28 de fevereiro de 2021

A afirmação de Pedersen no pós-título mundial

© Trek-Segafredo
Mads Pedersen vestiu a camisola de campeão do mundo no pior ano! A pandemia fez com que não pudesse desfrutar daquele símbolo como merecia. Ainda assim, nunca desmoralizou e só quis mostrar-se com a camisola do arco-íris nas oportunidades que surgissem. No calendário possível em 2020, Pedersen conseguiu o seu destaque. Esteve perto de ganhar na Volta a França, venceu no BinckBank Tour e, naquele que foi certamente o ponto alto, conquistou a Gent-Wevelgem, que se realizou em Outubro. É neste terreno, das clássicas do pavé, que Pedersen tem vindo a ganhar nome. O título mundial em Yorkshire foi uma surpresa e este dinamarquês conquistou o que muitos esperam uma carreira para alcançar - que o diga Alejandro Valverde - e agora, aos 25 anos, prossegue a sua afirmação.

Talvez a idade tenha ajudado a Pedersen a enfrentar a sua época como campeão do mundo em título de forma muito descontraída. Não pareceu sucumbir à pressão, como aconteceu a outros ciclistas e que deu azo à chamada "maldição". Ou seja, quem veste as cores do arco-íris não consegue ganhar. O dinamarquês ganhou e até deu um passo em frente na carreira. Demonstrou que, não sendo sprinter, podem contar com ele para se intrometer nestas discussões. Este domingo, na Kuurne-Bruxelles-Kuurne (197 quilómetros) foi assim que venceu.

Não enfrentou os sprinters puros, é certo. Porém, Pedersen está a confirmar as expectativas criadas quando em 2018 foi uma das figuras das clássicas do pavé, tendo sido segundo na Volta a Flandres. Andou um pouco discreto depois dessa fase, mas o título mundial despertou algo no dinamarquês que o está a levar a afirmar-se no terreno que tão bem lhe assenta, além de também aprimorar o sprint.

Para a Trek-Segafredo é uma alívio ver Pedersen confirmar o seu potencial. Desde que Fabian Cancellara se retirou, que a equipa não conseguiu alcançar o destaque de então nas clássicas. Jasper Stuyven é um ciclista de enorme qualidade, contudo, escasseiam as vitórias. A aposta em John Degenkolb foi completamente falhada e Pedersen foi o jovem que desde 2017 foi sendo trabalhado para que possa ser uma referência. Ninguém pede que seja um Cancellara, mas a Trek-Segafredo quer um forte candidato e que possa assegurar mais vitórias.

No sábado, a equipa teve uma Omloop Het Niewsblad para esquecer, mas, ainda assim, o início de época está a ser promissor para a Trek-Segafredo, já com quatro vitórias, incluindo a de Pedersen na Kuurne-Bruxelles-Kuurne. Stuyven será sempre um líder, mas é no dinamarquês que se vai centrar muita atenção nesta fase de clássicas do pavé. E Stuyven até já faz de lançador do colega. Os dois juntos, podem dar à formação americana um mês de Março e Abril de sucesso.

Pedersen começou a carreira em grande com um título mundial, mas agora quer cumprir o objectivo de ser um vencedor de uma Volta a Flandres, ou de um Paris-Roubaix, no que a monumentos diz respeito. Stuyven não desiste de procurar o que muitos previram que tinha tudo para conquistar. Uma dupla de respeito na Trek-Segafredo.

Cuidado com Pidcock

É caso para dizer que entrou com tudo! Depois de na Omloop Het Niewsblad ter sido protagonista de uma boa recuperação para o grupo da frente, demonstrando que está preparado para rapidamente se afirmar naquele que é o seu primeiro ano no World Tour, Thomas Pidcock mostrou como é mentalmente.

No sábado, fez uma boa corrida, mas uma queda perto do fim estragou-lhe os planos de discutir a vitória. Como reagiu? No domingo esteve sempre atento às muitas movimentações na Kuurne-Bruxelles-Kuurne, não se intimidou com os ciclistas mais experientes a tentarem tirar-lhe o bom posicionamento e atacou o sprint final. Primeiro pódio (terceiro) desde que chegou à Ineos Grenadiers e logo na terceira corrida.

Apesar de não querer centrar a sua carreira apenas nas clássicas, é, para já, nestas corridas em que se espera ver este campeão de ciclocrosse mostrar como pode ser mais um ciclista que, ao concentrar-se na estrada, pode tornar-se num grande nome da modalidade.

Mathieu van der Poel é um desse exemplos. O holandês tentou uma fuga a 80 quilómetros da meta, apanhou o grupo que ia na frente, mas a 1600 metros da meta foi apanhado. É o ciclista da Alpecin-Fenix a dar espectáculo, como se gosta, mas a não conseguir o resultado desejado, o que no final é o mais importante.

Pidcock, que na temporada de ciclocrosse foi consecutivamente batido por Van der Poel, vai dando os seus passos para se juntar à nova elite na estrada, que durante os próximos anos promete umas clássicas de muita emoção.

Na  Kuurne-Bruxelles-Kuurne esteve presente um português. André Carvalho (Cofidis) não conseguiu desta feita terminar a corrida, mas terça-feira terá nova oportunidade, na prova de Le Samyn.

Classificação completa da Kuurne-Bruxelles-Kuurne, via ProCyclingStats.

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