12 de outubro de 2016

2016, o regresso dos reis do contra-relógio

Martin foi brilhante no contra-relógio de elite (Fotografia: Facebook UCI Doha 2016)
Primeiro foi Fabian Cancellara que nos Jogos Olímpicos conquistou a medalha de ouro e garantiu assim uma despedida em grande de um dos melhores contra-relogistas da história. Agora foi Tony Martin que recuperou um estatuto que parecia irremediavelmente perdido, depois de anos a dominar os contra-relógios. O alemão não se limitou a conquistar o seu quarto título mundial, Martin foi avassalador, foi aquele ciclista fantástico que quando está em forma dificilmente é batido... nem pelo calor do Qatar.

2016 assistiu ao regresso em grande de dois excelentes contra-relogistas, ainda que no caso de Cancellara seja também o adeus, enquanto Martin prepara-se para um novo desafio na Katusha, depois de cinco anos na estrutura da Etixx-QuickStep. Com este título o alemão igualou precisamente o suíço no número de camisolas do arco-íris nesta especialidade do ciclismo. Nos últimos dois anos Martin tem estado longe da sua era de domínio, que lhe valeu três ouros consecutivos nos Mundiais entre 2011 e 2013. E principalmente 2016 estava a ser muito desanimador. Sempre útil aos líderes da equipa, é certo, mas não se viu aquele Martin que tentava ataques de longe e que nos contra-relógios estava sempre na luta pelos lugares de topo. Um problema no joelho também não ajudou.

Por tudo isto não é de surpreender que Tony Martin se tenha emocionado ao ser campeão no calor de Doha. "É espectacular! Não consigo acreditar. Todos sabem que não tive um bom ano até este domingo [quando venceu o seu terceiro contra-relógio por equipas], portanto, tornar-me campeão do mundo é incrível. Faz com que esqueça tudo o que aconteceu este ano", admitiu Tony Martin.

Aos 31 anos, o alemão soma 60 vitórias como profissional, 44 das quais em contra-relógios e com a camisola do arco-íris novamente no seu corpo, Martin mostrou um discurso de quem poderá ter recuperado alguma da confiança perdida. "Estou ansioso por competir com esta camisola no próximo ano."

Mas vamos então aos tempos. Tony Martin completou os 40 quilómetros do contra-relógio em 44:42 minutos, deixando a 45 segundos Vasil Kiryienka. O campeão de 2015 reapareceu ao seu melhor no contra-relógio depois de um ano muito discreto com a camisola do arco-íris. Sem ter ter de trabalhar para alguém, o bielorrusso fica livre para demonstrar toda a sua qualidade como contra-relogista e o segundo lugar neste Mundiais comprovam que o título de há um ano não foi conquistado por acaso.

No terceiro lugar ficou Jonathan Castroviejo, o campeão europeu. Um excelente resultado para um ciclista que, tal como muitos - excepto Tony Martin -, realçava como o percurso plano não o favorecia. Ainda assim, o espanhol ficou a 1:10 minutos. Castroviejo considerou o bronze "um pequeno prémio" para a sua prestação, mas Espanha certamente que o vê como um grande prémio, pois há 11 anos que não conquistava uma medalha no contra-relógio, desde a prata de Iván Gutiérrez.

As desilusões e a exibição expectável de Nelson Oliveira

A encabeçar a lista de desilusões está aquele que encabeçava a lista de favoritos: Rohan Dennis. O australiano esteve muito aquém daquilo que pode fazer, terminando no sexto lugar, a 1:27 do vencedor. Segue-se Tom Dumoulin. É certo que o percurso plano prejudicava em muito o holandês, ainda assim ficar fora do top dez (11º) a 2:01 minutos de Martin, foi mau de mais. O britânico Alex Dowsett confirmou que 2016 não é o seu ano ao ficar em 12º a 2:11. Taylor Phinney prometeu, mas não cumpriu. O americano esteve longe do seu potencial: 15º a 2:21.

Quanto a Nelson Oliveira, o ciclista português terminou com o 20º tempo, a 2:35 minutos de Tony Martin. A prestação acaba por ficar dentro das expectativas, já que Oliveira sabia que seria difícil perante o percurso plano repetir os resultados que teve este ano, como o terceiro lugar no contra-relógio da Volta a França, o sétimo nos Jogos Olímpicos e o quarto nos Europeus. Porém, os percursos eram todos mais ao seu jeito. Apesar de saber que seria difícil alcançar um top dez, no Instagram, Nelson Oliveira desabafou dizendo que não era o seu dia.



Os contra-relógios terminaram e esta quinta-feira começam as provas em linha. Os sub-23 vão para estrada 12:00 locais (menos duas em Portugal Continental), com César Martingil, Ivo Oliveira e Nuno Bico a representarem a selecção nacional, nos 166 quilómetros da corrida. As previsões apontam para 36 graus de máxima e a grande dúvida é se a UCI irá encurtar a prova, caso considere as condições perigosas para os ciclistas.

Veja aqui os resultados completos do contra-relógio de elite masculina.

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