Joaquim Rodríguez na apresentação da Bahrain-Merida, na Croácia
(Fotografia: Facebook Bahrain-Merida)
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Joaquim Rodríguez admitiu que ficou um sabor amargo pela forma como se despediu do ciclismo. Queria que os Jogos Olímpicos fossem a sua última competição (foi quinto), mas a Katusha obrigou-o a competir em três corridas em Itália, incluindo no Giro di Lombardia, prova que venceu duas vezes. No entanto, "Purito" não terminou nenhuma e para o espanhol essa não é a forma ideal para acabar uma carreira como a dele. Entretanto, e depois de desmentir o seu agente, lá assinou pela Bahrain-Merida. Inicialmente o que foi noticiado era que Rodríguez iria competir em 2017, mas teria liberdade para escolher as corridas. Depois o contrato prolongar-se-ia por mais dois anos, mas então com "Purito" com um papel na equipa técnica. Agora há uma segunda versão. Rodríguez poderá não voltar à competição e ser o "rosto" da equipa, ou seja, num função mais de marketing. O espanhol diz que em Dezembro decide.
Curiosamente, em Dezembro já estará tudo definido quando a licenças World Tour, ainda que neste momento os pontos dos ciclistas já poderão não ter a importância de há alguns dias, pois a UCI terá chegado a acordo com a ASO e voltou atrás na decisão de cortar uma equipa no principal escalão. As 18 que se candidataram deverão receber a licença, se cumprirem os requisitos. Ou seja, em causa já não estarão os pontos dos ciclistas que poderiam deixar alguém - provavelmente a Dimension Data - de fora. E Rodríguez levou para a Bahrain-Merida 211.
Porém, para quem está preocupado por não ter terminado a carreira como queria e de uma forma mais "gloriosa", então Rodríguez deveria ponderar melhor toda esta sua atitude. Ponto um: se voltar a competir, mesmo que seja apenas em algumas corridas, será um desrespeito para a sua antiga equipa. Depois dos Jogos do Rio de Janeiro, "Purito" entrou em modo reforma, só voltando à força porque a Katusha achou, e bem, que se o ciclista continuava a receber (o contrato só acaba a 31 de Dezembro) então tinha que representar a formação até ao final da temporada. Isto, claro, numa altura em que já se falava que poderia afinal não abandonar e rumar ao conjunto do Médio Oriente.
Ponto dois: se não voltar a competir e ficar apenas como o "rosto" da Bahrain-Merida, fica a questão de como se pode ser o "rosto" de uma equipa nova, com a qual não teve nunca qualquer tipo de ligação... porque é nova. Então o "rosto" da Bahrain-Merida não é Vincenzo Nibali? O vencedor das três grandes voltas? O "rosto" é um ex-ciclista (partindo de princípio que não volta a correr) que representa a equipa por que razão? Se fosse o "rosto" da Katusha ainda se perceberia, afinal foram sete anos na formação russa.
Este tipo de papel é muito utilizado em equipas de futebol ou de basquetebol, por exemplo. No ciclismo é mais natural ver antigas glórias assumirem estas funções em determinadas competições.
Se ficou um sabor amargo por não ter terminado a carreira nos Jogos Olímpicos como queria, como se sentirá Rodríguez quando for recordado que no final da carreira foi para uma equipa para ter uma função que nem se sabe qual é?
Aos 37 anos, o ciclista diz que a equipa não o está a pressionar e que não sabe o que fazer, garantindo também que a mudança não se tratou de questões de financeiras. Para já, participou na apresentação aos meios de comunicação social - que decorreu na Croácia - daquela que deverá ser a primeira equipa do Médio Oriente no World Tour. "O que está claro é que se quiseres despedir-te bem, tens de estar a 100%", afirmou o espanhol à Maillot Mag.
Porém, depois do "abandono, mas afinal não abandono", do "vou competir, mas afinal posso não competir", infelizmente já não haverá uma boa despedida para Joaquim Rodríguez. Mesmo que esteja a 100%.
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