20 de junho de 2016

Dream Team colombiano nos Jogos Olímpicos

Uran venceu a medalha de prata há quatro anos e considera que em 2016
a Colômbia tem uma oportunidade histórica para ganhar a de ouro
(Fotografia: Facebook @FansRigobertoUran)

Ainda há uma Volta a França antes dos ciclistas começarem a concentrar-se nos Jogos Olímpicos, mas na Colômbia já se pensa no Rio2016. E perceber-se porquê. É que dificilmente se encontrará uma selecção em que qualquer um dos atletas pode conquistar uma medalha. Com estes cinco ciclistas, a aposta no ouro é o objectivo.

Espanha, Itália, Grã-Bretanha - para referir três das nações que neste momento têm dos melhores ciclistas - apresentarão equipas fortes, mas será difícil dizer que, perante as dificuldades do percurso, qualquer um dos seleccionados poderá ganhar. O normal é alguns serem convocados para trabalharem para um plano A e plano B, eventualmente um C, já que qualquer destes países terá opções para tal. Mas agora vejamos a Colômbia, que tem direito a cinco atletas: Nairo Quintana, Rigoberto Uran, Johan Esteban Chaves, Sergio Henao e Miguel Ángel López.

Começando pelo último, López será o mais desconhecido, mas o jovem colombiano apresentou-se na Volta à Suíça: ganhou-a! Sendo uma competição que atrai ciclistas que preparam o Tour, López escolheu a prova perfeita para mostrar credenciais. Tem apenas 22 anos, mas a Astana já há muito que percebeu que tem um ciclista de futuro para as três semanas. Com a vitória na Suíça, López entrou no radar dos jovens a ter em atenção para a próxima Volta a Espanha e convenceu o seleccionador colombiano, Carlos Mario Jaramillo. Acaba por ser a surpresa nesta convocatória, ficando de fora nomes como Sebastián Henao e John Darwin Atapuma.

Quanto aos restantes quatro, não precisam de grandes apresentações: Quintana (26 anos) já venceu o Giro, tem dois segundos lugares no Tour e foi o melhor trepador em 2013 e poderá chegar aos Jogos Olímpicos como vencedor da Volta a França; Uran (29) tem dois segundos lugares no Giro e conquistou a medalha de prata em Londres nos Jogos Olímpicos de 2012 - foi batido nos últimos metros por Alexandr Vinokourov; Chaves (26) esteve perto de ganhar o Giro este ano, terminando no que foi um brilhante segundo lugar, dando assim sequência à subida de forma que está a demonstrar desde 2015, sendo um candidato na próxima Vuelta; Henao (28) ultrapassou mais uma suspeita de doping quando teve de justificar irregularidades detectadas no seu passaporte biológico, situação que obrigou-o a parar quando estava a realizar um início de temporada sensacional, mas o colombiano está a recuperar a forma.

Estes nomes comprovam como nos últimos anos esta geração colombiana comprovou as expectativas, tornando-se fortíssima, com López a mostrar que a que aí vem também tem muito potencial.

Quem será o líder?

É a grande questão e certamente a preocupação de quem tem de decidir. Dream Teams no ciclismo têm este problema: mais do que um líder tem a tendência a acabar mal. Porém, como dizer a Uran que tem de trabalhar para Quintana, ou a Quintana que tem de abdicar da vitória por um colega? Numa situação destas - que qualquer seleccionador gostaria de estar (!) - a gestão de egos é essencial e mais importante será organizar uma táctica que até poderá abrir portas a todos lutarem pela medalha... ou quase todos. Mas o mais importante resume-se a uma palavra: união. É o que se pede e é já o que Uran salientou ser essencial.

Não será de estranhar que a nível táctico um Henao ou Chaves esteja numa fuga e será certamente de apostar que quando chegar o momento decisivo a Colômbia possa ter mais do que um ciclista numa boa posição. Admitindo ou não publicamente, dificilmente Quintana não será o líder, mas com as características do quinteto, haverá a possibilidade de ataques que poderão obrigar outros líderes - Contador, Nibali, Froome, por exemplo - a não dar espaço, não podendo apenas concentrarem-se em Quintana.

Claro que a Colômbia não será a única selecção com várias apostas e não faltam nomes para animar a prova: Aru, Valverde, Pinot, Bardet (estes dois pela França), Rodríguez... e claro que temos esperança de ter Rui Costa na luta, sendo para já o único português que, em condições normais, tem lugar garantido na equipa olímpica, ainda por anunciar.

Uma coisa é certa, este quinteto colombiano vai impor muito respeito. Os Jogos Olímpicos prometem uma prova de grande espectáculo que estes trepadores querem aproveitar, já que não sabem quando e se na sua carreira voltarão a ter um percurso à sua medida. Por isso mesmo, Rigoberto Uran diz ser uma "oportunidade histórica para a Colômbia ganhar a medalha de ouro".

NOTA: No final da Volta a França, Nairo Quintana anunciou que não iria aos Jogos Olímpicos, sendo substituído por Jarlison Pantano (IAM), de 27 anos, que venceu uma etapa no Tour.

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