Alguns adeptos quiseram tirar fotografias com os ciclistas da Bardiani,
algo que os animou depois do choque da noite anterior (Fotografia: Twitter Bardiani-CSF) |
Vontade não faltou a Mauro Vegni. O director da Volta a Itália optou esperar e não expulsar a Bardiani-CSF da competição quando soube dos testes positivos de doping de Stefano Pirazzi e Nicola Ruffoni. Vegni vai aguardar para conhecer o resultados das contra-análises antes de agir. Esta decisão fez com que a equipa se mantivesse no Giro, ainda que tenha partido apenas com sete corredores. Porém, o responsável deixou o aviso que caso o resultado volte a ser positivo poderá processar a equipa. Do outro lado está um director desportivo furioso com o que aconteceu. Antes do arranque da primeira etapa admitiu que até chorou.
"Em teoria eu poderia tê-los mandado para casa. No entanto, decidi esperar pelos resultados da contra-análise porque se vier negativa eu poderia enfrentar um processo legal por queixa deles [Bardiani-CSF]", explicou Mauro Vegni. O responsável acrescentou que "o mal está feito" e que agora irá ver quais "serão as reais consequências quando se chegar ao final do processo". "Se chegarmos ao fim do Giro e os [testes] positivos forem confirmados, eu posso processá-los por danos", salientou.
Pirazzi e Ruffoni foram suspensos provisoriamente pela UCI até serem conhecidos os resultados da contra-análise. Porém, este poderá ser apenas o início de um pesadelo para a Bardiani-CSF. A equipa não se livra de no imediato estar a competir sob suspeita, ainda que no início da corrida esta sexta-feira, os ciclistas não foram alvos de comentários, assobios, nenhuma atitude mais ofensiva. Pelo contrário, alguns adeptos até pediram aos sete corredores para tirarem umas fotografias. No entanto, se provavelmente se livrou de uma expulsão do Giro, caso se confirme as duas análises de doping, a Bardiani-CSF pode ser suspensa entre 15 a 45 dias, já que são dois ciclistas da mesma equipa. Pode enfrentar um processo na justiça por parte da organização da Volta a Itália e perante os problemas que as equipas naquele país estão a ter para garantir patrocinadores, cresce o receio da Bardiani-CSF correr o risco de fechar portas, apesar de no momento o discurso ser que há um apoio total de quem a patrocina.
Ainda é cedo para especular algo tão radical, pois para já a preocupação de Stefano Zanatta, director da equipa, é garantir que a imagem da Bardiani-CSF não fique demasiado manchada. Zanatta salientou que esta é uma equipa de formação, que tenta ajudar jovens italianos para que estes possam chegar a equipas do World Tour, como aconteceu este ano com Sonny Colbrelli.
Zanatta falou ainda sobre o choque que foi receber a notícia dos dois casos de doping. "Eles [Pirazzi e Ruffoni] não percebem o projecto que temos. Ontem à noite não falei muito com eles porque estava muito zangado. Trabalhámos tanto nesta equipa e tenho a certeza que as pessoas estão a dizer coisas más sobre nós", desabafou. Zanatta confessou mesmo que ficou muito emocionado com tudo o que estava a acontecer, de tal forma que até chorou.
O trabalho de Zanatta é reconhecido por Vegni que também refere a importância que a Bardiani-CSF tem no ciclismo italiano. O director do Giro considera que não é só a imagem da corrida que pode ficar manchada, mas também a do ciclismo italiano.
Colbrelli foi o mais recente ciclista a "dar o salto" para o World Tour depois de ter evoluído na Bardiani-CSF. Assinou pela Bahrain-Merida e já começou a somar vitórias. Mas o historial desta equipa comprova como tem um grande peso no ciclismo transalpino. Por lá passaram Sacha Modolo (UAE Team Emirates), Domenico Pozzovivo (AG2R), Enrico Battaglin (Lotto-Jumbo) e Gianluca Brambilla (Quick-Step Floors).
Apesar de ser um ciclista que se mostra muito nas corridas em que participa, Stefano Pirazzi (30 anos). nunca passou para o World Tour, mas construiu uma carreira na equipa italiana, que faz dele um dos ciclistas mais populares no país. Já Ruffoni esteve em destaque em 2016 com três vitórias e já este ano conquistou duas etapas na Volta à Croácia. Esses dois triunfos não estão em causa, pois as amostras recolhidas aos ciclistas realizaram-se no dia 25 e 26 de Abril, respectivamente, ou seja, já depois do final da corrida.
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