(Fotografia: Facebook Team Sky) |
A investigação à conduta da Sky, que está a ser alvo de suspeita de um caso de doping que envolve Bradley Wiggins, está a começar a afectar os ciclistas. A situação não morreu rapidamente como os responsáveis pensavam que aconteceria e a justiça britânica continua a pressionar para tentar comprovar o que continha o pacote entregue a Wiggins num Critérium du Dauphiné, procurando também perceber como trabalha a equipa a da administração de medicamentos aos atletas. Para surpresa dos investigadores, não há documentos e perante as respostas pouco ou nada esclarecedoras do director Dave Brailsford, o caso parece estar para durar e os ciclistas não estão a gostar do desvio das atenções e já ponderam pedir ao homem forte da Sky que abandone o cargo, para que a formação possa voltar a concentrar-se exclusivamente nas corridas.
Inevitavelmente, o arrastar da investigação só está a agravar as suspeitas que recaem sobre a equipa, ou seja, sobre os próprios ciclistas. Com o domínio que a Sky tem demonstrado, principalmente na Volta a França, as alegações de doping não são novas, mas até agora nunca houve qualquer prova de comportamento incorrecto. Porém, o caso que envolve Wiggins - que também não tem falado sobre o assunto - começa a tornar-se preocupante. Para uma equipa que se tornou um exemplo de como pensar em todos os pormenores minuciosamente para ganhar vantagem, a falta de pormenores documentados sobre os medicamentos dados a Wiggins estão a ser difíceis de perceber.
Um dos ciclistas da equipa disse ao site Cycling News que "há uma preocupação do impacto que isto pode ter na época e a distracção é de Dave Brailsford e de outros responsáveis". O corredor não quis que o seu nome fosse divulgado, mas admitiu que já os alguns atletas ponderam pedir que Brailsford deixe a Sky.
Contudo, se no imediato poderia resolver o problema da distracção, a curto prazo poderia custar a continuidade da Sky, pois fica a dúvida de que até que ponto uma saída de Brailsford poderá ser vista como uma admissão de culpa... Nicolas Portal, outro dos directores da formação, salientou ao mesmo site que o patrocinador apoia o projecto a 100%. Mas começa a ser impossível esconder algum mal-estar entre os ciclistas. Chris Froome tem tentado manter-se à parte, mas quando a polémica rebentou, com nome dele a ser inicialmente envolvido, o britânico rapidamente defendeu a necessidade de ser perceber muito bem como estão a ser utilizadas as Excepções de Uso Terapêutico (TUE, sigla em inglês). Apesar de não se referir concretamente à sua equipa, a verdade é que as são TUE que estão na base do caso que agora afecta a Sky.
Com o ciclismo a tentar provar que a "era Lance Armstrong" faz parte de um passado sombrio, os patrocinadores actuais, seja de que equipa for - não irão admitir qualquer "deslize". Sendo Brailsford o homem forte da Sky, uma possível saída poderá abanar com a confiança de quem está a pagar, ainda mais se as (poucas) explicações continuarem a não ser comprovadas. Ninguém quer acreditar que é possível um projecto como o da Sky terminar, mas na Grã-Bretanha (e não só) exigem-se conclusões da investigação. E rápido. A história do ciclismo tem vários exemplos do "ninguém quer acreditar" - Lance Armstrong e o uso disseminado de doping nos anos 90, o caso Festina no início dessa década... - e nenhum acabou bem para a modalidade.
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