8 de maio de 2021

Asgreen recordista. Hayter caiu mas continua de amarelo. João Rodrigues mantém sonho vivo

© João Calado
Enquanto se ia assistindo ao recorde de Remco Evenepoel no percurso de contra-relógio em Lagoa a ser batido não por um, nem por dois, mas por três ciclistas, a luta pela geral parecia que iria ser apenas uma questão de perceber quantos segundos ficariam a separar os primeiros e se alguém entraria ou sairia da luta pela amarela. Mas, uma queda de Ethan Hayter assustou a Ineos Grenadiers, enquanto na W52-FC Porto poderia estar em aberto a possibilidade de João Rodrigues ficar com a camisola amarela antes da etapa decisiva do Malhão. Por um lado percebeu-se que o algarvio está bem ciente que está perante uma oportunidade que pode ser única, por outro conheceu-se um pouco mais do carácter de Hayter.

O britânico estava a realizar um bom contra-relógio e pedalava para uma possível diferença que lhe desse mais tranquilidade no Malhão, este domingo. Recorde-se que este sábado, antes do contra-relógio, três ciclistas estavam empatados em tempo (Hayter, Rodrigues e Jonathan Lastra, da Caja Rural). Porém, numa curva, perdeu o controlo da bicicleta e caiu. Teve de trocar de "máquina", mas lá seguiu caminho, com tempo precioso perdido e um corpo mal-tratado.

João Rodrigues dava o tudo por tudo para minimizar possíveis perdas, ou então conseguir mesmo superiorizar-se Hayter. Com a queda do britânico, a segunda hipótese ficou ainda mais perto de se tornar realidade. Mas foi aqui que se assistiu como este jovem ciclista tem perfil de vencedor. Não foram quilómetros fáceis, mas superou dores e certamente a frustração de ter caído para cortar a meta com um tempo melhor que Rodrigues.

A amarela continua com Hayter, mas como estará o ciclista este domingo? Depois de Richie Porte, Geraint Thomas e Michal Kwiatkowski, a Ineos Grenadiers procura vencer a Algarvia com um ciclista em que aposta para o futuro. Rodrigues vive um momento que, tendo em conta o pelotão que normalmente está na corrida quando esta se realiza em Fevereiro, poderá não estar tão cedo numa situação tão privilegiada como esta. E Kasper Asgreen quer contribuir ainda mais para o domínio da Deceuninck-QuickStep.

© João Calado
O dinamarquês venceu o contra-relógio, mas teve de se aplicar bastante. Era o seu objectivo, mas quando partiu, já sabia que Benjamin Thomas tinha batido o recorde do percurso que Remco Evenepoel estabeleceu em 2020 (24:07 minutos). O francês da Groupama-FDJ fez 24:01.

Depois uma surpresa, mas só para quem não conhece Rafael Reis. É um especialista do contra-relógio e apareceu em grande forma. Este ano mudou-se para a Efapel e no Algarve deixou Thomas sem a possibilidade de vitória. Completou os 20,3 quilómetros em 23:55. Estava mais perto um triunfo português, algo que não acontece desde que Amaro Antunes venceu no Malhão, em 2017.

Kasper Agreen estragou a festa. O dinamarquês fez 23:52 minutos e reentrou na luta pela geral, sendo agora terceiro a 21 segundos, recuperando mais de um minuto para Hayter. Rodrigues ficou a 12, enquanto Lastra ficou mais longe, a 42.

Este triunfo significa que são três vitórias em quatro etapas da Deceuninck-QuickStep, que ainda tem Sam Bennett com a camisola verde virtualmente garantida (só precisa de terminar este domingo), depois da pontuação máxima que somou com os sprints que ganhou em Portimão e Tavira. Falta agora ver se Asgreen não vai tentar a amarela e suceder ao colega de equipa, Evenepoel.

Thibault Guernalec (Arkéa Samsic) - um ciclista que já participou na Volta a Portugal - também de um salto na classificação, sendo agora quatro, a 22 segundos de Hayter.

Classificações completas, via ProCyclingStats.

5ª etapa: Albufeira-Malhão (170,1 quilómetros)


Com a geral em aberto, o pelotão irá este domingo enfrentar a subida do Malhão, que só será feita uma vez. Etapa curta (170,1 quilómetros), com início em Albufeira, e que terá muito sobe e desce. Só na fase final do dia, os ciclistas terão uma sucessão de subidas exigentes, antes da escalada do Malhão (2,6 quilómetros com inclinação média de 9,2%). As restantes subidas estão colocadas em Vermelhos (3,2 km a 5,9%, a 43,1 km da chegada), Ameixeiras (1 km a 14%, a 32,2 km da meta) e Alte (2,1 km a 5%, a 14 km do final). Antes desta sequência, ainda haverá duas subidas de terceira categoria. Para aquecer!

A única certeza para o final desta 47ª edição da Volta ao Algarve é que quem a conquistar fá-lo-á pela primeira vez. E como curiosidade, se João Rodrigues o conseguir, será o primeiro português desde João Cabreira, que ganhou em 2006.

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