19 de maio de 2017

"Aquecimento" feito. Chegou o momento das decisões na Volta a Itália

(Fotografia: Giro d'Italia)
Faltam oito etapas. Segunda-feira é dia de descanso e bem que os ciclistas vão precisar para ganharem fôlego para uma semana brutal, com muita montanha e tudo por decidir na geral. Porém, Tom Dumoulin vai começar já no fim-de-semana a ter muito trabalho para manter a maglia rosa, ou então para se manter na disputa da vitória, já que com o contra-relógio no derradeiro dia, o holandês da Sunweb terá como principal preocupação garantir que, pelo menos, não perde demasiado tempo, sabendo que poderá muito bem recuperar no esforço individual.

Acabaram-se os testes, tentar ver quem está bem, ou quem não está à altura do momento. Ou seja, chega de "aquecimentos", agora é a doer! Com o brilhante contra-relógio de Dumoulin na terça-feira, todos os restantes candidatos têm muito a recuperar, pelo que dificilmente poderão apontar as baterias a uma ou duas etapas, pois além de terem de eliminar a desvantagem, todos sabem que têm de ganhar algum tempo se querem ficar mais tranquilos no tal contra-relógio final.

Recapitulando. Chegamos à fase decisiva do Giro100 com Tom Dumoulin de rosa, com Nairo Quintana a 2:23 minutos, Bauke Mollema a 2:38, Thibaut Pinot a 2:40, Vincenzo Nibali a 2:47. A partir do sexto lugar estão todos a mais de três minutos, mas pode conferir aqui a classificação geral. Ou seja, todos contra Dumoulin. A grande curiosidade acaba por ser se serão feitas alianças, mas também como irá a Movistar jogar com o facto de ter Andrey Amador no sexto posto, a 3:05 da liderança. O ciclista da Costa Rica poderá muito bem ser uma cartada da equipa espanhola. Mesmo que o objectivo seja ganhar com Quintana, um ataque de Amador obrigará sempre a uma resposta, ainda mais tendo em conta que se defende bem no contra-relógio.



Terça-feira será a etapa rainha, com a subida ao Mortirolo e Stelvio, a Cima Coppi do Giro (ponto mais alto). Mas vamos concentrar-nos num fim-de-semana que não deverá ser nada sossegado para Dumoulin, ao contrário das últimas duas etapas... Este sábado será uma tirada canhão, apenas 131 quilómetros, grande parte planos até à subida final. Serão 12 quilómetros intensos. Não é a subida mais difícil, mas será uma boa altura para começar a tentar assustar Dumoulin. Até começa de forma suave, mas vai chegar aos 13% de pendente, com os últimos quilómetros a variarem entre os 8% e os 11%.



O Giro100 tem homenageado algumas das grandes figuras do ciclismo italiano e Oropa será a "Montanha Pantani". Em 1999, o Pirata venceu naquela subida, numa exibição que ficou conhecida como a remontada do século. Ainda antes do início da ascensão a Oropa, a corrente da bicicleta de Marco Pantani, que vestia a maglia rosa, bloqueou. Perdeu cerca de meio minuto e na frente da corrida ninguém abrandou, com o grupo de favoritos a subir a um ritmo muito elevado. Pantani teve a ajuda de companheiros da Mercatone Uno para regressar à frente da corrida, mas o Pirata fez mais do que isso. Os outros iam rápido, Pantani parecia que ia de moto. Passou por todos, cortou a meta e não festejou, pois não tinha a certeza se lhe tinha escapado alguém. Mas ganhou mesmo, à frente de nomes como Laurent Jalabert, Gilberto Simoni e Ivan Gotti. Dias depois Pantani seria excluído do Giro devido a um controlo positivo. Faltava apenas uma etapa para acabar o Giro. O ciclista entraria numa espiral descendente que acabaria com a sua morte em 2004.

No domingo as dificuldades serão diferentes. Uma segunda e terceira categoria nos 50 quilómetros finais, com mais uma subida não categorizada perto da meta. Juntam-se as descidas e temos uma etapa que agradará a Vincenzo Nibali.

Dumoulin demonstrou que está feito um trepador e que ninguém se aproxima das suas qualidades de contra-relogista neste Giro. Porém, será a altura de descobrir como irá lidar com ataques e contra-ataques, além de como recuperará de dia para dia. E vamos descobrir também se a Sunweb está à altura do tremendo desafio que tem pela frente, ainda mais quando já perdeu Wilco Kelderman naquela queda provocada por uma moto da polícia, no Blockhaus.

Fernando Gaviria somou a quarta vitória e tem a maglia ciclamino quase garantida
(Fotografia: Giro d'Italia)

Esta sexta-feira não podia ter sido uma etapa mais banal. Completamente plana, sem uma única contagem de montanha, seria muito estranho que não terminasse ao sprint. Foi a última etapa para este tipo de ciclistas, pelo que todos se apresentaram na frente para lutarem por uma vitória. Fernando Gaviria (Quick-Step Floors) até partiu bem de trás, mas teve a capacidade para passar todos e garantir a quarta vitória de etapa no Giro, a sua primeira grande volta. Igualou a marca de Bernard Hinault, que também alcançou quatro vitórias na sua estreia numa grande volta.

O colombiano tem 22 anos e um enorme potencial para se tornar um dos melhores sprinters, mas também há que ver como irá evoluir em corridas de um dia, tendo já admitido querer igualmente apostar. A maioria dos sprinters tinha as malas feitas para ir para casa, mas Gaviria irá agora tentar chegar ao fim do Giro para assim garantir a maglia ciclamino. Jasper Stuyven até foi terceiro, mas já são 123 pontos os que o separam de Gaviria.

O principal foco da etapa, além da vitória de Gaviria, foi o abandono de Geraint Thomas, que nem esteve à partida. O britânico da Sky vai regressar a casa para recuperar das lesões provocadas pela queda no domingo e começará depois a pensar na preparação para o Tour, onde estará mais uma vez ao lado de Chris Froome.

Veja aqui os resultados da 13ª etapa do Giro, 167 quilómetros entre Reggio Emilia e Tortona.


Giro d'Italia 2017 - Stage 13 - Highlights por giroditalia


»»Sprinters de malas feitas. Só deverá restar o super Gaviria««

»»E a vitória ali tão perto para Rui Costa««

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