8 de abril de 2017

Como se ganha o Paris-Roubaix? Dicas de alguns dos vencedores

(Fotografia: Facebook Paris-Roubaix)
Tácticas são muitas. Estilos também. Ganhar o Paris-Roubaix vai muito além de segredos. Há quem fale em boas doses de sorte, há quem fale no talento inato de enfrentar o pavé, há quem fale na importância das estratégias. E, claro, que sem uma condição física a rondar a perfeição a missão será impossível. No fundo, um pouco de tudo ajuda. Alguns dos vencedores daquela, que é considerada a clássica mais dura do calendário, dizem o que é preciso para conquistar o Inferno do Norte.

Tom Boonen, o belga que soma quatro vitórias (2005, 2008, 2009 e 2012) e que procura uma histórica quinta para a despedida, referiu que não se escolhe o momento para atacar. "Ele chega e tu aproveitas ou não", referiu em declarações à Procycling Magazine. "Estás a ver os rivais, quantos colegas de equipa têm... O momento em que a corrida fica mesmo dura e que tu estás quase morto? Aí sabes que os teus adversários também estão quase mortos", disse. Boonen acrescentou que nem sempre se faz as escolhas certas, mas tenta-se lidar com as circunstâncias que vão aparecendo da melhor forma que se consegue. Salientou ainda a necessidade de se ter de lidar com as emoções.

Stuart O'Grady foi o primeiro australiano a ganhar a clássica, em 2007. Realçou desde logo ser essencial correr com inteligência, mas também falou da imprevisibilidade da prova: "Tens 15 planos diferentes e acabas sempre a fazer algo diferente. É raro um plano resultar a 100%. Ciclistas mais inteligentes adaptam-se melhor." A experiência também é um factor dado como importante por O'Grady, ciclista que se retirou em 2013, tal como o apoio dos companheiros de equipa que ajudam a retirar algum do stress que possa surgir perante um pelotão ansioso e nervoso por sobreviver aos sectores do pavé. Ter um colega numa fuga é também uma boa vantagem, principalmente em Arenberg: "Ali, um companheiro de equipa vale por dez homens."

O outro australiano a também conquistar o Paris-Roubaix foi Mathew Hayman, no ano passado, e o veterano ciclista mostra ser muito calculista. Reconhecer o percurso é para ele essencial, para assim conhecer todos os cantos, todos os locais onde houveram quedas e para saber quando deve gerir melhor o esforço. A colocação tem um papel importante, principalmente se se pensar na necessidade em tentar não desperdiçar energia em recuperações quando se fica para trás. Para Hayman, o facto de no ano passado ter estado na fuga, permitiu-lhe evitar muitos problemas e guardar forças para o tudo por tudo no final.

Em 2015 John Degenkolb levou o famoso troféu de pedregulho para casa e para o alemão é impossível guardar energias. "Tens de correr e precisas de estar atento para estares na posição certa. Não há possibilidade de guardar energias porque quando os ciclistas importantes começam a ir embora, precisas de ir também. Não podes ficar para trás. Se perdes a frente da corrida, então não vais estar no sprint pela vitória", frisou. E Degenkolb falou ainda precisamente do sprint: "É muito difícil. Não estás a sprintar numa bicicleta aerodinâmica. Parece que estás a sprintar num tractor e toda a experiência é diferente. Tens pneus mais grossos, menos pressão e as tuas pernas não estão frescas, nem com força depois de uma corrida tão longa."

A mais ciclistas se pediria dicas e provavelmente teríamos várias diferentes. Afinal, cada um tem as suas capacidades, cada um tem a sua mentalidade, cada um procura a estratégia que melhor se aplica às suas características. E depois não há volta a dar. Aquele factor tão incontrolável tem um peso enorme. Sem um bocadinho de sorte, é difícil conquistar o Inferno do Norte.

O Paris-Roubaix é este domingo e ficará marcado pelo final de carreira de Tom Boonen. O Eurosport transmite todos os 257 quilómetros, a partir das 10:00.


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