31 de julho de 2020

Rui Costa em acção no arranque do calendário World Tour

© João Fonseca Photographer
Há um misto de ansiedade, mas também de algum nervosismo, este último provocado pela incerteza que a pandemia provoca. É difícil não repetir incessantemente e com alegria que finalmente o ciclismo está de volta. E logo com uma corrida que tanto espectáculo dá, apesar da sua curta história: Strade Bianche. É já este sábado que o estranho calendário World Tour arranca. Lá está. Finalmente! Mas como se viu em Burgos, não se consegue celebrar muito.

A Volta a Burgos como que inaugurou este regresso às corridas devido às muitas equipas do principal escalão que se inscreveram na prova espanhola. Em 2019 haviam sido quatro. Desta feita foram 14! Porém, se por um lado houve bom ciclismo - grande, grande João Almeida e que dupla está a fazer com Remco Evenepoel na Deceuninck-QuickStep -, também desde o primeiro dia que houve sustos.

Não dá para fingir que tudo está bem, nem se pode. Ainda a prova não tinha arrancado e dois ciclistas da Israel Start-Up Nation estavam a ser afastados por terem estado em contacto com alguém que tinha testado positivo pelo novo coronavírus.

No dia seguinte, três ciclistas da UAE Team Emirates foram retirados da prova pela mesma razão. Foi o maior susto, pois os corredores já tinham estado na primeira etapa. Foi um alívio quando os testes dos três colombianos (Andrés Ardila, Juan Sebastián Molano e Cristian Muñoz) deram negativo.

Por mais medidas que sejam implementadas, por mais cuidado que todos tenham, também todos sabem que o risco estará sempre presente e, por isso, David Lappartient é o primeiro a avisar que qualquer corrida está constantemente sob a ameaça de cancelamento. Mesmo a Volta a França.

Em entrevista à Gazzetta dello Sport, o presidente da UCI reiterou que o calendário - que na sua totalidade foi cancelado em cerca de 70% - está dependente da evolução da pandemia, numa altura em que vários países estão a registar um aumento de casos. É exemplo de Espanha, França e Bélgica, onde estão agendadas algumas das corridas mais importantes para o pelotão. Mesmo os Mundiais na Suíça, em Setembro, não se podem dizer que estão 100% garantidos e Lappartient garantiu que não há plano B se não for possível realizá-los.

Às equipas, aos organizadores, aos adeptos resta esperar que tudo possa correr o melhor possível, cientes que vão haver sustos como em Burgos, mas sempre com alguma esperança que não passe disso, um susto.

Mas mesmo com esta pandemia a tornar tudo tão estranho, a sensação de este sábado poder assistir à Strade Bianche só pode ser fantástica! Chamam a esta clássica o sexto monumento, ainda que oficiosamente. Só vai para a sua 14ª edição, mas já está entre as favoritas de muitos ciclistas e, claro, de adeptos que adoram ver os ciclistas passar pelos famosos sectores de sterrato.

E sim, vai-se tentar pensar apenas numa corrida que contará com o português Rui Costa, que está de volta ao mais alto nível, depois de ter ganho a Prova de Reabertura, em Anadia (contra-relógio individual). A UAE Team Emirates leva ainda Diego Ulissi e Tadej Pogacar, por exemplo, para a prova de 184 quilómetros, com princípio e fim em Siena.

Peter Sagan (Bora-Hansgrohe), Philippe Gilbert (Lotto Soudal), Michal Kwiatkowski (Ineos), Tiesj Benoot (Sunweb) e Julian Alaphilippe (Deceuninck-QuickStep) - estes três os últimos vencedores da Strade Bianche - estarão presentes, num pelotão que contará ainda com Mathieu van der Poel (Alpecin-Fenix), Greg van Avermaet (CCC), Oliver Naesen (AG2R) e Vincenzo Nibali (Trek-Segafredo), por exemplo.

Mas o melhor é ver neste link a lista completa, via ProCyclingStats. E há que salientar que também as senhoras vão estar em competição (136 quilómetros) antes dos homens. Veja aqui a lista de inscritas.

Que haja espectáculo, que haja ciclismo e que venham muitas horas a ver o melhor que esta modalidade tem para dar nas próximas semanas. Nada será normal, é certo, mas fica a esperança (é sempre a esperança que nos resta) que este estranho calendário com grandes corridas a coincidir umas com as outras, se possa disputar sem mais cancelamentos e com a segurança sanitária que os tempos exigem.

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