10 de abril de 2021

Jakobsen e o sentimento de neo-pro no regresso à competição

© Deceuninck-QuickStep
Oito meses depois Fabio Jakobsen está de volta a uma corrida. Foram semanas e semanas de incerteza, mas com o ciclista e quem o apoiou a acreditar que era possível regressar e retomar o seu lugar de destaque no pelotão internacional. Talvez este último ponto ainda não seja para já, afinal o próprio admite que se sente como um neo-pro, acabadinho de chegar a este nível de ciclismo!

"Para alguém que esteve fora da competição durante vários meses é sempre algo um pouco excitante e assustador e estás um pouco nervoso. Penso que será bom regressar ao pelotão e habituar-me ao ritmo", realçou Jakobsen, em declarações que antecederam o seu regresso às corridas, este domingo, na Volta à Turquia.

"Penso que tentarei ser um ciclista normal na equipa. Sinto-me um pouco como um neo-pro", confessou, reiterando aquele que será o seu objectivo para esta primeira prova após a violenta queda no início de Agosto de 2020, na Volta à Polónia: "O meu objectivo é ajudar a equipa, terminar os oito dias [serão agora sete] e habituar-me novamente à vida de profissional. Correr, recuperar, comer, pôr todo o sistema a acostumar-se a corridas de bicicletas, que é algo que não é o mesmo que uma vida normal. Estou aqui para me habituar à vida de um ciclista profissional outra vez."

Com o trabalho de casa feito, entenda-se treino e recuperação, Jakobsen salientou como precisa de corridas para melhorar a sua forma e, claro, para se testar. O holandês está curioso para saber como irá o seu corpo reagir quando se vir na confusão e no perigo de um sprint. "Vou estar no pelotão, no quilómetro final, pela primeira vez [desde a queda]. No passado consegui fazê-lo e espero que o possa fazer outra vez. No início não vai ser tão fácil como antes, mas penso que com o tempo irá melhorar", referiu.

Apesar de confessar o quanto gostaria de alcançar uma vitória esta temporada, ainda que não saiba ao certo que outras corridas irá disputar, não hesita em dizer como o que agora mais quer é ajudar Mark Cavendish na Volta à Turquia. O britânico também anda numa senda por conquistar um triunfo, mas por razões bem diferentes. 

Além destes dois sprinters, a Deceuninck-QuickStep chamou ainda outro, Álvaro Hodeg e ainda Shane Archbold, Iljo Keisse e Stijn Steels.

Jakobsen garantiu que não se importa de ajudar Cavendish. O holandês disse que só irá ao sprint se for para ganhar e não acredita que tal possa acontecer na Turquia, onde até já ganhou uma tirada.

"O meu corpo ainda tem de se habituar às corridas, por isso, pode acontecer que nos últimos 10 quilómetros as minhas pernas estejam um pouco vazias ou a minha concentração não esteja lá porque tenho de construir tudo de novo. Acho que no início é com os outros ciclistas [companheiros de equipa]." E perante estas dúvidas de como irá o corpo reagir, Jakobsen só pensa em chegar ao fim das etapas, pois realçou como só assim poderá de facto ajudar a Deceuninck-QuickStep.

Aos 24 anos, Jakobsen dá mais um passo na retoma de uma carreira que ficou em pausa depois de na disputa de um sprint com Dylan Groenewegen, o ciclista da Jumbo-Visma ter-se desviado da sua trajectória, atirando o compatriota contra as barreiras. Estas não suportaram o choque e foi o caos.

Jakobsen passou por cima delas, caiu desamparado junto ao pórtico da meta, atingido uma pessoa que se encontrava no local. Contusão cerebral, fractura no crânio, perdeu vários dentes, cortes no rosto, lesões nas cordas vocais e contusão pulmonar... a lista de lesões assustou e o ciclista esteve alguns dias em coma induzido.

2020 prometia, com o ciclista a somar três vitórias em quatro corridas - incluindo uma etapa na Volta ao Algarve, conquistando também a camisola dos pontos -, antes e depois do confinamento. Acabaria por ficar com um quarto triunfo, pois com Groenewegen a ser desqualificado, Jakobsen ficou com o primeiro lugar naquela primeira etapa na Polónia. No meio da confusão e aparato, o ciclista cortou meta.

Groenewegen foi suspenso por nove meses, podendo regressar a 7 de Maio. O ciclista sempre lamentou o sucedido, chegando mesmo a admitir o quanto ia ser difícil regressar, numa entrevista em que não evitou as lágrimas. Mais tarde, ao conhecer a sanção, aceitou-a e considerou que o que tinha acontecido era uma "página negra" na sua carreira: "Peço desculpa, porque quero ser um sprinter justo. As consequências foram infelizmente muito sérias. Tenho a consciência disso e espero que isto tenha sido uma lição para todos os sprinters."

Já quanto à situação das barreiras, que levantaram muitas dúvidas dado a forma como se espelharam pela estrada aquando do embate de Jakobsen, provocando inclusive mais quedas, a organização não sofreu qualquer sanção.

A Deceuninck-QuickStep vê assim regressar um dos ciclistas que mais vitórias vinha conquistando, apesar da sua juventude e agora aguarda-se pela outra notícia: quando veremos Remco Evenepoel em acção? Tem o Giro no seu calendário, mas até 8 de Maio (quando arranca a grande volta), ainda não há notícias em que corrida irá voltar, depois da queda na Lombardia.

Nota: A primeira etapa da Volta a Turquia foi dada como cancelada devido ao mau tempo na partida, mas a organização acabou por alterar o local e começar assim a corrida como previsto este domingo.

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