Froome solitário, não para a vitória, mas para uma derrota inesperada:
perdeu a camisola amarela (Fotografia: ASO/Pauline Ballet) |
Froome cedeu! Deixou muitos de boca aberta. Cedeu de tal maneira que perdeu uma camisola amarela que tem tendência a mantê-la desde que a consegue vestir (só por uma vez a tinha perdido, mas para Tony Martin e nunca para um rival). São apenas seis segundos, é certo, mas são seis segundos que dão uma motivação enorme a quem o quer bater. Será uma nova posição para a Sky, tão habituada a controlar. Virá a resposta já esta sexta-feira? Ou será antes a etapa perfeita para Aru e Bardet tentarem fazer o britânico tremer ainda mais?
No dia da tomada da Bastilha, dia de França, o 14 de Julho carrega sempre um sentimento especial, principalmente para os ciclistas franceses. A organização tem por hábito colocar uma etapa que represente no ciclismo esse dia de orgulho nacional. Este ano foi escolhida uma tirada "canhão". Depois de 214,5 quilómetros, a 13ª etapa será de apenas 101. Três contagens de primeira categoria, sem chegada em alto. Não haverá tempo para controlos, não haverá tempo para pensar. O percurso foi desenhado para proporcionar o ataque e contra-ataque. Pode não ser uma etapa como a de domingo passado, longe disso, mas tem potencial para fazer diferenças e dar espectáculo. Se alguém passar mal...
Chris Froome admitiu que não teve desculpas para perder a camisola amarela. Faltou-lhe as pernas, disse depois de elogiar o trabalho da equipa. Mesmo sem Geraint Thomas, que abandonou no domingo após uma queda, Froome chegou ao fim acompanhado por um colega. Mikel Landa é o novo braço direito, mas a relação não deverá ser tão próxima como com Thomas. Quando Aru, Bardet e Rigoberto Uran atacaram naqueles metros finais - que para Froome mais pareceram quilómetros - Landa não ficou com o seu líder. Foi discutir a etapa. Junto ao autocarro da Sky viu-se imagens do director desportivo Nicolas Portal a falar com o ciclista basco. Não parecia satisfeito. Segundo o jornal As, Landa ter-se-á defendido dizendo que tentou disputar a vitória. Foi quarto a cinco segundos de Romain Bardet, enquanto Froome perdeu 22 e a camisola amarela, ao que se junta as bonificações que os adversários ganharam e que beneficiaram Aru para chegar à liderança.
Esta Sky não é a mesma. Forte, mas com brechas, como já demonstrou noutra etapa quando se desfez aos primeiros ataques. Os adversários de Froome, mais irreverentes que Quintana - que se afundou mais um pouco na classificação -, já se aperceberam da fraqueza. Este Tour terá outra história. No final tudo poderá acabar igual, mas abre-se a esperança que pelo menos a indefinição seja maior. Até a vitória de Froome terá outro brilho, se lá conseguir chegar, claro.
A felicidade de Aru e a táctica de Chris Froome
Fabio Aru era só sorrisos. Há um ano estreou-se no Tour e foi para esquecer. Em 2017 queria vencer o Giro100, mas uma queda num treino afastou-o da corrida. Pelo meio a Astana ia vivendo um autêntico pesadelo. Poucas vitórias e a morte de Michele Scarponi abateram uma equipa habituada aos sorrisos que hoje se viram. Custou, mas os ciclistas da Astana vão reencontrando as razões para celebrar. O melhor Aru está neste Tour, fazendo até esquecer que Jakob Fuglsang - que era suposto ser o líder antes do italiano cair e ficar fora do Giro, indo antes à Volta a França - deu um valente trambolhão na classificação. Mais de 27 minutos perdidos e com duas fracturas no braço... Abandonar poderá ser uma opção em cima da mesa, se o dinamarquês não estiver em condições de sequer ajudar Aru.
Foi a terceira vitória na carreira de Romain Bardet no Tour
(Fotografia: ASO/Pauline Ballet)
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Depois há um Rigoberto Uran que já fala como a amarela está cada vez mais próxima. Foi segundo, mas a felicidade durou pouco. O ciclista da Cannondale-Drapac foi penalizado em 20 segundos por ter recebido abastecimento a cinco quilómetros do fim, algo que não é permitido. São 55 segundos os que o separam da liderança.
Quanto a Chris Froome, a época foi apagada, pouco convincente. O britânico defendeu-se dizendo que estava a preparar o Tour de forma diferente. Um dos planos era conseguir estar mais forte na terceira semana. Froome tremeu um pouco em anos anteriores na recta final, mas a diferença foi sempre suficiente para segurar a vitória. A forma como está a decorrer a Volta a França em 2017, é mesmo bom que Froome esteja ao melhor nível na terceira semana senão quiser ver o seu quarto triunfo escapar-lhe. Aru e Bardet sentiram e viram a fraqueza do britânico, o que poderá significar que terminou aquela forma de correr à espera de ver o que faz Froome e a Sky. Chegou a altura de ver como Froome e a Sky reagem.
Veja aqui os resultados da 12ª etapa e as classificações, num dia marcado pelo definitivo adeus de Alberto Contador à geral. O próprio admitiu finalmente que irá tentar ganhar pelo menos uma etapa.
Résumé - Étape 12 - Tour de France 2017 por tourdefrance
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