1 de fevereiro de 2021

União entre uma equipa e um ciclista que tanto querem ganhar novamente a Volta a Portugal

© Federação Portuguesa de Ciclismo
Gustavo Veloso está há cinco anos a tentar uma muito desejada conquista da sua terceira Volta a Portugal. Em Tavira suspira-se por uma vitória nessa corrida há mais tempo. O último a vencer foi Ricardo Mestre, em 2011. A equipa algarvia bem tem tentado encontrar forma de colocar o seu líder no topo do pódio. Esteve perto com Joni Brandão e Frederico Figueiredo mais recentemente. Veloso, desde que Rui Vinhas o bateu em 2016, que tem de viver com uma concorrência interna, onde há sempre alguém pronto a ser líder e a obrigar o espanhol a ficar em segundo plano. 2020 foi a gota de água. Apesar da boa forma, a W52-FC Porto concentrou-se em Amaro Antunes. Veloso adiou a reforma e assinou por uma equipa do Tavira que estará totalmente à sua disposição.

Vinhas, um gregário por excelência, surpreendeu em 2016, é certo. A partir de então Veloso ou não esteve no seu melhor, ou a escolha de líder acabou por ser outra. Com 40 anos, apresentou-se fortíssimo na última Volta a Portugal, sendo mais uma vez segundo, atrás de um companheiro de equipa. Agora com já com 41, celebrados a 29 de Janeiro, prepara-se para a que deverá ser a sua derradeira tentativa. Despedir-se de uma longa carreira em tempo de pandemia, com tão poucas corridas realizadas na época passada e depois de estado tão bem na Volta, não parecia bem. Por isso, adiou a reforma por uma época, mas era necessário mudar de ares.

A Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel espera que as ganas de ganhar e a boa forma que Veloso apresentou em 2020 persistam este ano. Apesar de Frederico Figueiredo demonstrar na primeira época em que não teve concorrência pela liderança que poderia ser uma boa aposta, o ciclista mudou-se para a Efapel, o que ajuda a que não haja questões de quem é o número um na formação algarvia. E é mesmo isso que Veloso quer.

Uma das curiosidades será o reencontro com Alejandro Marque. O primeiro dissabor numa Volta a Portugal foi em 2013. Ambos estavam na OFM-Quinta da Lixa (actual W52-FC Porto), quando Marque venceu a Volta, batendo Veloso, por apenas quatro segundos. Nos dois anos seguintes, Veloso venceria, já sem Marque como colega de equipa.

Marque é mais um veterano no pelotão nacional, completando 40 anos em Outubro. Apesar de manter a ambição de querer lutar por vitórias, de temporada para temporada as suas exibições têm ficado cada vez mais longe do que é necessário para disputar a corrida mais desejada, apesar das boas classificações finais, com top 10 ou top 15.

Volvidos oito anos irá Marque dar uma preciosa ajuda para Veloso vencer a Volta? A necessidade de um bom braço-direito na montanha é crucial para tentar fazer frente à W52-FC Porto. Veloso mais do que ninguém, sabe disso.

Este conhecimento poderá ser muito importante na forma como a Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel enfrentará essa corrida. Afinal, Veloso tem um conhecimento profundo de como a equipa rival se prepara tacticamente. No entanto, o director Vidal Fitas também irá precisar de um Aleksandr Grigorev e de Alvaro Trueba a grande nível. São dois ciclistas que cumprem a bem a missão de gregário e em quem o responsável confia, mas que cedem cedo na montanha.

E aqui entrará Emanuel Duarte. O melhor jovem da Volta em 2019 e vencedor da Volta a Portugal do Futuro nesse mesmo ano, deixa a LA Alumínios-LA Sport para continuar a sua progressão numa das principais estruturas do pelotão nacional. Com Veloso a ser uma solução de curta duração, Duarte terá a possibilidade de evoluir em 2021, sempre com os olhos postos em bons resultados, claro, e mais tarde assumir-se ele próprio com um papel de maior destaque. É uma aposta de futuro.

Assim como Rafael Lourenço (23 anos), ainda que com objectivos diferentes. Estreou-se como profissional no Sporting-Tavira em 2016, mas na temporada seguinte mudou-se para a formação de Oliveira de Azeméis (actual Kelly-Simoldes-UDO), na qual evoluiu as suas qualidades de sprinter. Será um reencontro com César Martingil. Ambos são muito lutadores e podem ser solução para tentar conquistar vitórias ao longo do ano e não apenas a pensar na Volta.

O espanhol Samuel Blanco (26) está de regresso a Portugal - representou a LA Alumínios-Metalusa-BlackJack e a Liberty Seguros, no final da época de 2018, tendo sido companheiro de Lourenço e Martingil -, sendo mais um homem rápido para o plantel do Tavira.

Quatro reforços com ambição, enquanto entre as permanências está um Rúben Simão que vai continuar o seu trabalho de evolução (tem apenas 20 anos) e estão ainda mais dois ciclistas da total confiança de Vidal Fitas. Valter Pereira (30 anos) tem feito a sua carreira no Tavira, tal como David Livramento (37), um dos corredores mais respeitados do pelotão nacional. São ambos gregários, trepadores e que poderão fazer parte de um grupo muito experiente na ajuda a Veloso.

É o tudo por tudo do espanhol para ganhar novamente a Volta antes de colocar um ponto final na carreira, com a histórica formação do Tavira à procura de maior glória, que há tanto tempo lhe escapa. Aposta forte nessa corrida, mas a Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel tem um plantel que poderá conquistar outros triunfos relevantes durante a temporada, principalmente entre os ciclistas mais jovens, ambiciosos e sempre prontos a mostrar o que valem.

Permanências: Alejandro Marque, Aleksandr Grigorev, Alvaro Trueba, César Martingil, David Livramento, Rúben Simão, Valter Pereira.

Reforços: Emanuel Duarte (LA Alumínios-LA Sport), Gustavo Veloso (W52-FC Porto), Rafael Lourenço (Kelly-Simoldes-UDO), Samuel Blanco (Super Froiz).

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