionais de 2019, mas recuou na decisão. Aceitou integrar um muito ambicioso projecto húngaro, tão ambicioso que nem foi para a estrada. Ainda assim, Davide Rebellin não desistiu de procurar equipa e aos 48 anos tem um novo contrato. O vínculo com a estrutura croata Meridiana Kamen foi renovado e é uma forma de somar 29 temporadas como profissional.

"Com a sua grande experiência ele irá certamente ser um apoio para os nossos jovens crescerem e pode oferecer conhecimento, além de ser competitivo", explicou 
ao SpazioCiclismo o director da equipa, Antonio Giallorenzo. O responsável salientou ainda como Rebellin é como se fosse um membro da família, considerando ser um ciclista importante.

A meio da época passada, Rebellin regressou à equipa que tinha representado em 2012 e apesar de ter dito que tinha chegado o momento de colocar o ponto final numa carreira longa, não resistiu em continuar. Era suposto ter sido um dos rostos de uma formação da Hungria, que pretendia ter a licença Profissional Continental e tentar ser convidada para o Giro já este ano, pois a grande volta começa precisamente naquele país. Sem grande surpresa, o projecto nem arrancou, apesar de ter contactado vários ciclistas para fazerem parte do plantel.

Nicola Toffali, por exemplo, era um deles, mas o ex-Sporting-Tavira acabou por terminar a carreira aos 27 anos. Rebellin vai continuar. Quando se estreou como profissional em 1992 na GB-MG Maglificio, era seu colega de equipa Mario Cipollini, então com 25 anos, enquanto Rebellin tinha 21. Cipollini, o histórico sprinter italiano, nessa altura já ganhava etapas em basicamente todas as corridas em que participava, incluindo Giro e Tour.

Quando em 2001 ganhou o Tirreno-Adriatico estavam naquele pelotão Carlos Sastre e Jens Voigt, por exemplo. O espanhol tem agora 44 anos e acabou a carreira em 2011, o alemão tem a mesma idade que Rebellin e despediu-se em 2014. Mas se recuarmos a 1997 quando venceu o Grande Prémio da Suíça, atrás de si ficaram nomes como Jan Ullrich, Richard Virenque e Laurent Jalabert. E no ano em que fez a tripla das Ardenas, 2004, Paolo Bettini, Alexandre Vinokourov e Ivan Basso foram ciclistas que competiram nestas provas. Todos eles continuam ligados ao ciclismo, mas não como Rebellin.

Em 2009, quando venceu pela terceira e última vez a Flèche Wallonne, Andy Schleck foi segundo e Rebellin bateu ainda Cadel Evans, Alejandro Valverde e Michael Albasini. O primeiro infelizmente acabou a carreira muito cedo, enquanto Cadel Evans tinha 38 quando se afastou em 2015. No entanto, há dois resistentes bem conhecidos. Michael Albasini (39 anos) vai fazer mais uma temporada na Mitchelton-Scott antes de colocar um ponto final na carreira, enquanto Alejandro Valverde ainda tem mais uns objectivos para cumprir, mas também já vai preparando a despedida. Fará 40 anos a 25 de Abril. Rebellin fará 49 a 9 de Agosto.

Rebellin foi um dos grandes talentos italianos, mas acabou por manchar a sua carreira com uma suspensão por doping. Perdeu a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Pequim  (2008) por ter acusado EPO. Porém, mesmo nunca tendo regressado a uma equipa do principal escalão, vai atravessando gerações e talvez já se façam apostas se vai ou não prolongar a carreira até aos 50 anos.

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