17 de março de 2017

"Sair da Europa e passar para o outro lado do Atlântico é sempre uma aventura"

Aos 29 anos, Ricardo Vilela deixou de ser "apenas" mais um ciclista de uma equipa. O português aceitou o desafio de uma formação colombiana que procurava na Europa corredores experientes, não só para serem líderes nas corridas, mas também para assumirem uma função de professor para os jovens que a Manzana Postobón pretende formar. "Eu gosto deste papel", admitiu Ricardo Vilela ao Volta ao Ciclismo, deixando ainda elogios a um projecto ambicioso e que o ciclista de Bragança garante ter todas as condições para evoluir e atingir os objectivos a que se propôs.

"Ainda não tem uma grande estrutura, mas estão num bom caminho. Os jovens, por exemplo, já fazem um trabalho muito apoiado na ciência, como concentrarem-se na potência, entre outros pormenores. É muito positivo o que está a acontecer aqui", explicou Ricardo Vilela. "A ambição é grande, mas a equipa tem estrutura para isso. A Manzana Postobón é uma grande empresa na Colômbia, patrocina vários desportos no país e agora está a apostar forte no ciclismo. Esperemos que assim continue", acrescentou. A equipa surge para voltar a dar à Colômbia uma formação que possa projectar os seus ciclistas como aconteceu com a extinta Team Colombia, então apoiada pelo governo do país.

Por isso, muitos dos ciclistas são sub-23 colombianos, o que fez os responsáveis procurarem ciclistas mais experientes. E como equipa Profissional Continental, correr na Europa é o plano principal. Ricardo Vilela é dos mais velhos, a seguir ao espanhol Antonio Piedra (31), que tal como o português passou pela Caja Rural. O holandês Jetse Bol (27), que chegou a passar pelo World Tour, completa o trio europeu.

"A ambição é grande, mas a equipa tem estrutura para isso. A Manzana Postobón é uma grande empresa na Colômbia, patrocina vários desportos no país e agora está a apostar forte no ciclismo"

Depois de se confirmar como um dos melhores trepadores em Portugal, ao serviço de algumas das principais equipas (Boavista, Efapel e OFM-Quinta da Lixa), Ricardo Vilela deu o salto esperado para o estrangeiro, representando nos últimos dois anos a Caja Rural. Conseguiu alguns resultados interessantes, fez uma Volta a Espanha, mas ao fim de dois anos, Vilela resolveu arriscar assinar por um projecto diferente, mas muito motivador.  "Sair da Europa e passar para o outro lado do Atlântico é sempre uma aventura. Mas está a ser uma boa experiência", confessou o ciclista.

Apesar do papel de professor que os responsáveis da equipa lhe pediram, na Manzana Postobón Vilela tem mais liberdade, até porque é um dos líderes. Já correspondeu com uma boa Volta ao Algarve, terminando na 17ª posição, com a formação colombiana a conquistar ainda a classificação da montanha por intermédio de Juan Felipe Osorio (22 anos). Na Volta ao Alentejo o português esteve mais discreto, algo normal tendo em conta o terreno menos favorável às suas características, mas ainda assim viu um colega seu, Juan Sebastian Molano (22), ganhar duas etapas.

Vilela fala em ir "para o outro lado do Atlântico", mas refere-se apenas em estar numa equipa colombiana, pois o seu calendário é, para já, exclusivamente europeu. A Manzana Postobón queria neste seu primeiro ano tentar participar em algumas corridas World Tour e conseguiu um convite para a Volta a Catalunha e claro que lá estará Vilela. "Vamos depois estar na Volta às Astúrias, Madrid e outras clássicas em Espanha, assim como corridas na Noruega e França", disse o ciclista. Mas será que gostava de fazer uma prova na casa da sua equipa? "Depende como terminar a época", respondeu. Porém, agora é altura de se concentrar em cumprir as suas funções num projecto que diz "estar a dar os primeiros passos" e que Vilela espera conseguir contribuir para que a equipa possa adaptar-se rapidamente à realidade do ciclismo europeu e começar a conquistar triunfos ainda mais importantes.


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