5 de outubro de 2016

Calor extremo pode tornar corrida do Mundial num "sprint" de 106 quilómetros

Atrasaram as datas dos Mundiais praticamente um mês para que se evitasse um calor extremo em Doha. Quando se fala em organizar provas em cidades construídas em plenos desertos, com cerca de 150 quilómetros da corrida de elite masculina a ser feita precisamente pelo deserto, já era algo que era expectável: o tiro podia sair mesmo pela culatra e os Mundiais de 2016 podem entrar para a história como os mais curtos. Sendo um percurso para sprinters, é caso para dizer que realmente será um sprint da partida à meta se as piores expectativas se confirmarem.

Os campeonatos arrancam no próximo domingo com o contra-relógio de equipas e as temperaturas ameaçam estragar a maior parte das competições. O mais "fresco" de temperatura máxima que se prevê para os próximos dias é de 35 graus. A UCI percebeu que está perante um problema que se poderá tornar grave perante a exposição mediática que os Mundiais têm. A escolha do Qatar como sede das competições este ano, teve sempre uma forte componente monetária, tendo em conta a influência que nos últimos tem aumentado com a Volta ao Qatar e a Abu Dhabi. Ambas serão World Tour em 2017.

Os petrodólares poderão causar um problema à UCI que admitiu que poderá encurtar as corridas caso se verifique que as temperaturas estejam demasiado altas, tornando-se perigosas para a saúde dos ciclistas. Tomando como exemplo a corrida de elite masculina, os 257,5 quilómetros poderão ser encurtados para 106, ou seja, toda a passagem pelo deserto será cortada. Mas semelhantes reduções podem acontecer nas outras corridas em todas as categorias, fazendo-se a UCI valer do protocolo de calor extremo em vigor. E para tornar a situação ainda mais grave, o vento poderá mesmo tornar-se um problema podendo atingir os 30 quilómetros/hora.

A organização tenta salvar estes Mundiais, pois também seria um embaraço para o Qatar se a maior prova de ciclismo a realizar-se no país terminasse por ser um fiasco a nível de distância. Vão ser distribuídas 10 mil garrafas de água pelas selecções, assim como gelo antes das corridas, enquanto durante a corridas estarão constantemente motos a percorrer o pelotão para fornecer abastecimento, o que claro coloca a questão da segurança, a outra polémica que tanto tem marcado os últimos dois anos... Mas aqui o problema é, para já, a previsão de calor que poderá transformar estes Mundiais inesquecíveis pelas piores razões e não haverá garrafas de algo que salvem isso. Uma corrida de 106 quilómetros para a elite? No mínimo, será ridículo. Mas os petrodólares foram colocados em primeiro lugar e só depois a segurança dos ciclistas. Agora a UCI está obrigada a lidar com uma dura realidade, pois terá mesmo de colocar a segurança dos atletas primeiro, em detrimento do prestígio da competição.

2 comentários:

  1. Boa tarde. No site da UCI está escrito que será possível acompanhar as provas no canal do YouTube do organismo, no seguinte link: https://www.youtube.com/user/ucichannel

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  2. Faço aqui uma correcção. O link está bloqueado para Portugal pois a RTP2 está a transmitir em directo as competições e já se pode assistir neste momento ao contra-relógio por equipas feminino

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