(Fotografia: ASO/Bruno Bade) |
"Não esperava estar de novo de amarelo no final da etapa. Nunca sonharia tirar 24 segundos ao Aru." A declaração demonstra bem como até Chris Froome ficou surpreendido por ter recuperado a liderança, que também significou que recuperou o sorriso. Estar de amarelo é já um estado de espírito para o britânico. Quanto ao que aconteceu com o seu rival, Froome admitiu que esperava que naquela última subida em Rodez, curta, mas com quase 10% de pendente, se pudesse fazer algumas diferenças. Não para Aru e muito menos para ser líder, agora com 18 segundos de vantagem.
Fabio Aru assumiu que cometeu o erro de ficar mal posicionado nos últimos quilómetros. Quando a subida começou, o grupo partiu e o italiano da Astana viu os rivais escaparem. Na preparação para a discussão da etapa, foi desde cedo claro que Aru não estava bem colocado no pelotão. A Sky estava bem na frente com o seu líder, a AG2R também cumpriu com Romain Bardet, mas o francês acabaria por ceder nos últimos metros e perdeu cinco segundos. Rigoberto Uran, sozinho, fez o que tem sabido fazer melhor: escolher bem onde estar e a que ritmo seguir.
A experiência fez a diferença para Uran, a experiência e a equipa fizeram a diferença para Chris Froome. A falta de apoio de companheiros e alguma ingenuidade custaram a Fabio Aru a liderança, numa etapa que não deveria ter falhado. O italiano tinha tudo para entrar na última semana de amarelo, colocando pressão nos rivais, principalmente num Froome e numa Sky algo nervosos e obrigados a repensar a táctica. Mas Aru entregou-lhes o lugar no qual a formação britânica melhor se sente. Facilitou o trabalho.
Quando vestiu a amarela foi logo a questão levantada: como iria a Astana lidar com a defesa do primeiro lugar? Sem Dario Cataldo e entretanto também sem Jakob Fuglsang, Aru tem estado praticamente entregue a si próprio. Michael Valgren e Andrei Grivko, por exemplo, estão a ser uma desilusão.
A discussão é antiga. Pode ou não um ciclista ganhar uma grande volta sem equipa? Alberto Contador diria que sim! Recuando à Volta a Itália de 2015, o espanhol esteve constantemente isolado nos momentos decisivos, enquanto Aru, nesse ano com a equipa mais forte do Giro, fez de tudo para ganhar. Contador sofreu, mas praticamente sozinho ganhou. Porém, é cada vez mais raro tal acontecer e quando se fala de Contador, fala-se de um fora de série. Já está a perder influência, mas nos seus tempos áureos, Contador sozinho (ou praticamente) fez muitos estragos e conquistou muitas vitórias.
Mas olhando para as mais recentes vitórias nas grandes voltas, as equipas têm tido quase sempre um papel essencial. Nairo Quintana teve uma Movistar forte a ajudá-lo na Vuelta no ano passado e o próprio Aru contou com o apoio da Astana um ano antes. Com a Sky já se sabe como tem sido no Tour. Em Maio, Tom Dumoulin não venceu ao estilo de Contador no Giro, mas foi das edições em que um ciclista se fez valer muito da sua qualidade individual. Ainda assim, comparando com o que está a acontecer com a Astana, a Sunweb esteve bem melhor na Volta a Itália.
A Aru resta-lhe voltar ao plano antes de vestir a amarela. Aproveitar o trabalho da Sky, poupar-se e atacar nos momentos certos. Tendo em conta que a Astana dificilmente seria a ajuda na defesa da amarela, se calhar o melhor mesmo é jogar ao ataque. Mas claro, se chegar ao ponto de ter voltar a defender...
Com tudo isto, ganha quem está a assistir ao Tour. A indecisão mantém-se e mesmo com a perda de tempo de Aru e Bardet, continua tudo em aberto.
Este domingo é uma daquelas etapas praticamente sem quilómetros plano, excepto os primeiros. Com a exigência e muita emoção desta segunda semana, é difícil perceber se haverá intenções de mexer novamente na geral, ou se os candidatos vão esperar antes pelas decisões finais, ou seja, pelas muito exigentes etapas nos Alpes na quarta e quinta-feira. É um bom dia para Alberto Contador tentar a sua etapa, talvez...
Matthews venceu e manda mensagem a Kittel
Foi difícil não pensar em Peter Sagan nesta 14ª etapa. Aquela chegada a Rodez assentaria às suas características, tal como a Michael Matthews e Greg van Avermaet. O eslovaco já lá não anda depois da polémica decisão da organização em o mandar para casa após o incidente com Mark Cavendish. Houve espectáculo mesmo sem Sagan e Matthews não desperdiçou a oportunidade para vencer a sua segunda etapa no Tour, repetindo o sucesso de 2016. Porém, este triunfo tem importância acrescida. Com Marcel Kittel a ficar para trás, o australiano aproveitou para se aproximar do alemão na luta pela classificação dos pontos. São 101 pontos a separá-los. A missão está difícil, mas Kittel terá recebido a mensagem que não pode facilitar. Tem uma vantagem confortável, mas Matthews não vai baixar os braços.
Foi a segunda vitória consecutiva da Sunweb, depois da de sexta-feira de Warren Barguil. A equipa alemã está a viver um ano de sonho nas grandes voltas. Conquistou o Giro, já soma duas vitórias no Tour, Barguil está num bom caminho para ser o rei da montanha e Matthews mantém o seu objectivo vivo. 2017 marca definitivamente a mudança de planos desta formação, que irá apostar cada vez mais em classificações nas grandes voltas em detrimento da época das clássicas e nos sprints (não totalmente neste último caso).
Veja aqui o resultado da 14ª etapa e as classificações.
Foi difícil não pensar em Peter Sagan nesta 14ª etapa. Aquela chegada a Rodez assentaria às suas características, tal como a Michael Matthews e Greg van Avermaet. O eslovaco já lá não anda depois da polémica decisão da organização em o mandar para casa após o incidente com Mark Cavendish. Houve espectáculo mesmo sem Sagan e Matthews não desperdiçou a oportunidade para vencer a sua segunda etapa no Tour, repetindo o sucesso de 2016. Porém, este triunfo tem importância acrescida. Com Marcel Kittel a ficar para trás, o australiano aproveitou para se aproximar do alemão na luta pela classificação dos pontos. São 101 pontos a separá-los. A missão está difícil, mas Kittel terá recebido a mensagem que não pode facilitar. Tem uma vantagem confortável, mas Matthews não vai baixar os braços.
Foi a segunda vitória consecutiva da Sunweb, depois da de sexta-feira de Warren Barguil. A equipa alemã está a viver um ano de sonho nas grandes voltas. Conquistou o Giro, já soma duas vitórias no Tour, Barguil está num bom caminho para ser o rei da montanha e Matthews mantém o seu objectivo vivo. 2017 marca definitivamente a mudança de planos desta formação, que irá apostar cada vez mais em classificações nas grandes voltas em detrimento da época das clássicas e nos sprints (não totalmente neste último caso).
Veja aqui o resultado da 14ª etapa e as classificações.
Résumé - Étape 14 - Tour de France 2017 por tourdefrance
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