por Vítor Sequeira Martins
Entre 5 e 9 de Julho realiza-se a 40ª edição do Troféu Joaquim Agostinho (Fotografia: Direitos Reservados) |
Negócios de um empresário local com a Rússia tinham permitido trazer até à região torrejana uma equipa de um país habitualmente discreto e fechado ao mundo. Mas a queda do Muro de Berlim e a abertura política verificada nos países do Leste europeu que se seguiu, tornaram fácil – e mais tarde até banal – a presença em provas nacionais de atletas daquela região europeia.
Simpáticos, risonhos, mas com o travão linguístico a cortar o caminho a contactos mais profundos com os portugueses, os ciclistas russos não se destacaram por aí além naquela que é a prova que há mais tempo se realiza ininterruptamente em Portugal – entre 5 e 9 de Julho cumpre-se a 40.ª edição do Grande Prémio Internacional de Torres Vedras-Troféu Joaquim Agostinho.
Provavelmente deslumbrados com o que de diferente viam, poucos deveriam saber que aquela prova em que participavam estava ligada à figura do maior ciclista português de todos os tempos – Joaquim Agostinho – um filho da terra (Bejenjas) – tragicamente desaparecido em 1984, após uma queda, em Quarteira, no final de uma etapa da Volta ao Algarve. E se por mais de uma vez passaram – à pressa e concentrados com os olhos na estrada, é certo - à porta da casa do antigo ciclista português, o único a ter um busto em bronze, instalado num imponente pedestal de três metros de altura, na 14.ª curva do Alpe D'Huez – a mais difícil e mítica etapa do Tour -, não devem ter dado por isso.
Mas se os magníficos e pouco discretos visitantes surpreenderam à chegada e durante a competição, o que dizer então do último dia, quando já se fechara para balanço e se projetava a prova do ano seguinte? Estupefação geral. Os russos «armaram a tenda» - qual Feira da Ladra - e puseram tudo à venda? Tudo! Sim, literalmente tudo o que traziam. E mais houvesse. Ávidos de divisas, os atletas venderam peça a peça do equipamento e ainda mais alguns produtos tradicionais – gorros e bonecas - que trouxeram. As bicicletas foram o último produto a ser transacionado. Houve quem fizesse bom negócio, comprando barato e os russos, devido à diferença cambial, mesmo deixando as máquinas a um preço muito abaixo do real não se sentiram defraudados e partiram felizes. Olá se partiram felizes!
Jornalista que acompanhou e reportou praticamente todas as grandes provas nacionais durante duas décadas.
»»As novidades do troféu de homenagem a Joaquim Agostinho««
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