© João Fonseca Photographer |
Já se percebeu que colocar a Volta a Portugal na estrada este ano está a ser uma missão digna de uma série com episódios que nos deixam em suspenso. Esta quarta-feira tivemos logo dois. Ao final da manhã, a Podium confirmou que a Volta estava adiada para 2021. A meio da tarde a Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC) confirmou que a Volta está marcada entre 27 de Setembro e 5 de Outubro. Um pouco confuso, mas prevalece a última versão. E parece que será uma "edição especial"!
Tem sido uma retoma muito complicada para as equipas portuguesas, demasiado dependentes de uma Volta a Portugal para dar retorno aos patrocinadores. Apesar da Direcção-Geral da Saúde (DGS) ter aceite a proposta da condições de segurança sanitária para a realização de corridas de ciclismo, a recusa de alguns municípios em receber a Volta este ano - casos de Viana do Castelo e Viseu, por exemplo - levou a um adiamento, sem datas marcadas.
Porém, a FPC acabaria por tomar as rédeas da organização, agendando novas datas e o presidente, Delmino Pereira, até se reuniu com Marcelo Rebelo de Sousa para tentar sensibilizar o Chefe de Estado para a importância da realização da Volta a Portugal. Não se focou apenas de como é essencial para o ciclismo nacional, mas também na relevância que tem "para a vivência sócio-cultural dos portugueses e para a dinamização da economia, ao longo dos diferentes territórios locais unidos pela caravana da corrida".
Uma nota: os direitos de organização da Volta a Portugal pertencem à FPC e estão cedidos à Podium até 2025, depois de terem sido renovados a partir de 2018.
Chegamos então ao dia de hoje.
"A Podium Events e a Federação Portuguesa de Ciclismo decidiram proceder ao adiamento da 82ª Volta a Portugal em Bicicleta Santander para 2021. A decisão foi motivada pelo contexto de pandemia gerado pela COVID-19 que tornou inviável a realização este ano de um evento desta dimensão", lê-se no comunicado.
A Podium lamenta a decisão, referindo como "a decisão poderá colocar a modalidade numa situação dramática". Recorda ainda a "recusa de autorização de passagem e permanência da prova por parte de algumas autarquias" e a "prioridade inequívoca de proteger a saúde pública com base nas recomendações da DGS".
A Podium lamenta a decisão, referindo como "a decisão poderá colocar a modalidade numa situação dramática". Recorda ainda a "recusa de autorização de passagem e permanência da prova por parte de algumas autarquias" e a "prioridade inequívoca de proteger a saúde pública com base nas recomendações da DGS".
Com os Nacionais à porta - arrancam na próxima sexta-feira e terminam no domingo - esta era a notícia que as equipas portuguesas menos precisavam de ter, tendo em conta que vão vivendo na esperança de ainda haver Volta.
Porém, perante a conhecida vontade da FPC de que a Volta a Portugal se realize, a Podium escreve que, no "estrito interesse do ciclismo enquanto modalidade desportiva", foi formalizado "um acordo que permite ao órgão federativo desenvolver esforços para organizar uma prova que possa colmatar os efeitos da suspensão da Volta a Portugal Santander." Apelida de "Edição Especial".
A reacção da FPC não durou muito.
"A edição tradicional da Volta, enquanto grande festa popular de Agosto, com 12 dias de duração, não se realizou, devido à pandemia. A Federação Portuguesa de Ciclismo entendeu, no entanto, que a Volta a Portugal é essencial para o futuro do ciclismo profissional no país, tendo decidido organizar uma edição adaptada às circunstâncias especiais em que vivemos", escreveu no comunicado.
São de imediato confirmadas as datas já reveladas e a FPC explica novamente o formato, um pouco diferente (mais curta), da Volta que está a ser preparada: um prólogo e oito etapas. Reitera ainda como o impacto mediático é importante para dinamizar a economia e, claro, divulgar o território português.
E a frase que se destaca é: "Depois de a iniciativa da Federação Portuguesa de Ciclismo ter obtido um excelente acolhimento das câmaras municipais contactadas para integrarem o itinerário, decorrem com normalidade os trabalhos para a organização da prova." Mais pormenores sobre as etapas serão divulgados "oportunamente".
O organismo não se refere a "edição especial". No entanto, talvez chamar a edição de 2020 especial nem seja tão descabido. Afinal, depois de tanta incerteza, de tanta angústia de responsáveis e ciclistas das equipas nacionais, se esta Volta a Portugal for mesmo para a estrada, irá certamente ser uma sensação bem especial!
Infelizmente não se pode dizer que a Volta a Portugal (edição especial ou... normal) seja uma certeza absoluta, pois apesar da FPC dizer que o trabalho decorre com normalidade, tudo estará sempre dependente da evolução da pandemia.
Ainda esta quarta-feira, a UCI anunciou que não haverá Mundiais em Aigle-Martigny, marcados para 20 a 27 de Setembro. Apesar da organização ter confirmado há umas semanas que iriam realizar-se, ainda que sem certezas absolutas, com as autoridades suíças a apertarem novamente as medidas no país devido à subida de casos de covid-19, a UCI procura agora uma solução. E deseja que passe de preferência por um país europeu.
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