(Fotografia: Twitter Canyon Bicycles) |
Prometeu muito, mas não conseguiu confirmar as expectativas que foram criadas. Estava num excelente momento da sua carreira e os grandes resultados estavam a surgir quando o seu nome foi implicado na Operação Puerto, um dos maiores casos de doping que implicou muitos atletas. Francisco Mancebo viu a sua credibilidade cair em desgraça e apesar de se ter mantido na modalidade, passou inclusivamente por Portugal, o espanhol nunca mais regressou a uma equipa de topo. Mas só aos 40 anos parecia ter colocado um ponto final na carreira, para agora em Abril surpreender ao anunciar que estava de volta - já com 41 -, assinando pela equipa americana do escalão Continental, Canyon Bicycles.
Entre 2009 e 2013 Mancebo esteve também nos EUA, onde sempre gozou de alguma popularidade, visto ter sido um dos principais nomes do pelotão internacional. Em 2004 foi campeão espanhol, num ano em que acabou em terceiro na Volta a Espanha, a 2:13 do vencedor, Roberto Heras. No ano seguinte foi quarto no Tour e na Vuelta, tendo ganho uma etapa na corrida espanhola. Conhecido pelas qualidade de trepador, defendia-se bem no contra-relógio e, por isso, em Espanha olhava-se para Mancebo como mais um dos grandes ciclistas que o país tinha para atacar as grandes voltas.
O envolvimento na Operação Puerto quase acabou com a sua carreira. Mancebo foi um dos nomes a vir a público, numa lista que manchou a modalidade, que na altura tentava limpar a imagem depois do escândalo Festina nos anos 90. Além de Mancebo, mais nomes bem conhecidos foram revelados: Alejandro Valverde foi suspenso, tal como Michele Scarponi. Jan Ullrich, Óscar Sevilla, Ivan Basso, Roberto Heras e Mario Cipollini foram também implicados. Muitos outros ciclistas, como Alberto Contador, David Blanco, Joseba Beloki e Santiago Botero, entre outros, acabaram por ser ilibados em tribunal. No centro da polémica estava o médico Eufemiano Fuentes, que confessou ainda ter ajudado atletas de outras modalidades a recorrer ao doping. No entanto, só os nomes de ciclistas vieram a público.
Paco Mancebo foi dispensado da AG2R, tendo mesmo sido afastado da equipa pouco antes do início da Volta a França em 2006. Nunca foi castigado e foi anunciado que Mancebo tinha decidido terminar a carreira, mas o espanhol regressou no ano seguinte, representando a equipa espanhola Relax-Gam. Mancebo foi sempre somando bons resultados por onde passou. Na Fercase-Rota dos Móveis, equipa portuguesa na qual foi a grande estrela em 2008, Mancebo foi sexto na Volta a Portugal e segundo na Volta à Comunidade de Madrid. Nesse ano teve como colega uma então jovem promessa do ciclismo português, André Cardoso, actualmente na Trek-Segafredo.
Conquistou algumas vitórias nos anos seguintes, mas Paco Mancebo (como é conhecido) foi caindo no esquecimento, apesar de nunca ter parado de competir. Na Skydive Dubai foi colega do português Edgar Pinto.
Este regresso aos Estados Unidos traz algum conforto a Mancebo. Conhece bem a realidade, é admirado e respeitado e mal chegou terminou na 11ª posição do Tour de Gila, sendo o melhor ciclista da sua equipa. Aos 41 anos, Mancebo é mais um caso de longevidade no ciclismo, mas este espanhol deixará sempre aquela dúvida do que poderia ter sido se não tivesse sido apanhado naquele escândalo de doping.
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