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Se há forma perfeita de colocar um ponto final numa polémica que poderia (e deveria) ter sido evitada, é ganhar e ganhar de forma muito convincente. A primeira reacção de Alejandro Valverde foi logo na terceira etapa, um dia depois do contra-relógio colectivo no qual a Movistar foi avassaladora, mas acabou penalizada por alegados empurrões de José Joaquín Rojas a dois companheiros. Valverde venceu a tirada e hoje repetiu a dose, conquistando a etapa rainha e vestindo a camisola da liderança da Volta à Catalunha, que lhe tinha sido retirada naquele estranho dia.
Chamam-lhe "Bala" e aos 36 anos o espanhol continua a confirmar a alcunha que tem. Quando disparou no último quilómetros, nem Chris Froome (Sky), nem Alberto Contador (Trek-Segafredo) conseguiram responder. Já quando venceu na terceira etapa, Valverde recusou falar em vingança pela decisão dos comissários em penalizar em um minuto a equipa. A dois dias do final da corrida, Valverde passou de um minuto a mais, para 21 segundos de vantagem sobre Chris Froome. A BMC, que foi quem mais beneficiou da polémica decisão, vê agora Tejay van Garderen a 1:18 minutos, com o americano a falhar mais uma vez no momento em que tinha de demonstrar que pode estar ao lado dos melhores.
Independentemente do que venha a acontecer nos quilómetros que faltam na Volta à Catalunha, fica o sentimento de justiça ao se ver Valverde como líder. A polémica não será esquecida, ainda mais quando se aplicou tão cegamente uma regra, mas fechou-se os olhos a outra quando Van Garderen tirou o capacete momentaneamente na quarta etapa, mas não foi sancionado. A discussão sobre a aplicação do regulamento será um assunto que não ficará por aqui, mas a brilhante exibição de Valverde terá o condão de definitivamente recolocar a atenção onde ela deve estar: na estrada, onde os ciclistas estão a dar muito espectáculo na Catalunha.
Uma palavra ainda para Marc Soler. Parece que estamos a assistir à confirmação de mais um grande ciclista da nova geração espanhola. O vencedor da Volta a França do Futuro em 2015 está a confirmar as expectativas criadas e nesta Volta à Catalunha tem estado brilhante na ajuda a Valverde, mas também em conseguir boas classificações pessoais, que lhe valem neste momento a liderança na classificação da juventude. Já no Paris-Nice tinha mostrado estar a bom nível e tem apenas 23 anos. Soler é mais um ciclista que tem todo o potencial para começar a silenciar as vozes pessimistas que consideram que não há sucessores com capacidade de estar ao nível do legado de Valverde, Contador e do já retirado Joaquim Rodríguez.
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