20 de outubro de 2020

Não era bluff de Chris Froome

© Team Ineos Grenadiers
Foi um início de Volta a Espanha a todo o gás. A corrida começou logo com montanha e principalmente arrancou com vários ciclistas com muita vontade de fazer diferenças logo no primeiro dia. Primoz Roglic venceu e já está de vermelho, camisola que conhece bem, pois vestiu-a em 2019 na chegada a Madrid. Bom sinal para o vencedor da edição passada, ao contrário daquele que conquistou a corrida em 2017 e também em 2011. Chris Froome não aguentou o elevado ritmo.

O britânico já dito tinha na conferência de imprensa antes da corrida que Richard Carapaz era o líder da Ineos Grenadiers. Sendo Froome, talvez se quisesse acreditar que pudesse ser bluff. Mas não. O ciclista continua longe, muito longe do seu melhor. Ficou para trás na penúltima subida, quando era precisamente a Ineos Grenadiers que estava na frente do grupo a trabalhar. Mais significativo foi ver Froome ficar sozinho. Ninguém esperou por ele. Carapaz é mesmo a aposta para a geral.

Mais do que uma desilusão, afinal não se pode dizer que seja uma surpresa ver Froome assim, a prestação do britânico provoca alguma tristeza. É um campeão. Venceu as três grandes voltas, sete ao todo. Foi um grande líder da então Sky, que se unia em seu redor. Agora é deixado para trás.

Aquela queda no Critérium du Dauphiné, há mais de um ano, faz aumentar as dúvidas se Froome alguma vez conseguirá ser novamente competitivo. A Ineos Grenadiers já está seguir em frente. Froome é o passado. A Israel Start-Up Nation, próxima equipa do ciclista de 35 anos, é que poderá estar a ficar um pouco preocupada com o investimento que se prepara para fazer.

Froome tenta passar a imagem que está tudo bem. Que o importante é Carapaz ter começado bem a Vuelta. Tenta justificar a sua dificuldade com uma queda que provocou alguns cortes, mas não foi só isso. Pode dizer o que quiser, mas as suas prestações serão sempre um foco de preocupação se continuarem a ser como a desta terça-feira, que foi igual ao que já se tinha visto antes do Tour.

"Pessoalmente fui um pouco apanhado na penúltima subida. Comecei muito atrás e fiquei preso na queda. Estou muito feliz por estar aqui a competir numa grande volta, dois anos depois. Vou abordar a corrida um dia de cada vez e tentar fazer o máximo possível durante a prova", disse o britânico. E acrescentou: "As sensações foram boas. Penso que ainda me falta um pouco daquele pico de forma por não ter competido muito. Mas hoje foi melhor e espero continuar a melhorar durante a corrida."

Perder mais de 11 minutos no primeiro dia é difícil ser visto como algo positivo... Tem de facto muito a melhorar e terá de o fazer sozinho. Carapaz está a cinco segundos de Roglic e já no Tour demonstrou que merece ter a equipa a apoiá-lo.

Depois de falhar no Tour, de estar a "limpar" etapas no Giro, a Ineos Grenadiers vai tentar não sair de 2020 sem um bom resultado na geral de uma grande volta.

© Unipublic/Charly López/La Vuelta
Etapa complicada

Já não bastava o sobe e desce do País Basco, a região recebeu o pelotão com mau tempo e estradas molhadas, muito perigosas (houve uma quantas quedas e três ciclistas já abandonaram). Não houve descanso nos 173 quilómetros entre Irún e Arrate.

A última das subidas, de primeira categoria, acabou por definir desde cedo aqueles que poderão ser os principais candidatos. Roglic (Jumbo-Visma) e Carapaz são, para já, os cabeça-de-cartaz, mas atenção a Enric Mas. O ciclista da Movistar apareceu muito bem.

Rui Costa também se mostrou, mas acabou por quebrar na derradeira ascensão. Porém, o objectivo do português é de conquistar etapas. Deixou boas indicações. Os companheiros da UAE Team Emirates, Ivo e Rui Oliveira, assim como Nelson Oliveira da Movistar, fizeram o trabalho que lhes era exigido. Ricardo Vilela (Burgos-BH) será um ciclista que ainda se poderá ver na luta por uma etapa nos próximos dias.

Classificações completas, via ProCyclingStats.

2ª etapa (21 de Outubro): Pamplona - Lekunberri, 151,6 quilómetros

Mais uma etapa de média montanha, mas desta feita a parte final é a descer. A ver vamos se o pelotão vai manter o ritmo alucinante do primeiro dia. É certo que esta Vuelta "só" tem 18 etapas em vez das 21 e que com a evolução da pandemia a não ser nada favorável, o dia de amanhã é sempre incerto. Ainda assim, foi um arranque muito acelerado - média de quase 40 quilómetros/hora - que pode repetir-se esta quarta-feira.

»»Uma Vuelta de despedida para Froome e com muitos portugueses««

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